Na
edição desse mês a seção Fotogramas inicia uma série com o
trabalho do fotojornalista Eduardo Matysiak. Nos últimos anos este
olhar é responsável por registrar acontecimentos históricos que
culminaram em diversas manifestações no Brasil. A fotógrafa
americana Dorothea Lange, que documentou o evento da Grande Depressão
nos Estados Unidos, afirmava: A
câmara é um instrumento que ensina a gente a ver sem câmara.
A fotografia de Eduardo atesta isso. Seus registros revelam um olhar
sobre a resistência.
Manifestação Contra os Cortes na Educação/Boca Maldita/Curitiba
Curadoria
por Taciana Oliveira_
Ensaio
fotográfico conduzido por Bruna Sombra para o lançamento do livro
Zonas Abissais de Lisiane Forte, Editora Aliás.
Fotografia : Bruna Sombra
Por
Leo Silva _
por Luana Braga__
O
sexo me rasgou foi no por-entre:
mordidas
indecentes;
gozos
emolientes;
línguas…
e pequenas maldades
--
tu me quis tua enquanto eu lia pra ti:
comia
a minha poesia.
Medo.
Pedi
pra deixar a porta aberta:
caso
precisasse sair dali.
Duro.
Tentou
me segurar no banheiro.
Cárcere.
Empunhei
minha bandeira. Não me toque.
Tenho
em mim o número da lei: de cabeça.
Exaspero.
Bateu
a porta, bateu no peito. E gritou.
E
me perguntou o que fui fazer ali.
Teve
ânsia:
por
ser agora, por ser dessa vez;
teve
sofreguidão:
pra
ser já, pra ser logo, mas devagar.
Mas
amor:
não
teve.
Teve
o amor:
que
nunca foi nosso.
Teve
o nosso:
que
nunca foi amor.
Todos Negros: Prêmio Esso 1993
por
Cristina Huggins___
De
tanto olhar as grades, seu olhar
esmoreceu
e nada mais aferra.
Como
se houvesse só grades na Terra:
grades,
apenas grades para olhar.
Rilke,
A pantera
Os
versos do poeta expõem o triste fim de uma pantera, cerceada de seu
ambiente natural. Para o felino, a liberdade é pretérita; seu
presente, a jaula de um zoológico. Contrastes entre uma cidade do
passado, mais generosa e hospitaleira, refúgio e conforto de seus
habitantes, e outra, atual, inóspita e tirana com os cidadãos,
permeiam a memória dos mortais que residem na urbe registrada por
Taciana Oliveira.
Quantos
gritos cabem no silêncio dessa cidade? O média-metragem da
diretora é também uma pergunta que rouba o sossego.No
filme, a cidade é melancólica, assombrada pelo descaso e pela
incerteza. Suas personagens, “panteras-bípedes”, aprisionadas
nessa urbe nada gentil, deambulam pelas ruas, atormentadas em meio à
nostalgia e à angústia. Uma delas vagueiaaté esbarrar na
mesma porta. Confere a residência, velha conhecida, e tomba o corpo
fatigado na mesma cama. É noite. É dia. É noite. É dia. É noite.
É dia... Desperta, sufocada por um cotidiano linear.
“Uma
cidade é um corpo de pedra com um rosto”, escreveu Machado de
Assis. Taciana mostra o rosto de sua cidade. Ousada, evita
obviedades. Escolhe uma vereda tortuosa para dialogar com o
espectador. Dispensa a narrativa esperada, conduzida pela palavra, e
constrói uma crônica imagética que flerta com a música. Na tela,
passeiam tipos insones, alucinados, atordoados, perdidos; mas
igualmente solidários, generosos, puros e, às vezes, confiantes.
Ela incorpora cada um deles como alter egos e convoca a
sociedade à reflexão.
O
destemor e a singularidade da cineasta chamam a atenção. É preciso
valentia para fazer perguntas lancinantes e cortar o próprio
músculo. Ela tem essa coragem. Não receia sangrar. Como Saramago,
brada aos sete ventos: “Se tens um coração de ferro, bom
proveito. O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia”. Seu
trabalho é faca amolada. Fere, mas também emancipa. As cores
incidentais, a generosidade de pessoas de uma comunidade humilde e a
inocência de uma criança-anjo — punctum de uma cena hostil
—, entremeadas no cenário sombrio do filme, acenam para respostas
e uma esperança de cidade harmônica possível.
Neste
e-book,estão reunidos frames e fotografias da
diretora, textos de convidados, e de escritores selecionados por ela
para integrar a edição. Apreciar esse material é empreender uma
jornada pela visão de Taciana sobre viver e conviver nas metrópoles
de hoje. O e-book e o média-metragem fazem parte dos trabalhos
levados ao público pela Galeria do Meio-dia, projeto da Garagem 94,
em 2018.
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Cristina
Huggins é especialista em Linguística aplicada(UFPE). Tem
formação em Estudos Hispânicos (Salamanca, Espanha). Sua
experiência inclui ensino, pesquisa, produção de textos e
tradução.
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Abaixo você pode assistir o trailer do filme e visualizar o catálogo da exposição.
por Taciana Oliveira_____
por Taciana Oliveira__
O que a gente mais precisa é aprender a se levantar desse lamaçal que invadiu casas, ruas, escolas e instituições. Ele tomou conta de templos, batizou o judiciário, abençoou o legislativo, executivo, excluiu o juramento de ética da grande imprensa. Essa lama toda faz pouco caso dos direitos humanos, aplaude políticas excludentes, favorece uma hipocrisia cínica que elege imbecis. E são essas mesmas pessoas que querem definir a sua vida, o seu direito de ser. Desmerecem a história, sua condição sanitária, a garantia de segurança, sua identidade sexual. Eles vandalizam ecossistemas, apoiados em uma moral cristã que Cristo rejeitaria. É urgente tirar essa sujeira de cada cômodo, avenida, hospital e aldeias... A nossa apatia também responde por esses corpos enterrados na lama.
------- Taciana Oliveira é cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.
Fotografias de Bárbara Ellen
Fotografia: Bárbara Ellen
Fotografia: Bárbara Ellen
Fotografia: Bárbara Ellen
Fotografia: Bárbara Ellen
por Taciana Oliveira__
No fundo a Fotografia é subversiva, não quando aterroriza, perturba