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por Taciana Oliveira__




Por Divulgação | Mirada





por Taciana Oliveira__



por Taciana Oliveira__



Texas é um clipe, em formato curta-metragem, da banda pernambucana Diablo Angel. O filme reverbera uma delicada e visceral narrativa sintonizada com os tempos sombrios que regem o nosso país. As imagens em preto e branco e os planos extremamente bem elaborados são costurados harmonicamente a uma edição precisa e pontual. A direção, fotografia, roteiro e montagem são do pernambucano Felipe Soares, que concebeu uma obra onde a linguagem documental dialoga com elementos sci-fi.
O discurso narrativo critica abertamente a lavagem cerebral perpetuada pela ideologia armamentista da extrema direita brasileira. Na abertura temos o depoimento de Joelma Andrade, mãe de Mario Andrade, um menino de 14 anos, assassinado a tiros em 2016 por um policial militar, no bairro do Ibura, periferia do Recife. Em Texas a mensagem é explícita:
Um tiro, uma farpa
De onde veio a bala?
Foto amigo? Ou inimigo?
Uma conspiração
Um copo d’água
E onde isso nos leva?
Ao que nos resta
O que nos resta?

Trecho de Texas, música de Diablo Angel

Texas,  está no Prisma Rome Independent Film Awards 2020, Itália

O cenário escolhido para a produção do videoclipe revela a paisagem urbana da capital pernambucana e o semiárido de Surubim. Em tempos de intolerância e políticas genocidas, Diablo Angel nos chama para a consciência. Afinal, a arte nos fortalece no caos. Mario, vive! Resistir ainda é a nossa melhor opção. Assistam o vídeo, escutem a música e reflitam sobre o nosso cotidiano segregador, fincado nos alicerces da banalidade do mal. Texas nos representa.





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Felipe Soares (1984) é produtor, roteirista e diretor cinematográfico. Vive e trabalha no Recife, Brasil. Em 2008, se tornou professor e especialista em educação escolar, seus estudos acadêmicos problematizam o cinema e a cultura corporal. Em 2016 dirigiu o seu primeiro curta-metragem “Autofagia”, onde conquistou 11 prêmios, dentre eles, Melhor Filme no XII Cine PE e no Circuito Penedo de Cinema 2017, posteriormente, o filme foi adquirido pelo Canal Brasil. Recentemente, Felipe está em fase de distribuição do seu segundo curta-metragem de ficção "O Menino que Morava no Som", o curta estreou na Itália (Edera Film Festival 2019) e esteve presente em festivais na Espanha, México, Áustria, Brasil e França.

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Foto: David Nat 01
Diablo Angel tem Kira Aderne, vocal e guitarra, Tárcio Luna, guitarra, e Walman Filho, bateria. Em 2020, a banda completa 6 anos de estrada com dois discos lançados e uma turnê pelo Nordeste. Em 2016, lançou o seu primeiro trabalho em estúdio, o disco Fuzzled Mind (Tratore). Já 2019, a Diablo Angel trouxe em fita k7 o disco Futuro (Tratore). Dois trabalhos bastante elogiados pela crítica local e em sites especializados pelo Brasil. Com dezenas de apresentações ao vivo pelo Nordeste, o trio já passou por alguns dos festivais mais importantes da região, entre eles o Abril Pro Rock, o Coquetel Molotov, o Festival de Inverno de Garanhuns, o Grito Rock, entre outros.  
contato@diabloangel.com          @diabloangeloficial           www.diabloangel.com
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Taciana Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.  


Por Leo Silva__



Por Taciana Oliveira__

Leni Riefenstal


por Taciana Oliveira___


por Taciana Oliveira__

por Taciana Oliveira __


por João Gomes_

Frame do documentário "O encontro de Baby Dietrich com o Pequeno Príncipe 

Hoje se comemora os 77 anos do lançamento do livro "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, para comemorar com um capítulo a mais, o escritor e cineasta Wilson Freire lançou hoje um documentário sobre um dos colecionadores da obra, o pernambucano Jaime Junior. Segue um trecho do depoimento do diretor do filme, Wilson Freire, para o Mirada: Fui com a equipe de um cineasta só. Eu, tripé, uma steadicam manual, para smartphone e um rebatedor. Esse equipamento, o smartphone, nos dá essa possibilidade de sermos independentes, de não precisarmos, para esse tipo de filme, em lugares pequenos, com luz ambiente, som captado direto com um microfone lapela, também específico para o aparelho, com um só personagem, principalmente sem nenhum recurso financeiro de patrocínio, para pagar a outros profissionais. Treinei, aprendi e pus em prática. Em uma manhã fizemos as gravações e, logo em seguida, a edição. Tudo no smartphone.”

    Wilson Freire, em um trecho da entrevista ao poeta João Gomes.





*A entrevista completa você acessa aqui: João Gomes entrevista Wilson Freire e Jaime Junior

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João Gomes (Recife, 1996) é poeta, escritor, editor criador da revista de literatura e publicadora Vida Secreta. Participou de antologias impressas e digitais, e mantém no prelo seu livro de poesia. 


por João Gomes__

por Alessandro Caldeira__


por Kamila Ataíde__

Andrei Tarkovscki é um gatilho, um convite à memória. Foram às minhas lembranças mais caras da infância a que fui atirada. Quando recebi o impulso de escrever sobre ele, pensei que das tantas coisas as quais eu o atribuo, a que eu poderia falar com mais propriedade e, aliás, a mais presente quando lembro das suas obras, é o impacto emocional e afetivo ao qual ele me lança sobre minha própria vida, mais especificamente, sobre a minha infância. Fui rememorando cada um de seus filmes e noto que há sempre uma sensação de nostalgia em mim impactada pelas representações intensas e pungentes de cada momento em que ele projeta um traço de memória. Particularmente, as minhas lembranças mais ternas da infância se desenham na minha mente exatamente com determinadas características de cores e texturas de algumas das suas películas. Isso não só acontece com memórias reais, mas com alguns dos meus sonhos mais significativos. 
Tarkovscki trouxe uma verdade onírica e humana às narrativas, que através das características visuais e linguagem fotográfica escolhida por ele me atira sobre cenas calorosas dos 5 ou 6 anos de idade, como também aos sonhos mais conflitantes. A rua da minha casa às 7 horas da manhã, as tardes chuvosas e à meia luz, assistindo TV na companhia da minha avó sentada na cadeira de balanço - fui levada a essa memória ao assistir Nostalgia (1983) e me deparar com a cena do quarto de hotel, onde o personagem Gorchakov está deitado na cama e a iluminação vai se modificando aos poucos no quarto, os cachorros que tive,  a tarde em um sítio de algum parente, em algum lugar do mundo, as correrias de fim de semana no meio da rua. 
Revisitando alguns trechos do filme O Espelho (1975) para escrever esse texto, fui arrebatada por memórias inéditas de algum lugar no espaço-tempo da minha infância. Apenas alguns flashes de um campo arborizado, pessoas muito altas por perto e uma luz de fim de tarde. Andrei ainda dota desse poder. A cada vez em que paro para revisitar alguns de seus filmes, eles extraem de mim alguma cena esquecida e guardada no fundo da memória.


                                                                                                             O Espelho (Andrei Tarkovski, 1975)


Nesse mesmo filme, O Espelho (1975), Tarkovscki traz uma leitura da própria vida através do paralelo entre passado e presente e sugere - através de algumas características do filme como a utilização dos mesmos atores para personagens diferentes – a percepção de como algumas vidas são reflexos de outras, como uma reprodução hereditária de comportamentos. Isso me faz pensar sobre como vi e ainda vejo algumas histórias da minha família se repetirem com o passar das décadas. Cada uma das películas me convidou, em determinado momento, a viajar no tempo até algum instante considerado importante para a cabeça de uma criança entre os 4 e os 10 anos. E cada uma dessas películas também me convidou à refletir como os elementos de uma linguagem fotográfica, seus aspectos técnicos, dramáticos, suas composições, a iluminação, a música, o silêncio em momentos cruciais, são capazes de inspirar e encaminhar o espectador a regiões tão pessoais da própria vida e, por mais destoante que possa ser a realidade da personagem com a do espectador, ainda assim, gerar algum segundo de identificação e viagem no tempo. Tarkovscki é realmente um convite à memória, a dele e a nossa, da forma mais sensível e humana que se pode fazer.




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Andrei Tarkovski nasceu em 1932, na extinta União Soviética. Filho de uma atriz e de um poeta, foi criado pela mãe (seu pai abandonou a família quando Tarkovski tinha cinco anos). Formado em geologia, mas apaixonado pela sétima arte, cursou a Escola Soviética de Cinema (VGIK). Dirigiu A Infância de Ivan (1962), Andrei Rublev (1966) Solaris (1972) e Stalker (1979), Nostalgia (1983), O Sacrificio (1986) entre outros títulos. É considerado um dos maiores cineastas do século 20 e talvez seja apenas superado, em grau de importância no cinema russo, por Sergei Eisenstein.
Faleceu em 1986 em consequência de um câncer no pulmão.

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Kamila Ataíde é comunicóloga, fotógrafa e produtora do projeto  Noites Recife Lo-Fi.


por Taciana Oliveira__  

Limite, Dir. Mário Peixoto


por Taciana Oliveira__

Poeta, artista visual, produtor cultural e editor literário. Baga Defente é múltiplo e incansável. Há tempos que a gente queria publicar essa entrevista. Há tempos que ela precisava acontecer. Equilibramos nossas agendas e o resultado de nossas conversas compartilhamos agora.

Baga Defente


por Taciana Oliveira__



O cineasta americano Martin Scorsese, diretor de filmes como Taxi Driver, O Touro Indomável e os Bons Companheiros afirmou na revista Empire que suas tentativas de acompanhar os filmes contemporâneos de super-heróis fracassaram:


Por Taciana Oliveira____


por Fernando de Souza__

APRENDENDO A VIVER COM A SOLIDÃO DO MORRER



morte, não sejas orgulhosa
apesar de alguns te chamarem terrível e poderosa
tal não serás
aqueles que pensas teres deixado para trás
não morrem, pobre morte,
nem a mim podes levar
após um breve sono, acordamos eternamente
e a morte deixará de existir,
morte, tu também morrerás
(John Donne)




Emma Thompson

por Fernando de Souza__

..Não dá pé, não é direito
Não foi nada, eu não fiz nada disso e você fez um
Bicho de sete cabeças
Não dá pé, não tem pé nem cabeça
Não tem ninguém que mereça, não tem coração que esqueça...
(Zé Ramalho)

A expressão popular “bicho de sete cabeças”, assim como “fazer muito barulho por nada”, refere-se à (infindável) capacidade humana de projetar seus medos, ansiedades e angústias em situações aparentemente sem grandes repercussões factuais. Este “bicho” nos lembra a Hidra de Lerna, monstro da mitologia grega, também com várias cabeças, e que tinha a capacidade de regenerá-las toda vez que uma era cortada, crescendo outras em seu lugar. Via de regra, o grande problema dos “bichos de sete cabeças” é justamente este: assim como a Hidra, eles tendem a tomar proporções maiores do que as reais, especialmente quando mal ou não resolvidos...
Neto, personagem interpretado por Rodrigo Santoro, vive com seus pais e sua irmã mais velha, e frequenta o Ensino Médio. É um adolescente comum, com as dificuldades de relacionamento com os pais, dúvidas e conflitos, como outros de sua fase. Usa maconha esporadicamente com seus colegas, por lazer (ou falta dele!), embora mantenha conservados os vínculos familiares, sociais, escolares, etc. Certo dia, Neto e seus amigos, num ato de rebeldia, vandalizam e picham um prédio, somente ele é preso pela polícia e solto mediante a presença de seus pais: ele, autoritário; ela, passiva. A partir deste evento e da posterior descoberta, por seu pai, de um cigarro de maconha no bolso de sua roupa, a vida de Neto vira de cabeça para baixo, com sua internação compulsória num hospital psiquiátrico, autorizado por sua família, para um pretenso tratamento para dependência química - apesar de nenhum exame laboratorial, avaliação psiquiátrica ou psicológica ou sequer entrevista ser realizada durante sua internação – baseado exclusivamente na administração de medicamentos e exposto à realidade de pacientes dos mais variados problemas de saúde mental e de graus de gravidade clínica. Após um período de ressocialização malograda, acontece uma segunda internação noutra instituição, com efeitos terapêuticos e sequelas psicológicas igualmente desastrosas. A nova internação nem surte os “resultados esperados” (por quem?) como, ainda por cima, desestabiliza ainda mais a saúde mental de Neto, novamente entregue a um tratamento desumano, irresponsável e ineficaz. O que não era, até então, um grande problema, agora o é. Um bicho de sete cabeças.
O filme Bicho de sete cabeças (direção de Laís Bodanzky, 2001 ) nos possibilita várias reflexões. Numa esfera subjetiva - embora representativa da realidade de muitos jovens, tomando Neto como seu representante - pensamos nas experiências de descoberta e de rebeldia durante a adolescência, os conflitos geracionais presentes nas dinâmicas familiares, causados pelo autoritarismo, repressão, incompreensão e falta de abertura, e os impactos destas relações na vida afetiva e no comportamento dos adolescentes. Podemos refletir também na dificuldade em aceitarmos o “diferente” (eufemismo para “perturbador” ou “indesejável” tanto nos indivíduos de conduta transgressora juvenil como naqueles acometidos por psicopatologias, por apresentarem comportamentos “excêntricos” (outro eufemismo, desta vez para “inadequado”, “incômodo” ou “desagradável?). Ambos os “perfis” são frequentemente rotulados como desviantes e, em consequência, estigmatizados e marginalizados.

Entretanto, há uma reflexão – senão uma crítica – imprescindível neste filme: trata-se de um símbolo da luta antimanicomial no Brasil. Bicho de sete cabeças é baseado no livro Canto dos malditos, de Austregésilo Carrano Bueno, que conta suas experiências de internação em hospitais psiquiátricos, similares às de Neto.




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Fernando de Souza é psicólogo em formação, mestre em Letras e bacharel em Comunicação pela UFPE. Publicou artigos acadêmicos em Psicologia, concorreu e recebeu alguns prêmios de poesia entre 1991 e 1995.


por Felipe Rocha___