por Carlos Monteiro |
Fotografia: Carlos Monteiro |
São sóis nascidos, houve até dias nublados ou de chuva, mas o Astro-Rei está lá e sempre estará.
Nos tempos da pandemia aprendi muita coisa com a natureza. Conheci a migração das aves. Os biguás, naquele ano, ficaram até mais tarde sobrevoando o Cristo e o Pão de Açúcar num vai e vem diário entre a Lagoa, a Ilha do Governador e a Praça XV. Os socós, que há muito não via pelas bandas de cá, deram o ar da graça. As fragatas, altaneiras, bailaram sob o Sol. Apareceram as ararinhas, papagaios, bem-te-vis, sabiás-laranjeira, maritacas estrondosas, gaviões, tucanos e, até mesmo, garças que, jamais tinha visto sobrevoar esta parte da cidade.
Vi macacos-prego e saguis se aventurarem a ficarem mais próximos dos humanos.
Ouvi o canto mavioso dos pássaros que, antes eram abafados pelos ruídos da cidade frenética. Senti os aromas matinais vindos com o vento.
Senti, enfim, a natureza viva, vívida, vibrante, agradecida, absoluta em dias com ares mais límpidos, translúcidos.
As montanhas solares em brilho exaltaram a cidade.
Hoje, amanheceu com um horizonte paralelo, como se prenunciasse um novo amanhã de tristeza, um novo tempo, como um chamamento a todas e todos para reforma íntima, para a reflexão do que fomos, somos e deveremos ser, para os ‘gritos’ da natureza.
Hoje, presto homenagem aos ambientalistas que nos trazem um novo-futuro de esperanças e ensinamentos.
Presto homenagem à natureza que, como Fênix, ressurgirá das cinzas espalhadas em nosso desvario.
O normal anterior foi o problema, de todos os desastres ambientais, mas não trouxe nenhum ensinamento.
E agora José? Por que tanto egoísmo?
Mais humanidade, solidariedade, paz e espírito comunitário; mais amor por favor!
Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.
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