Indiferença, crônica de Nely Da Costa Barbosa

 por Nely Da Costa Barbosa__





Contemplo o sol porque me aquece, embora queime a minha retina. Mas é que gosto de arder em chamas. Gosto de iluminar os caminhos, ser guia pela estrada a fora.

Vai que chapeuzinho vermelho decide voltar à floresta, o lobo só espreita e ataca na escuridão e agora já se sabe que nele não se pode confiar. E por isso também já sabemos, que voltar à floresta não é seguro. Por que te arriscas menina? Esqueceu do trabalho que foi tirá-la da barriga do lobo? E a pobre vovó, que só queria um doce para sobremesa?.

Ah! Não cabe a mim entender essas tolices, tenho muito o que fazer, quem quiser que entre na floresta e leve doces e derrube árvores e caminhe pela escuridão, até encontrar o lobo, que tem os olhos, o nariz e a boca enormes e que gosta de comer gente, totalmente indiferente a cesta, cheinha de guloseimas. Resiste ao aroma do bolo, ainda quentinho, preparado pela filha/mãe,  que ficou em casa, muito tranquila, porque confia nos conselhos que deu a chapeuzinho vermelho e sabe que a casa da vovó é segura, e ela, obediente que é, seguindo-os, vai conseguir atravessar a floresta sem correr nenhum perigo.  E Pronto!




Nely da Costa Barbosa, nasceu em agosto de 1969 em Recife – PE, graduada em História pela Universidade Católica de Pernambuco, estudou música na Universidade Federal de Pernambuco e no Conservatório Pernambucano de música. Atualmente desenvolve pesquisa na área de cinema, mais especificamente sobre o trabalho do cineasta pernambucano Camilo Cavalcante. É apaixonada pelos livros e toda forma de arte. Começou a se aventurar na escrita ainda muito jovem, mas só agora decidiu compartilhar suas experiências com o público, acreditando estar vivendo um momento mais prolífico e mais tranquilo para se dedicar a essa arte.