Yves Goulart resgata Aldo Baldin em documentário premiado

 por Taciana Oliveira | 




Yves Goulart resgata a trajetória internacional de Aldo Baldin em premiado documentário 

Poucos brasileiros ouviram falar de Aldo Baldin, um dos maiores tenores líricos do século XX, reverenciado na Europa, vencedor de um Grammy em 1981, com mais de cem discos gravados. Esse apagamento histórico é o ponto de partida do documentário Aldo Baldin – Uma vida pela música, dirigido por Yves Goulart, que estreia no circuito nacional no dia 31 de julho. Entre as exibições confirmadas, o filme terá sessões em Recife, no Cinema do Museu (Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj)Fruto de uma pesquisa que durou 14 anos, o filme já conquistou 24 prêmios em festivais no Brasil e no exterior. Natural de Urussanga (SC) — mesma cidade onde Baldin cresceu — Goulart se deparou por acaso com a história do tenor e conduziu um roteiro que revelou muito mais do que um cantor extraordinário, mas um homem generoso, apaixonado pela música e profundamente ligado às suas raízes. Com depoimentos de Isaac Karabtchevsky, Lilian Barretto e Maria Lucia Godoy, o longa reconstrói a trajetória de um artista que brilhou nos palcos mais prestigiados do mundo e segue praticamente desconhecido em sua terra natal.

Nesta entrevista, o diretor Yves Goulart fala sobre os bastidores do filme, a importância de resgatar memórias esquecidas da música brasileira e os desafios de contar a história de um artista cuja vida é, por si só, uma verdadeira ópera.

1. O que o levou a se dedicar por 14 anos à realização deste documentário sobre Aldo Baldin? Que aspectos da trajetória dele mais o tocaram pessoalmente?

O que levou tanto tempo, falta de recursos. Quando o filme foi aprovado pela Lei Rouanet, através da ANCINE, era muito difícil de convencer o marketing das empresas: ‘de que o filme de um tenor era importante’. As empresas querem associar suas marcas a gente ‘famosa e popular’, essas personalidades da moda ou influentes. A dificuldade foi realmente de convencê-los: ‘Quem foi Aldo Baldin, a importância dele na arte na cultura não só de SC mais do Brasil’. Não era nem a falta de dinheiro das empresas, era nós tivemos contato direto com empresas gigantes o que pegava era:  ‘oportunismos’ em associar o nome da empresa ao personagem de um filme. A maior dificuldade desses 14 anos foi sem dúvida a captação de recurso. Sem contar os 4 anos do governo anterior, que na cultura os projetos ficaram praticamente travados, e qualquer resolução na ANCINE era tudo muito complicado. Mudou de governos as coisas foram destravando, incrível.

Por outro lado, esse ‘tempo’ me deu oportunidade de amadurecimento artístico, e a tecnologia veio ao nosso favor... como tinha gravado em HD e não 4K, eu precisava utilizar os melhores recursos na edição e novos plugins, que dariam uma característica ou uma linguagem mais moderna que conversassem com esse público exigente. Graças a acessibilidade de preços democratizou essas ferramentas, os plugins de edição fortaleceram a linguagem do filme. Esses 14 anos teve seu lado positivo. Como diz a minha mãe: “tem o tempo de Deus e tempo dos homens”. Talvez o ‘sagrado o mistério’ esteja por trás disso tudo, precisávamos desse amadurecimento, sem pressa, sem ansiedade com respeito mesmo ao tempo de criatividade.  

2. Que aspectos da trajetória dele mais o tocaram pessoalmente?

 Exatamente isso: ‘o tempo’. O Aldo era um cantor que se dedicava todos os dias 8 horas, para ensaiar, estudar as notas para atingir as notas mais difíceis e chegar em uma perfeição, para decorar os papeis dos personagens das óperas, para pesquisar os estilos de interpretação, os estilos de cada compositor: como o barroco de Bach, o classicismo de Mozart, o romance de Beethoven, Verdi e Mahler, a folclórica e indígena como Villa-Lobos e tantos outros.  Essa dedicação do Aldo aos estudos das obras, me fez ter a percepção e a humildade de parar e sentir o amadurecimento artístico do jovem cineasta, quando eu comecei a gravar os depoimentos eu tinha 36 anos, hoje eu entrego o filme como 50 anos. Não quero comparar, mas, o canto leva tempo para aprimorar sua técnica na garganta do tenor clássico,  eu deixei  esse ‘tempo’ para amadurecer a minha linguagem cinematográfica. O que me tocou foi o respeito a paciência que devemos ter com o processo criativo. O Aldo usou isso tanto, eu usei isso a favor do filme, até como análise do ócio criativo.

3. Durante sua pesquisa, você descobriu que Baldin era praticamente desconhecido no Brasil, apesar de seu imenso prestígio internacional. Como foi lidar com esse paradoxo ao construir a narrativa do filme?

Eu tinha um dispositivo, que era trazer ao publico um ‘desconhecido’, que o Brasil não deu valor’. Nosso país, não dá valor a muitos artistas. No processo de gravação na frente do entrevistado era também essa a pergunta: “Você acha que o Brasil tem uma dívida com a carreira do Aldo?” Na edição, essa pergunta ficou no início para a Lilian Barretto, que responde em nome de todos. “Olha, o Brasil talvez tenha uma dívida com a carreira de muitos artistas. Todos esses grandes artistas tiveram que ir embora do Brasil. Não só porque não havia mercado para música clássica no Brasil - não havia e não há ainda, infelizmente -, mas sobretudo porque o espaço lá fora era tão melhor, tão mais valorizado, dava tantas outras oportunidades a eles, que não dava para conter um artista aqui dentro do país com tão pouca oportunidade.”

 Estamos falando de um ‘reconhecimento’ que Aldo tinha fora do Brasil na classe dele, mas ele não era um cantor popular como Luciano Pavarotti, ele não estava a serviço dessa indústria do entretenimento. Ele fazia arte, esse apresentava como profissional, mas não tinha apelo popular de massa.  Para a grande massa só os famosos têm esse lugar ao sol, é uma pena, que nossa civilização só valoriza os números, os seguidores... se dá dinheiro vale alguma coisa, é uma completa falta de sensibilidade. Tudo virou objeto de venda e nós viramos produtos. Na arte do Aldo entre 1980 e 1990 o mundo era outro, tínhamos outros valores.

Lidar com esse paradoxo foi complicado, justamento por isso, o desconhecido em sua terra, mas conhecido fora dela. E isso a gente usou como forma de abordar o tema. Como assim? Como a gente não valoriza nossos talentos, eu me perguntava sempre, não tenho uma resposta! Isso é um problema estrutural da própria cultura? Um público que não conhece a música clássica direito, não sabe receber isso, É como se fosse ‘quase não permitido a conhecer’! Veja os programas de massa na Tv, olhe com uma lupa: Nenhum deles dá oportunidade para ao cantores desse gênero, eu mesmo estou tendo dificuldades de divulgar o filme como esse gênero nos veículos de massa, porque eles estão investindo a programação no tema da moda é uma neurose institucionalizada.  

Uma outra forma de construir a narrativa durante as entrevistas foi: ‘um minuto de silêncio’. E depois desse tempo eu perguntava: Qual é a imagem que vêm? E cada um lembrava do Aldo de formas distintas, o amigo, o artista, a música X ou Y que ele interpretava. Eu tentei buscar uma intimidade com cada entrevistado e saindo do obvio de cabeças falantes, tão comum no jornalismo de tv. Saber dessas memórias era importante, era o olhar do cineasta em busca de algo que eu não sabia... era uma construção do passo a passo, que levava a outras entrevista e a outras imagens e outras experiencias e para isso o ‘tempo’ foi fundamental. Esse ‘tempo de escuta’ tão raro hoje, eu consegui no processo do filme, um interesse genuíno no ato da entrevista.

4. O filme conta com depoimentos emocionantes de grandes nomes da música. Como foi a experiência de reunir essas vozes para compor o retrato humano e artístico de Aldo Baldin?

Quando eu fui produzindo esses nomes importantes foram aparecendo, fui colhendo as entrevistas, e nem pensava muito nisso, não dava muita importância, para não contaminar minha essência pura e genuína do não saber.  Estava em busca do desconhecido, minha falta de conhecimento sustentou a curiosidade. Só tive noção que estávamos com um material inédito e com grandes nomes depois na decupagem das falas, e como essas falas tinham uma importância histórica na biografia do Aldo Baldin, como elas contemplavam a trajetória, e o ‘ouvir falar’ do Aldo, agora tinha nome endereço profissão era um sujeito.  Foi uma descoberta ímpar e muito interessante, cada entrevista, me levava a outra, e a outros cenários, e a outras cidades países e regiões. 

Ficar sabendo do homem Aldo professor catedrático, que ajudou muitos alunos a conseguir sua primeira audição, apoiar a carreira os iniciantes com talento... isso é algo raro na época dele... imagine hoje... Fui descobrindo um Aldo humano, que quebrou a barreira do egoísmo, ele ajudava mesmo, inclusive com casa, comida e força psicológica para seguir uma carreira, ele sabia os caminhos das pedras e ajuda na travessia desses alunos, isso é lindo! 

5. A inspiração para o documentário surgiu de forma inusitada, a partir da capa de um LP. Como esse encontro fortuito influenciou o tom e a estética da obra?

 Sim, o Lp ‘Villa-Lobos Serenatas, Bachianas & Canções’ de 1987, foi realmente uma sorte ter encontrado ele. Percebi que, estar preparando para as surpresas e aceitá-las com presente da vida, foi uma maneira de conexão, como a sincronicidade da vida, eu tinha a percepção intuitiva que Aldo me guiava. Há um desejo por trás disso tudo, o desejo de se ‘apropria dessa história’ com pertencimento de uma identidade cultural da minha própria terra Urussanga. Os depoimentos da trajetória do Aldo Baldin, são tão exclusivos e ímpares que chega a ter uma essência universal, no sentido da jornada do herói. Joseph Campbell descreve isso de forma brilhante, né? O herói é convidado a se retirar da sua aldeia, e ir em busca de sua missão de vida, Aldo fez isso! Depois de muitas lutas erros e acertos, sucessos e fracassos ele volta para a sua terra, e isso está representado na capa desse disco. Mas o herói não completou sua jornada... eu percebo que ele não foi tão reverenciado tão valorizado como deveria ser. Ao optar em fazer o documentário operístico em - 8 atos - nós compartilhamos com o público que a sua própria vida foi a ópera mais incrível da qual Aldo participou.  

Como um material tão vasto o filme se construiu na ilha de edição, a narrativa dos materiais foi ganhando formas e se impondo à medida que as cenas, depoimentos de acervos e as próprias músicas iam aparecendo.... Quase que a própria energia do material quisesse estar presente. Como diz aquela música do Caetana, ‘Força Estranha’ (Por isso uma força me leva a cantar, Por isso essa força estranha) Eu faço dessa frase poética na síntese do trabalho: a força é algo maior que a gente.

6. A Goulart Filmes tem uma abordagem artesanal e poética no fazer cinematográfico. Como essas características se manifestam neste filme em particular?

Através das músicas e a voz dele. Eu escutava muito durante a edição..... foi o pano de fundo desse cenário que trouxe a inspiração. Eu me lembro, de ficar emocionado ouvindo ‘Bachianas Brasileira n.º 5’ cantada por ele, é de uma beleza telúrica que só podia estar no Lp, da capa com Urussanga. Eu não seu se as pessoas tiveram a experiência se sentir essa música na voz dele? Ela é a única gravação no mundo na voz de um tenor. A própria Mindina Villa-Lobos (esposa do compositor) autorizou o Aldo gravar com um registro de tenor. É um registro inédito, lindo e ímpar, a gente entende a poesia a letra na canção, a dicção do Aldo é perfeita.

Muitas vezes eu estava cansado na edição, mas as músicas do Aldo me deixavam fluir me davam força para continuar, é uma fonte de inspiração. Você ouvir os depoimentos e ouvir Aldo Baldin era um prazer... (a gente tem dois Prêmios de Edição), talvez a alma desse filme esteja nessa costura que a edição te leva... é um filme de edição, quando a gente fala disso é sublimação da escrita do filme. É uma escrita digital no freme a freme do corte... Isso também requer coragem, tirar os excessos sentir o que se comunica com o publico.

Quando eu falo do ‘artesanal’ estamos falando do cineasta que opera a câmera e som, que faz luz, que organiza os arquivos, que telefona para produzir as entrevistas, que se expõe ao ‘não’ e ao ‘sim’, é preciso coragem para a rejeição. Sustentar os ‘não’ é se fortalecer nos seu ‘sim interior’.  Tirar dinheiro do bolso para pagar as passagens o hotel a alimentação em outro país... carregando os equipamentos... E o cineasta que não se conforma como o ‘não é possível, não dá!’...  Eu também fiz a edição do material, e faço uma analogia sobre isso: É um ato de se ‘declinar’ como uma clínica da escuta, para ouvir com muita atenção as entrevistas e prestar muita atenção na pausa, no silêncio e não tem pressa. Eu sou o diretor que domina a técnica do softwer de edição para ter o controle absoluto do material, então, tudo é orgânico e artesanal.  Passa pela cabeça desse diretor, como uma construção de alfaiataria, como um vestido, um terno sob medida.  Não é um processor industrial, como prazos para entregar e com a demanda das vendas e de um cliente. Não mesmo! Essas características se manifestam e estão impressas no filme.  Todos os sons, como de um ‘projetor’ ou de um ‘clique de uma máquina de fotografia’ ou ‘apertar da tecla do gravador de fita cassete’, a respirada do Aldo, o aquecimento da voz antes do ensaio, todos esses sons analógicos de um mundo do século passado estão impressos no filme e foi colocado cuidadosamente.  

 7. O documentário já recebeu 24 prêmios internacionais e percorreu diversos festivais. Qual foi a recepção mais marcante até agora, e como o público estrangeiro tem reagido à figura de Aldo Baldin?

São três tempos marcante onde estive presente e senti isso de perto:

A primeira no FAM (Florianópolis Audiovisual Mercosul 2024) que recebemos o Prêmio de Melhor Filme pelo Público, foi uma experiencia única, sala lotada, as pessoas foram para saber quem foi esse Aldo Baldin, depois da exibição uma conversa sincera com o publico. A emoção que a gente percebe depois da exibição a presença do crítico de cinema, Luiz Zanin Oricchio, que escreveu sobre o filme: “O documentário Aldo Baldin - Uma Vida pela Música é comovente e essencial para conhecermos esse grande artista brasileiro.” E tudo isso, me deu uma felicidade enorme, porque o publico catarense ainda está redescobrindo o Aldo, sempre foi um ‘ouvir falar’..., mas com esse documentário essa história no imaginário passou a ter imagens sons e música.

A segunda foi no ‘Festival Internacional de Bach Stuttgart’ 2025 (na Alemanha, março de 2025); a exibição para o público alemão, como debate após a seção. Ex-alunos do Aldo estiveram presentes, hoje músicos consagrados no cenário clássico na Europa, amigos e apreciadores foram prestigiar. Essa experiencia foi muito importante. fiquei sabendo de uma outra dimensão dessa carreira, como Aldo ainda ressoa 30 anos depois da sua morte na memória dessas pessoas. Na sala de cinema elas conheceram os depoimentos como do Helmuth Rilling,  e Sir Neville Marriner, (maestros que trabalhavam com Aldo) de uma forma como nunca, falando do talento da disciplina e da qualidade técnica do Aldo Baldin e como ele sendo brasileiro conseguia dominar essa técnica com maestria. Todos esses depoimentos em um único filme, potencializou a força de biografia dessa artista, ver e ouvir Aldo cantando na tela do cinema mexeu como essas emoções do público eu fique muito emocionado de viver essa experiencia ao lado da Irene F. Baldin.  

 A terceira foi a exibição na Universidade de Música (Hochschule für Musik Karlsruhe), escola onde Aldo foi Professor catedrático, em abril desse ano. Abrimos o ano letivo, como alunos novos inclusive brasileiros, que ficaram sabendo a existência do Aldo Baldin pela primeira vez. Eles ficaram surpresos com esse desconhecimento, elas não tinham noção da importância artística e da referência do Aldo nas inúmeras gravações. Ex-colegas da Universidade e ex-alunos, ficaram surpresos como a dimensão da carreira dele, mesmo sabendo um pouco, é muito diferente ver no filme. O documentário compactua as informações e como se toda uma vida diluída com o tempo em 49 anos de existência, tinha sentido agora em duas horas de exibição. A beleza de um documentário é justamente essa, ver a essência das coisas, sentir o que realmente é relevante. Os alemães sabem ser precisos na objetividade no planejamento nos resultados, eu estava com receio de apresentar o documentário nesse espaço... Mas deu tudo certo e senti que foi bem recebido, sai de lá como a sensação de missão cumprida.

A exibição em festival também é uma experiência de mostrar outras ‘facetas brasileiras’ Nós conseguimos produzir artistas do nível do Aldo Baldin, mas também conseguimos colocar no esquecimento, por falta de saber do real significado do que se ‘tem valor’. Se dá muito valor ao samba, a bossa nova, a MPB, mas o Brasil também é além disso, não é fácil quebrar esse estigma, eu percebi que no Brasil existe um pré-conceito como a música clássica, um olhar desconfiado como esse gênero. O que é uma pena! Temos que pensar na ‘continuidade’ da formação de plateias. Esse publico gosta de ouvir e sentir a musicas clássicas, eles apreciam, mas, não tem oportunidade de estar em contato.

 8. Em 2025, ano em que Aldo completaria 80 anos, o filme chega aos cinemas brasileiros. Que impacto vocês esperam causar no público nacional com essa redescoberta de um “gênio esquecido” da música erudita?

Muitas pessoas me corrigiram no uso da palavra ‘erudita’. Nos últimos anos a própria classe tenta evitar e substitui-la por ‘clássico’, é como se o ‘erudito’ necessitaria de um certo conhecimento e estudo para entender. Isso pode afastar o publico leigo. Então para deixar mais popular eles não usam mais o ‘erudito’. Achei interessante essa transformação cultural no simbólico da etimologia da palavra... coisas no ‘mundo líquido’! Então, estamos falando do ‘sentir’ do ‘tocar o coração’, sem saber se é Mozart, Bach ou Beethoven, essa música clássica que toca as pessoas. 

Quando você fala do “gênio esquecido” eu usaria o ‘intérprete gênio esquecido’, não podemos esquecer que ele não criou nada de novo, mas foi um grande intérprete respeitando os gêneros e estilos das épocas. Ele foi um artista que descobriu na sua voz no seu corpo na sua interpretação a sensibilidade de interpretar conforme o estilo dos compositores.   Aprendi também com esse filme, que ao ler as partituras antigas o estilo do compósito ‘pode ser’ respeitado, e Aldo sempre respeitou sempre foi honesto com a obra. E esses estilos musicais significam uma época: Medieval, classicíssimo, romantismo ou modernismo, essa inteligência musical nasceu com ele, foi um dom.  Ele não teve formação de estilos quando criança na roça... como essa criança desenvolve isso?  Claro que o ouvido absoluto dele ajudou a captar a sentir a interpretar essas épocas... Ele era gênio, porque soube usar a interpretação com instrumento da sua linguagem.

Agora o que é esquecido?   A gente esquece de algo quando esse algo existiu. Para grande massa brasileira Aldo Baldin nem existiu direito, portanto, ele foi esquecido. Ele na verdade não foi - APRESENTADO - se ele não foi apresentado a grande massa ao publico em geral, ele não pode ter sido esquecido.  As pessoas que conheceram o Aldo Baldin, viram ele cantar, trabalharam com ele, jamais esqueceram.  Essas pessoas vão ao cinema aplaudi-lo e reverenciá-lo. A própria professora do Aldo me escreveu essa semana: “Não vi ainda nenhum outro cantor que tenha consagrado sua arte "post morten" como o Aldo, é ele deve isto a você” (Eliane Sampaio, 93 anos).  É como essa frase da professora do Aldo que o filme vai se apresentar na estreia aos brasileiros, aos catarinenses e aos urussanguenses, quem foi Aldo Baldin além daquilo que ‘ouvi falar’? Agora, com o filme a gente pode ouvi-lo cantar, poder ouvir ele falar, como ele pensava, como ele via a missão de ensinar! Então nosso objetivo é justamente esse: ‘Goulart Filmes, apresenta: Aldo Baldin – Uma vida pela Música.’   



Yves Goulart, natural de Urussanga–SC, é ator, cineasta, produtor e repórter cinematográfico. Iniciou sua carreira artística em 1995, no teatro em Curitiba, expandindo-se para o cinema e a TV. É formado em Cinema e pós-graduado em Educação, com pesquisa sobre o uso do cinema na educação, além de ter se especializado em Psicanálise do Século XXI. Ao longo da carreira, recebeu diversos prêmios e homenagens no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, pelo seu trabalho artístico e pela promoção das culturas portuguesa e brasileira. Destaque para o documentário Urussanga Centenária, que lhe rendeu uma moção de aplausos por preservar a memória de sua cidade natal.


Serviço

Aldo Baldin – Uma vida pela música

Onde? Rio de Janeiro (Cine José Wilker e Cinesystem Botafogo) Belo Horizonte (Una Belas Artes), São Paulo (Espaço Petrobrás de Cinema,Reserva Cultural e Cinesytem Frei Caneca), Florianopólis (Paradigma), Criciúma (Cine + Arte), Niterói (reserva Cultural) e Recife (Cinema do Museu).





Taciana Oliveira é natural de Recife (PE), Bacharel em Comunicação Social (Rádio e TV) com Pós-Graduação em Cinema e Linguagem Audiovisual. Roteirista, atua em direção e produção cinematográfica, criadora das revistas digitais Laudelinas e Mirada, e do Selo Editorial Mirada. Dirigiu o documentário “Clarice Lispector - A Descoberta do Mundo” Publicou Coisa Perdida (Mirada, 2023), livro de poemas.