Priscilla Melo: Comecei e ainda me jogo sobre esse território.

por Taciana Oliveira_____












Você tem um olhar singular sobre a periferia. Quando você se descobriu fotógrafa? A tua identidade de mulher negra e periférica responde por esse olhar?

Eu ingressei na universidade em 2012 em Biológicas... No meio a tudo isso , nas crises de autoestima, eu ia ao Cinema. Assistia filmes sozinha, chorava e refletia. Soube que estava rolando curso de fotografia básica em uma ONG chamada CCJ, e foi daí que descobri o que era território, e o que poderia fazer com ele. A identidade de mulher negra veio logo após, e ainda se constrói. 

Comecei e ainda me jogo  sobre esse território. Seja ele bonito ou feio

Que nomes da fotografia você citaria como influência determinante para esse teu encontro afetivo com a imagem?

Cartier Bresson e Vivian Maier são minhas influências, embora sejam  fotógrafos brancos, eu gosto do estilo  deles  aplicados na fotografia. Me identifico muito

Nos teus registros fotográficos você traz o protagonismo para a periferia. Teu olhar documental apresenta não apenas a geografia suburbana do Recife, mas é espelho de uma população que precisa de visibilidade. Você segue uma rotina fotográfica ou trabalha com o instante, a narrativa do real, o alicerce do fotojornalismo?

Eu ainda ando pouco para a quantidade que tenho que fotografar... Mas a maioria são fotos que acontecem na minha frente e até vezes deixo passar, fico só olhando.

As mulheres no cinema e na fotografia, como tantos outros segmentos artísticos, sempre precisam justificar espaço e representatividade. Essa luta ainda é maior na construção e aceitação da tua identidade de mulher negra no audiovisual?

Sem dúvida, há luta sempre! Há uma vastidão de dificuldades para inviabilizar meu trabalho também. Autoestima, emprego, relacionamentos, família...
As lutas diárias que refletem no trampo...


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Técnica em Rádio & TV (SENAC). Possui curso de Cinematografia (Educomídias, 2015), Introdução ao Áudiovisual (CTCD, 2015) e Fotografia (CCJ, 2014). Estágio Curricular (SENAC) - Operadora de câmera de estúdio NETV2/Globo Comunidade/RadarPE/ na Rede Globo Nordeste. Participação no Documentário “A Descoberta do Mundo” (2016). Captação de imagens nos curtas “Coqueiral de arte e cultura” (2015), “Estação Coqueiral - breve elegia urbana” (2015), "Rio e Serpentinas" (2015), “A Esfera” (2016), “No oco desse mundo” (2016), “Rock na Tamarineira” (2017, pelo Coletivo Scaravelho) e nos videoclipes “Nó” (Bandavoou, 2015), “Recifechando - voyage au monde du Pernambuco” (Mozzaika, 2017). As suas fotografias já foram contempladas nas seguintes exposições: Café com Click (2015 - http://bit.ly/2gS2S4E ), Las Catrinas de Mi vida (2016 - http://bit.ly/2xwpaf2), Avalanche Festival de Artes (2016 - http://bit.ly/2xveLk6) e La Frida Bike (2017 - http://bit.ly/2yTwpBH). Também foram publicadas em nos jornais/sites JC Online (matéria “Fred Caju lança livro com poemas eróticos e políticos”, em 30.12.2015); Diário de Pernambuco (matéria “Pernambucano Fred Caju lança, em Olinda, coletânea de poesias”, em 30.12.2015); Cultura.PE (matéria “Sarau e Festival Palavra Cifrada movimentam o Espaço Pasárgada”, em 10.07.2017). Registro fotográfico do 2º Palco Preto (2017, pelo Coletivo CARNE).Como fotógrafa, também fez o making off do curta-metragem “Sombras” (2015).
Atualmente fez parte da ONG Fase que integra jovens e mulheres negras fortalecidas na luta contra o sexismo e o racismo.




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Taciana Oliveira é cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.