Vozes femininas que transformam experiências em literatura

 por Cibele Laurentino  |


A literatura brasileira atual revela uma força crescente de escritoras que, a partir de suas vivências pessoais e profissionais, ressignificam dores, crenças e conquistas. Na coluna Escritores em Cena, apresentamos três autoras que, cada uma em sua trajetória, fazem da escrita um instrumento de inspiração, denúncia e diálogo: Edinete Santos, Lindjane Pereira e Letícia.


Edinete Santos


Em seu mais recente livro, Pinte seu caminho de uma viva cor, Edinete fala de superação, fé e coragem. Sua narrativa, marcada por autenticidade e espiritualidade cristã, aproxima-se da literatura motivacional, mas ganha força pelo testemunho de quem trilhou, de fato, o caminho que propõe ao leitor.

Edinete escreve como quem estende a mão. Sua obra dialoga com leitores que buscam motivação, mas também com aqueles que reconhecem a literatura como espaço de partilha e acolhimento.



Graduada em Administração, com pós-graduação em Gestão de Pessoas, Edinete Santos trabalhou por mais de três décadas na Petrobras e hoje dedica-se à escrita. Finalista do Prêmio Ecos da Literatura, ela já publicou A nobreza e os desafios de ser mulher e A força essencial para vencer desafio.


…Cada atitude é uma semente. Plante hoje a mudança que deseja colher amanhã…

ATIVE FILTROS DIANTE DE TUDO O QUE VOCÊ OUVIR.

Para início de conversa, para ser um(a) vencedor(a), você deve acreditar en si, e não depender de ninguém, a não ser de Deus e de você próprio…


Lindjane Pereira


O pano de fundo da pandemia de Covid-19 intensifica dramas individuais. No conto Asfixia, Dora vive o confinamento como prisão psicológica: “Preciso ser esquecida”, suplica. Já em Mãos de Fadas, a autora dá voz a minorias, em um gesto de denúncia social.

A obra revela maturidade literária, equilibrando lirismo e crítica social. Lindjane oferece ao leitor não apenas retratos de dor, mas também reflexões sobre resiliência e reconstrução.


Jornalista, doutora em Letras pela UFPB e professora da Educação Básica, Lindjane Pereira estreia na ficção com Entre Muros e Sussurros. A coletânea de 12 contos mergulha em temas contemporâneos sob uma forte perspectiva feminina: sobrecarga emocional, depressão, luto, sororidade e identidade.


…Na pequena Mundo Novo, não se falou em outra coisa. Os estudantes agraciados usaram suas redes sociais para agradecer pelos presentes. Não demorou para a história cair na mídia e para descobrirem que o professor Raimundo havia gastado todas as suas economias de anos para comprar os aparelhos e os chips…

 

Leticia Alminhana


Na obra, ela narra sua infância em uma família marcada por práticas espirituais e o confronto com o universo acadêmico da Psicologia. O resultado é um livro que une memórias pessoais, humor, espiritualidade e reflexões sobre escolhas de vida.

Letícia escreve de forma intimista, mas sem perder o rigor reflexivo. Sua literatura se coloca no limiar entre autobiografia e ensaio, abrindo espaço para o diálogo entre razão e transcendência.


Psicóloga com pós-doutorado em Oxford e PUCRS, pesquisadora e psicoterapeuta há mais de 20 anos, Letícia transita entre ciência e espiritualidade em Contando pra mim.


…Nunca tinha sentido aquilo na vida. Nunca pensei seriamente se seria ou não, mãe. Não era meu ponto de referên-cia, não estava na minha mira, na minha mente. Mas também não era algo que não queria, simplesmente não pensava muito nisso. Pelo menos até ir morar com Tiago. Era como se meu coração dissesse: "Com ele eu quero ter minha filha!"…

 

Apesar das diferenças de estilo, as três autoras têm em comum o fato de escrever a partir da vida: Edinete aposta na fé e na superação; Lindjane revela fragilidades e resistências do cotidiano; Letícia questiona as fronteiras entre ciência e espiritualidade.

Juntas, elas demonstram que a literatura continua sendo espaço de coragem, denúncia e autoconhecimento, uma cena em que vozes femininas se erguem não apenas para narrar, mas para transformar.



Cibele Laurentino — Ativista cultural nascida em Campina Grande, Paraíba. Membro da Academia de Letras de Campina Grande e da UBE — PB. Bacharel em Letras, formada em Gestão em Turismo, divulgadora de autores contemporâneos. Idealizou o projeto Conversa com Escritores. Autora dos livros: "Cactus" (poesias); "Nobelina" (romance); "Todas em mim" (contos), traduzido e comercializado em espanhol pelo grupo editorial Caravana; “Eu, Inútil", romance premiado como melhor obra de ficção em Portugal no prêmio Ases da Literatura.