Três poemas de Leo Barth

   por Leo Barth__


Foto: @navi_photography



À Casa da Pedra

 

 

Homem nu olha Natureza munido d'lança

Fitando três sóis; seus vis raios afluentes

Sacerdote toma olhos cegos já dementes

Subtraindo veloz - Selvagem d'esperança

 

Domar êxtase d'Fogo anotando devaneio

À Casa da Pedra floreada · cristais d'tinta

Subscrever alheio não importa que minta

Afiado voraz molda página ao serpenteio

 

Domado êxtase d'Fogo; selado o homem

Dominado em verme já ama sua corrente

Sacerdote cavalgando Sagrado à patente

Deflorado instinto oco qual nato consome

 

Homem vestido grita e decreta Natureza

Fitando arrebóis; raios servis ao estrume

Sacerdote cria da cegueira bom chorume

Subjugando atroz os escravos da Pureza

 



Moedeiro Falso




O marrom sacerdote sonha sangrento seu sonho

suas entranhas malignas deus expedito medonho

Cuspindo aos homens macróbios delírios ventrais

sagaz escultor das nuvens obras malignas irreais

 

Feroz aguilhão que prende infantes

Cordão aprisiona lascivo às virgens

Encanta qual ouros o que só fuligem

Conduz afiado à espada beligerante

 

Atroz prostituta seduz seus clientes

Corda tenciona nova seus imolados 

Encanta bestial aos servos de barro   

Reluz asas brancas à rés dementes

 

O marrom sacerdote trama caminhos tortuosos

suas entranhas expelidas nutrem profetas caos

Pintando em sangue vaidades sem cessar o mal

loquaz pertinente em trevas aos tolos medrosos



Ao Senhor da Ilha

 

Não permitas que me falte o gosto

Não permitas que perca todo ódio

Quando da falta em tripas exposto

Sejas somente meu exitoso exórdio

 

Senhor da Ilha com grandes asas

Odiosa e fria é chamada Natureza

Alma coragem em profundas vasas

Do eterno retorno morte da beleza

 

Senhor da Ilha voaras de Terra Marrom

Feliz há tempos tua fuga grandioso voo

Aqui profetas esganiçados de Mamom

Cancerosos me dão asco infinito enjoo

 

Não permitas que me falte o fôlego

Não permitas que embale todo ódio

Quando minha vida ultimar tom jocoso

Sejas vingativo meu adeus monocórdio

 







Leo Barth, nasceu em 1984. Delmirense dividido entre sertões e capital do caos. Começou a escrever por causa da Teologia. “Homem que nasceu morto, e que se acha em cada esquina, poeta de bêbados e esquizofrênicos, delimitado pelo caos particular, e autor de nada”. É notável entre os novos poetas trágicos-febris, um dos nossos maiores poeta do underground alagoano. Tem uma filosofia existencial-literária parecida com o grande Macedônio Fernandez, que escrevia compulsivamente sem muito importar-se com publicações. Boêmio, Machadiano e acadêmico, o autor possui centenas de poemas inéditos, produzindo-os desde 2001. É co-fundador do grupo “Arborosa”, de poesia, arte visual e fotografia, e editor do staff da Edições Parresia. Publicou na Utsanga (Itália) revista de poesia experimental, e em revistas brasileiras.