Com quatro décadas de escrita, autor lança coletânea de contos pela Editora Patuá

 


Com quatro décadas de escrita, autor lança coletânea de contos pela Editora Patuá


As complexidades dos vínculos humanos, suas contradições e fragilidades são o eixo central de “52, casa 1” (Editora Patuá, 180 págs.), livro de estreia do carioca Alexandre Amorim, doutor em Teoria Literária pela UERJ. A obra reúne contos escritos ao longo de 40 anos, compondo um mosaico de afetos e conflitos que dialogam com os impasses da vida contemporânea.


“As relações humanas são mais complexas do que se imagina no cotidiano. Como diria Pessoa, ‘a alma humana é um abismo’”, afirma o autor. Essa perspectiva atravessa narrativas que oscilam entre desejo e repressão, intimidade e estranhamento, revelando a neurose dos relacionamentos impossíveis ou árduos — sejam eles amorosos, familiares ou de amizade.


Compre o livro: clica aqui



Entre Freud e a ficção


Para Amorim, os temas que emergem nos contos ecoam o clássico Mal-estar na Civilização, de Freud, em chave literária. As histórias exploram o impacto das neuroses cotidianas e revisitam personagens que transitam entre vulnerabilidade e violência. “Esse livro é a realização de um sonho da vida toda: ter uma obra publicada. O objeto livro dá um novo sentido à minha função de escritor, porque esta se torna socialmente real, e não apenas uma definição subjetiva minha”, diz.


A escrita de Alexandre Amorim privilegia a concisão, herança de seus autores de referência e de sua predileção pelo conto como gênero literário. “Meus autores preferidos elegeram o conto como estilo. Além disso, minha escrita sempre foi sucinta”, observa. Essa escolha estilística resulta em narrativas que deixam espaços em aberto para o leitor, que é convidado a completar lacunas e ressignificar situações. O resultado é uma prosa seca, mas de impacto imediato, que evoca tanto Rubem Fonseca quanto João Gilberto Noll, sem renunciar a uma marca pessoal. Ao longo das páginas, os contos de “52, casa 1” constroem atmosferas densas e inquietantes, funcionando como espelhos de nossas próprias fragilidades. As tensões entre afetos e conflitos, proximidade e afastamento, emergem como marcas da condição humana, traduzidas em linguagem literária.




Alexandre Amorim nasceu, cresceu e vive no Rio de Janeiro. Tem 59 anos e é doutor em Teoria Literária pela UERJ, instituição pela qual também concluiu graduação (1995), pós-graduação lato sensu (1998) e mestrado (2004). Concilia desde 2002 a carreira como analista de Tecnologia da Informação com sua trajetória literária e acadêmica, que inclui passagens como professor substituto na UERJ e na UNIRIO, tradutor e adaptador de peças teatrais, articulista de literatura no Jornal do Brasil e no CECIERJ.