Casa da Mata lança EP Carnaval e explora a melancolia pós-folia em novo trabalho
Depois do Carnaval, todo dia é quarta-feira de cinzas. É com essa premissa que a banda arapiraquense Casa da Mata lançou, em 30 de outubro, o EP Carnaval, obra que contrapõe a efervescência do festejo mais popular do país à nostalgia profunda que surge quando os últimos ecos da folia se desfazem. O lançamento marca um momento de transição criativa para um dos grupos mais consolidados do rock autoral alagoano. Conhecida por uma sonoridade marcada por riffs pesados, ecos setentistas, folk e baladas, a Casa da Mata concebeu o repertório do EP durante uma imersão de um fim de semana na remota praia de Miaí de Cima, em Coruripe, litoral de Alagoas. O encontro aconteceu na casa do guitarrista recém-integrado Nikolas França, cuja chegada ao grupo influenciou diretamente os rumos musicais do trabalho.
Dessa imersão surgiram oito composições, das quais quatro foram registradas no EP: Carnaval, faixa-título; Coisas Que Já Se Apagaram; O Bote; e Filho do Dragão. A canção “Carnaval”, com letra de Ayrton Bispo (bateria) e melodia de Alan Lins (guitarra e voz), sintetiza o clima do disco ao abordar a melancolia que permanece após a festa — uma imagem que também funciona como metáfora para fim de ciclos e despedidas emocionais. As baladas “Coisas Que Já Se Apagaram” e “O Bote”, ambas de Alan, exploram afetos distintos: a primeira é um lamento sobre a partida de alguém que deixou marcas; a segunda, uma narrativa sensual sobre o encantamento dos primeiros encontros.
O EP se encerra com “Filho do Dragão”, composição de Breno Airan (baixo e voz), um ousado samba-rock sombrio sobre o Conde Drácula. Com influências que remetem aos Mutantes, a faixa é dividida em dois atos: o primeiro guiado pelo fascínio e o segundo pelo desfecho apoteótico da figura vampírica. Segundo Breno, o projeto marca uma virada importante na trajetória do grupo: “A banda apresentou versatilidade mirando em diversas camadas nessas quatro faixas — que, em grande medida, mostram a mudança na sonoridade do quarteto com a natural entrada de Niko (fã e agora integrante) pela porta da frente da CASA.”
A capa do EP foi criada pelo designer Victor Hugo Brito, parceiro frequente da banda e responsável também pela arte do álbum de estreia, lançado em 2017. Todo o processo criativo foi registrado no minidocumentário “Ontem Foi o Começo de Tudo”, dirigido por Vinícius Carvalho. Dividido em três atos — praia, estúdio e o show de 10 anos da banda — o filme acompanha a construção estética do EP e a escolha das faixas. Carnaval foi captado, mixado e masterizado por Júnior Evangelista, com gravações realizadas no Guga Monteiro Studio, em Arapiraca, nos dias 1, 2 e 8 de fevereiro de 2025.
CASA DA MATA é:
Alan Lins (guitarra, violão e vocal)
Ayrton Bispo (bateria)
Breno Airan (baixo, violão e vocal)
Nikolas França (guitarra)
Participação especial:
Júnior Evangelista (teclado e efeitos)
Produção: CASA DA MATA
Captação: Júnior Evangelista, no Guga Monteiro Studio, nos dias 1, 2 e 8 de fevereiro de 2025
Mixagem: Júnior Evangelista
Masterização: Júnior Evangelista
Capa: Victor Hugo Brito

Redes Sociais