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por Lucas Fernandes____

Era dia 24 de julho de 1911 quando nasceu, na cidade de Savran (Ucrânia), Leah — filha primogênita do casal de judeus Pinkhas e Mania Lispector. Depois de Leah, Mania deu à luz a Tania (1915) e Haia (1920). Quando os Lispector chegaram ao Brasil, em março de 1922, seus nomes foram abrasileirados: Leah tornou-se Elisa; Mania recebeu o nome de Marieta; Pinkhas passou a se chamar Pedro; Haia foi chamada de Clarice; Apenas o nome de Tania não sofreu alteração por ser comum no Brasil. Em solo brasileiro, a família Lispector morou em Maceió por cerca de dois anos, em Recife por aproximadamente 10 anos e se estabeleceu

por Lucas Fernandes___

Elisa Lispector

Certamente ser irmã de Clarice Lispector seria uma honra para qualquer pessoa. No entanto, ser apenas irmã de alguém não faz justiça a ninguém, muito menos para uma escritora premiada e reconhecida pela crítica literária como é o caso de Elisa Lispector (1911-1989).
Seu primeiro romance, Além da Fronteira (1945), apresenta alguns traços marcantes que se mantiveram ao longo dos mais de 40 anos de carreira: a densidade psicológica dos personagens, a solidão e a reflexão filosófica existencialista. No romance autobiográfico No Exílio (1948), a escritora narra a viagem de imigração da sua família e os primeiros anos morando no Brasil. Esse livro é considerado um marco na literatura judaica no Brasil e já está na terceira edição (2005). Também foi publicado na França, En Exil (1987).
Ronda Solitária (1954), um de seus melhores romances, antecede sua obra mais conhecida: o premiado romance O Muro de Pedras (1963), pelo qual ela recebeu os prêmios José Lins do Rêgo (1962), concedido pela Editora José Olympio, e Coelho Neto (1964), da Academia Brasileira de Letras. O Dia Mais Longo de Thereza (1965) é um dos romances mais densos de Elisa. O primeiro livro de contos, Sangue no Sol (1970), foi bastante elogiado pela crítica literária da época. O romance A Última Porta (1975) foi reconhecido como uma obra de excepcional caráter existencialista. O livro de contos Inventário (1977) reafirma a escritora como contista. O romance Corpo a Corpo (1983) é marcado pela profunda melancolia da protagonista. Seu último título lançado em vida, a coletânea de contos O Tigre de Bengala (1985), recebeu o Prêmio Luíza Cláudio de Souza, concedido pelo Pen Clube do Rio de Janeiro.
Segundo amigos próximos, Elisa era uma mulher reservada, culta e solitária. Nunca se casou nem teve filhos, faleceu de câncer em 6 de janeiro de 1989. Ela deixou um vasto acervo pessoal do qual foi possível publicar o livro póstumo de memórias Retratos Antigos: Esboços a Serem Ampliados (2012).
Apesar de uma carreira relativamente bem sucedida, Elisa e suas obras foram progressivamente esquecidas. Seus livros nunca foram sucesso de vendas, mas eram apreciados por intelectuais e por outros escritores. A ausência de reedições de seus livros é um das principais dificuldades para que o público tenha acesso a sua obra atualmente.
Muito mais poderia ser falado sobre Elisa Lispector, cuja morte completa hoje 30 anos, porém, certamente outras oportunidades virão. Até lá, ficamos com a leitura de seus livros e sabendo que ela foi muito mais do que irmã de Clarice Lispector.