por Mayk Oliveira__
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Intervenção na fotografia de Marek Piwnicki |
IN THE DESERT
In the desert
I saw a creature, naked, bestial.
Who, squatting upon the ground,
Held his heart in his hand,
And ate of it.
I said, 'Is it good, friend?'
It is bitter-bitter,' he answered;
But i like it.
Because it is bitter
And because it is my heart'
NO DESERTO
No deserto
Eu vi uma criatura, nua,
bestial.
Quem, de cócoras no chão,
Segurou o coração na mão,
E o comeu.
Eu disse: 'Está bom,
amigo?'
É amargoso', respondeu;
'Mas eu gosto.
Porque é amargoso
E porque é meu coração'
YOU TELL ME THIS IS GOD
You tell me this is God?
I tell you this is a printed list,
A burning candle and an ass.
VOCÊ ME DIZ QUE DEUS É ISTO
Você me diz que Deus é
isto?
Eu te digo que isso é uma
lista escrita.
Um candeeiro e um jumento
I SAW A MAN PURSUING THE HORIZON
I saw a man pursuing the horizon;
Round and round they sped.
I was disturbed at this;
I accosted the man.
“It I futile,” I said,
"You can never---“
“You lie,” he cried,
And ran on.
EU VI UM HOMEM PERSEGUINDO
O HORIZONTE
Eu vi um homem perseguindo
o horizonte;
Girando e girando
aceleraram.
Fiquei perturbado com isso;
Abordei o homem.
"É inútil", eu
disse,
Você não
consegue---"
"Você mente", Ele
marejou,
E disparou
I STOOD UPON A HIGH PLACE
I stood upon a high place,
And saw, below, many devils
Running, leaping
And carousing in sin.
One looked up, grinning,
And said, "Comrade!
Brother!"
EU ESTAVA NAS ALTURAS
Eu estava nas alturas,
E vi, abaixo, muitos
demônios
Correndo, pulando
E farreando em pecado.
Um olhou para cima,
ironizando,
E disse: "Camarada! Irmão!"
A MAN WENT BEFORE A STRANGE GOD
A man went before a strange God---
The God of many men, sadly wise.
And the deity thundered loudly,
Fat with rage, and puffing.
"Kneel, mortal, and cringe
And grovel and do homage
To My Particularly Sublime Majesty."
The man fled.
Then the man went to another God---
The Godof his inner thoughts.
And this one looked at him
With soft eys
Lit with infinite comprehension,
And said, "My poor child!"
UM HOMEM FOI DIANTE DE UM
DEUS ESTRANHO
Um homem foi diante de um
Deus estranho ---
O Deus de muitos homens,
tristemente sábio.
E a divindade trovejou
alto,
Azedo de raiva e bufando.
"Ajoelhe-se, mortal, e
adule
E bajule e reverêncie
Para Minha Majestade
Sublime Particularmente."
O homem fugiu.
Então o homem foi para
outro Deus ---
O Deus de seus pensamentos
interiores.
E este olhou para ele
Com olhos suaves
Iluminado com compreensão
infinita,
E disse: "Meu pobre filho!"
A MAN SAID TO THE UNIVERSE
A man said to the universe:
"Sir, I exist!"
"However", replied the universe,
"The fact has not created in me
A sense of obligation
UM HOMEM BRADOU AO UNIVERSO
Um homem bradou ao
universo:
"Senhor, eu
existo!"
"No entanto",
respondeu o universo,
"Esse fato não cria em
mim
Sentido de obrigação."

Stephen
Crane nasceu em 1871 em Newark, Nova Jersey. Caçula de uma
família de catorze filhos, seu pai era um importante pastor metodista; e sua
mãe, filha de bispo metodista, uma destacada militante da igreja. Depois de
frequentar brevemente o Lafayette College e a Syracuse University, Crane passou
a trabalhar na agência de notícias do irmão, em Nova Jersey, e, ao mesmo tempo
que atuava como jornalista freelance, ingressou na boêmia da baixa
Manhattan. Seu primeiro romance, Maggie: A Girl of the
Streets [Maggie: uma garota das ruas] (1893), não teve sucesso comercial,
mas foi recebido com entusiasmo por Hamlin Garland e William Dean Howells, que
estimularam sua carreira literária. Com
o romance seguinte, “O emblema
vermelho da coragem” (1895), ele conheceu instantaneamente a fama
internacional. Jornalista, fez reportagens no Oeste americano, no México, na
Grécia e em Cuba, assim como em Nova York, tendo transformado várias de suas
experiências em ficção. Os contos que escreveu depois da composição de O
emblema vermelho da coragem figuram entre as melhores narrativas breves da
literatura americana. No entanto são os seus textos poéticos que melhor
sintetizam a sua visão do mundo, da humanidade e de Deus. Poucos temas
importantes escaparam ao lirismo ora solene, ora bem-humorado, mas sempre
crítico, de Stephen Crane, que também era jornalista. Em 1899, fixou-se na
Inglaterra com a companheira Cora. O ritmo de trabalho implacável que adotou
para pagar dívidas agravou sua tuberculose. Crane morreu em um sanatório alemão
em junho de 1900.

Mayk
Oliveira - Nascido em Delmiro Gouveia nas Alagoas o poeta e escritor
Mayk Oliveira é membro do movimento artístico Arborosa situado alto sertão,
músico e professor de História e Letras com especialidade em ambas as ciências.
Escreveu três livros de poemas: “Livro dos Delírios” (Parresia,2020), “Pétrino
Astéri” (Parresia, 2021) e “Alcatrão Com Grilos” (2022), um romance (a
publicar) e um livro de contos “Molhados Enxutos” (2021), mas a produção
escrita vem desde 2000. Ambientalista de espírito cultiva sua roça orgânica,
plantas e flores nativas enquanto salva as pessoas dos riscos sanitários do
mundo moderno.
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