A Arqueologia do Passado e Futuro

 

por Valdocir Trevisan__





A Arqueologia é uma disciplina fascinante com suas buscas do nosso passado e de nossos ancestrais.

A ciência não é o que filmes passam, uma caça ao tesouro, ela revela como funciona nossas características humanas, desde sociais, econômicas, etc, percorrendo um longo caminho para se definir como "arqueologia".

Nasceu no Renascimento (tinha que ser, né?), e seus programas de pesquisa se espalharam em buscas bíblicas, egipcias, indígenas, enfim, um passado que vai revelando descobertas de outras eras. Não tem como não ficar fascinado pelo mundo antigo, e se a história é essencial, a arqueologia corroba como disciplina.


Vamos decifrando descobertas e segredos milenares, desenterrando tesouros, porcelanas, além das pesquisas em cavernas.


A chamada Arte Rupestre revela enigmas e sinais que desafiam nossos conhecimentos, enquanto os especialistas conseguem dar datas próximas às descobertas fantásticas, como pinturas de 5, 10, 20 mil anos passados. Fico imaginando arqueólogos (serão denominados assim?), encontrando CDs do Bob Dylan perto da minha extinta e desaparecida casa daqui centenas de anos. E os discos de vinil. Os bisnetos dos meus netos não vão acreditar que "aquilo" tocava músicas, e ainda, em que tipos de aparelhos? Eles em Marte curtindo um som "circulante" em suas cabeças através de feixes coloridos apenas em suas imaginações...tá loko.


Estou viajando? Já vou falar do "lidar". Antes lembro que a arqueologia é uma daquelas ciências que comprova as teorias da complexidade de Edgar Morin, onde as disciplinas se unem, refazendo teias de saberes quando as descobertas arqueológicas reescrevem nossa História.


O historiador Peter Burke disse que na História das "bibliotecas", há um longo passado. Assim como a cidade de Nínive na Assíria, no século VII a.c., que possuía uma biblioteca com 25 mil tabletes de argila. E nos primeiros anos da nossa era, Alexandria contava com uma biblioteca com milhares de manuscritos. Quando os arqueólogos começaram a aprofundar suas pesquisas desenterrando nosso passado, essas argilas e manuscritos revelaram toda nossa história, ou parte dela.


Mas como tudo muda e evolui, a ciência não poderia ficar de fora e já existe uma arqueologia sem escavação. Isso mesmo.


Na Bélgica e no Reino Unido foram feitos mapeamentos de uma cidade Romana sem escavações. Os arqueólogos detalharam imagens da cidade antiga de Falerii Novi de 700 a.c. (50 km de Roma), através de antenas de radar onde conseguiram identificar teatros, banhos públicos e templos abaixo do solo.


Sensacional.


E agora vem o Lidar. Na revista Seleções Reader's Digest desse mês de Janeiro, uma matéria sobre a ciência arqueológica apresenta a nova tecnologia. Lidar é uma abreviação de "light detection and ranging" que envia para o solo, atraves de um avião ou mesmo um drone, uma repetição de pulsos de laser. Um software registra ondas e combinações com GPS, entre outras tecnologias, permitindo um mapa tridimensional.


Simplificando, o Lidar usa ondas de luz para atravessar as camadas do tempo.


De novo...sensacional.


Assim descobriram no México, uma grande cidade antiga chamada Angamuco. Era uma potência antes dos europeus chegarem. Só para ter uma idéia, haviam alicerces de cerca de 40 mil edificações.

Imagina-se que sua população era superior a cem mil pessoas, entre 1000d.c e 1350d.c, sendo a maior do oeste do México na época. A descoberta dessa antiga cidade mexicana mostra a revolução do "lidar" na arqueologia. Em 2007, quando os arqueólogos fizeram a descoberta, suas pesquisas seguiriam o sistema tradicional que levaria mais de dez anos para obter respostas. Com o Lidar, já em 2011, obtiveram significativos resultados.


É a arqueologia mudando a história, através agora, de novas tecnologias.


Então...eu estava viajando né, sim, mas com o Dr. Spock. Pena que não vou estar vivo para me teletransportar com o orelhudo das Jornadas nas Estrelas e visitar meus bisnetos dos meus netos.


A fronteira final. Onde os antropólogos com seus raios lasers e avançadissimas tecnologias vão superando a fronteira final do Capitão Kirk e sua pioneira tripulação.


A Arqueologia tem como essência, não temos dúvida, de pesquisar o passado, mas suas novas tecnologias revelam que seu futuro não é duvidoso, e sim imaginável.



Valdocir Trevisan é gaúcho, gremista e jornalista. Escreve no blog Violências Culturais. Para acessar: clica aqui