Richards era um piloto de corrida que ao sofrer um acidente descobre que tem o sangue raro, muito raro...raríssimo... Ele era "imortal" e pelo jeito viveria pela eternidade, aqui mesmo no planeta Terra.
No entanto, surgiram dois problemas, e que problemas, consideravelmente mais desafiadores do que aqueles enfrentados nas aulas de matemática da oitava série (se é que ainda existe?). Pois vamos lá, o primeiro drama é a perseguição de um milionário que também almeja ser imortal e faz de tudo para sequestrar Ben Richards. Sangue nobre, mas com vivência azeda, nosso personagem sempre foge e troca de emprego e cidade.
O que era para ser doce fica salgado para nosso herói e mais difícil quando o segundo problema aparece. Aliás, um problemão! Digno de teses existenciais.
Ah, você também queria ser imortal? Imagine assistir a todos, eu disse, todos seus familiares e amigos morrerem. Imagine todos os seus amores e paixões serem enterrados um por um...
Ora, você terá que se isolar com seus 200 anos. Que maravilha! Que doideira!
Que horror!
Entenderam? O complicado é que não há escolha, você é imortal. Testemunhará tantos eventos neste mundo, como os novos candidatos à presidência do Brasil criados pelas mídias malditas, tais como "O ídolo do Povo", "O Super Evangélico", "Mito II". Bom, com tanta bizarrice quem sabe o sangue de Richards não resista...
Mas, realmente, chegar aos 100 anos é uma marca significativa, não é, meu amigo?
Vivo, mesmo que por vezes nos deparemos com seres apáticos perambulando pelas ruas, em meio às multidões, com semblantes de sonâmbulos e sem qualquer entusiasmo. É, prefiro meu sangue, resistindo ao álcool exagerado… bom, um pouco, né? O sangue ainda exigindo meu centenário.
Sempre cito a frase "O tempo é uma trapaça", mas Sêneca diz nunca perdemos tempo e mesmo nas horas banais "o tempo que lhe sobra não pertence a você".
Boa.
É, entre vindas e idas chego a conclusão que temos um limite por essas bandas e concordo com Sêneca (que pretensão), pois não há nada que não chegue a velhice.
É, o mundo de Deus é mesmo perfeito e um dia...temos que morrer...
Valdocir Trevisan é gaúcho, gremista e jornalista. Autor do livro de crônicas Violências Culturais (Editora Memorabilia, 2022) Para acessar seu blog: clica aqui