por João Oliveira Melo |
Hanna Arendt acompanha o julgamento e conclui que o criminoso de guerra não era o “demônio encarnado”, mas uma pessoa comum, medíocre e burocrata que não possuia pensamento critico e só obedecia às autoridades. Esses eventos inspiraram a filósofa a criar o conceito da banalidade do mal, onde o individuo comete atos hediondos sem intenção, reflexão, mas por serem consideradas ações mundanas e cotidianas no ambiente onde vive. Tanto o conceito quanto a crítica dirigida aos líderes dos conselhos judaicos, que colaboraram com os nazistas na execução do plano final, provocaram intensas reações: críticas públicas, telefonemas furiosos, desavenças com amigos, ataques, pré-julgamentos e até mesmo suspeitas de que Hannah Arendt fosse, secretamente, simpatizante do nazismo.
O filme aborda suas relações pessoais, incluindo a amizade com diversas figuras, a convivência com o marido Heinrich Blücher (poeta e filósofo), referências à sua experiência em um campo de concentração francês e lembranças do envolvimento amoroso com seu professor e mentor Heidegger, que aderiu ao partido nazista em 1933. Há recortes originais do julgamento de Adolf Eichmann, “enjaulado” em uma cela de vidro. Nessas sequências há diversas citações de figuras importantes daquela época, mas que em algum momento da narrativa podem passar por despercebidas e causar confusão ou descontextualização.
Indicado para quem deseja compreender a origem e o conceito da banalidade do mal, que revela de que maneira indivíduos podem aceitar e até participar de atos cruéis quando deixam de refletir, questionar e passam a seguir cegamente quem detém o poder. É também uma forte referência para o entendimento de muitos dos conflitos atuais do nosso mundo. Destaco aqui a interpretação da atriz alemã Barbara Sukowa, que entrega uma Hannah Arendt, com imperfeições e contradições, mas sobretudo humana.
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