por Alexsandro Souto Maior__
Cinema São Luiz
O cinema São Luiz é a ficção da Boa Vista
Uma narrativa fluida contra o cotidiano
e o concreto armado em seu derredor
Ora espelho, ora janela para além-mar
O São Luiz é a película da película
É casa onírica da cidade onde habitam Cronos
E a senhora Saudade
Ela dança
Ela dança
Ritmada no ofício do encanto
Ela se espalha
pelo salão de espelhos
No
balanço sutil de suas ancas
Ela
é templo, tempo e devoção
Faz um solo de
ave
Um cisne na escuridão
Ela dança
Descompassa olhos de rapina
Um balé de
grandezas
Convidando
a todos
a serem uma divinal borboleta
uma sereia, um
escrito de ilusão
Ela dança
Azul em desvario
Viu a franja do mar
assanhada pelo vento?
Toda vez
em tempo de ressaca
Há algo violento naquele azul
É como se nada tivesse controle
O horizonte vira um desmantelo
Diante dos olhos carcomidos do inverno
Toda vez que o mesmo mar grita
Ele sacode umas reminiscências, dispersa meus versos
E fatal e disciplinadamente me reorganiza
Itinerário de Miró
A Miró de Muribeca
Deve ter um Ônibus
Que me leve para algum sonho mais próximo
Um bar sem as ilusões costumeiras
Para eu pôr palavras na mesa
E gritar umas esperanças
E quando a noite fechar as portas dela
E eu me despedir
Os versos fiquem lá
Lembrando ao mundo todo
Que a poesia precisa resistir