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Chile, 25/10/2019 Fotografia: Susana Hidalgo |
Me mandaron una carta
Por el correo temprano
Y en esa carta me dicen
Que cayó preso mi hermano
Y sin lástima con grillos
Por las calles lo arrastraron, si
La carta dice el motivo
Que ha cometido Roberto
Haber apoyado el paro
Que ya se había resuelto
Si acaso esto es un motivo
Presa también voy sargento, si
Yo que me encuentro tan lejos
Esperando una noticia
Me viene decir la carta
Que en mi patria no hay justicia
Los hambrientos piden pan
Plomo les da la milicia, si
De esta manera pomposa
Quieren conservar su asiento
Los de abanicos y de frac
Sin tener merecimiento
Van y vienen de la iglesia
Y olvidan los mandamientos, si
Habrase visto insolencia
Barbárie y alevosía
De presentar el trabuco
Y matar a sangre fría
A quien defensa no tiene
Con las dos manos vacía, si
La carta que he recibido
Me pide contestación
Yo pido que se propague
Por toda la población
Que el león es un sanguinario
En toda la generación, si
Por suerte tengo guitarra
Para llorar mí dolor
También tengo nueve hermanos
Fuera del que se engrilló
Los nueve son comunistas
Con el favor de mí Dios, si
La Carta, Violeta Parra
Taciana
Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife,
apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura.
Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra
quem quiser ouvir: Ter
bondade é ter coragem.
por
Taciana Oliveira___
Na
edição desse mês a seção Fotogramas inicia uma série com o
trabalho do fotojornalista Eduardo Matysiak. Nos últimos anos este
olhar é responsável por registrar acontecimentos históricos que
culminaram em diversas manifestações no Brasil. A fotógrafa
americana Dorothea Lange, que documentou o evento da Grande Depressão
nos Estados Unidos, afirmava: A
câmara é um instrumento que ensina a gente a ver sem câmara.
A fotografia de Eduardo atesta isso. Seus registros revelam um olhar
sobre a resistência.
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Manifestação Contra os Cortes na Educação/Boca Maldita/Curitiba |
por Baga Defente
Nota do Autor
Primavera Árabe, golpe de estado no Egito, revelação dos esquemas de espionagem da NSA. Guerra na Síria, Papa sulamericano, morte de Mandela e Chávez. Legalização do casamento gay, descriminalização do aborto e liberação da maconha — os três no Uruguai.
Jornadas de Junho, incêndio na boate Kiss, ampliação dos direitos das domésticas. Lançamento do programa Mais Médicos, prisão dos condenados do Mensalão, o sumiço do pedreiro Amarildo:
Dentro e fora do país, 2013 foi um ano tumultuado.
A nível pessoal & subjetivo, também.
Em junho de 2013, enquanto explodiam as manifestações (a priori) contra o aumento das tarifas de ônibus, eu amargava o término de uma relação.
Quase dois anos antes, havíamos — minha então companheira, nossos dois filhos e eu — trocado o cinza da cidade pelo verde do interior e vivíamos em um bairro rural.
Após a separação, optei por continuar ali, morando sozinho em uma pitoresca edícula “hobbit” — espécie de bunker encrustado em um pequeno morro, com arcos de bambú sustentando o telhado e a base das janelas ao nível do solo —, acompanhando online, em tempo-real, toda essa movimentação na capital enquanto encarava uma ressaca afetiva, que nasce o meu interesse pela política.
Até então eu me dizia um ser apolítico. Seis anos passados, nas mais diversas esferas — pessoal, social, profissional, artística — a Política é um dos meus temas centrais.
Este livro pretende ser um relato poético-político-pessoal dos fatos ocorridos no Brasil dos últimos anos.
Um retrato subjetivo do golpe jurídico-midiático de 16, cujo ápice foi o impeachment da primeira presidente mulher do país, e suas consequências — as quais estamos vivemos e, pelo visto, ainda viveremos por um bom tempo.
Por isso, creio ser válido comentar algumas coisas: primeiro, os poemas aqui apresentados seguem sua ordem de escrita. Assim, podemos ver uma certa inocência no poema de abertura, na crença de que “o gigante havia despertado”.
Inclusive, no início da edição deste livro, em parte por vergonha dessa ingenuidade — e por não mais compartilhar algumas das visões ali proferidas —, não o havia incluído nesta seleção; porém, conforme o livro foi tomando forma, achei importante tê-lo aqui, justamente por marcar o início, ainda que inconsciente, desta nova fase.
Poema dos anos 20, o único desta seleção previamente publicado — em Pingalove, meu livro de poemas anterior —, é aqui repetido por ter sido escrito durante a bizarra sessão da câmara que culminou com o afastamento de Dilma
Rouseff, um marco político tornado poético.
Na sequência temos o Poema de Repúdio, escrito para ser lido durante a abertura da 7ª Conferência Municipal de Cultura de Botucatu, em maio de 2016
O evento contemplava a leitura e aprovação do regimento interno da conferência, além de algumas intervenções artísticas; essa foi a minha, feita de supresa, sem aviso prévio, visto que fui integrante da comissão organizadora.
A leitura gerou desconforto em três ou quatro presentes, que foram embora e depois reclamaram nas redes sociais.
Por receio de retaliação do público, integrantes do poder público cogitaram a possibilidade de adiar as atividades do dia seguinte. Insistimos em seguir com a programação.A conferência transcorreu sem problemas com recorde de público.
Para mim, serviu para sentir e observar o poder mobilizador e transformador que a Poesia possui, mesmo quando não nos damos conta disso.
Então a vida seguiu, o país afundou e, graças ao Grande Acordo Nacional — com Supremo, com tudo — e suas consequências, os poemas deste livro se fizeram ser escritos.
Torço, realmente, para que possamos, o quanto antes, celebrar nossa saída do fundo desse poço lamacento cheio de alçapões — mesmo que isso signifique não mais (precisar) escrever poemas políticos.
Baga Defente, abril de 2019
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Baga
Defente é
poeta, artista visual & produtor cultural, sempre utilizando o
Acaso como sua principal ferramenta criativa. Em 2011 trocou o cinza
da cidade pelo verde do campo e se mudou da capital paulista para um
bairro rural no interior, onde divide seu tempo entre trabalhos
comissionados através do NADA∴Estúdio
Criativo
e sua produção autoral, a qual se manifesta em vídeos, pinturas,
colagens e textos que abordam e mesclam relações humanas
afetivo-sociais, política & ocultismo.
Desde
2015 também se dedica à publicação independente, produzindo
livros artesanais de pequena tiragem e grande cuidado, tendo até
agora lançado 13 títulos, quase todos de sua autoria.
Conheça
mais procurando por @bagadefente e @NADAestudiocriativo pelas redes
sociais.
por Taciana Oliveira__
Poeta, artista visual, produtor cultural e editor literário. Baga Defente é múltiplo e incansável. Há tempos que a gente queria publicar essa entrevista. Há tempos que ela precisava acontecer. Equilibramos nossas agendas e o resultado de nossas conversas compartilhamos agora.
por Mirada__
Memórias
da Emília - Grupo de Teatro Ená Iomerê - Colégio Diocesano de
Caruaru
Dia
22/10 - Teatro Rui Limeira Rosal/Caruaru (10h)
Por Mirada__
Martin Luther Propagandapiece - Suíça
FESTIVAL DE TEATRO DO AGRESTE 2019
De 16 a 26 de outubro – Programação da Mostra Profissional
Dias 16 e 17/10 - Teatro Barreto Júnior/Recife (19h)
por Taciana Oliveira__
O livro Azul Instantâneo de Pedro Vale nasceu da reunião de poemas e textos postados anteriormente em uma rede social. Dona de um arrojado projeto gráfico, a obra nos convida a desvendar a essência visual do poema. Para isso é necessário se reconstruir, se permitir a conexão com a matéria do imprevisível e imaginário. Nada é fácil e constante. Pedro oferta a dúvida, o abismo, a palavra-sopro, a convulsão. Para o poeta o poema é letal e expande-se na peregrinação pela existência. Há sempre um pulsar, um despertar áspero-suave pronto para provocar o desejo, a revolta e denunciar a dor de existir:
por
Rebeca Gadelha__
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Artista: Smile |
Horácio
veio do Norte com seu irmão, deixou na floresta um outro,perdido à
beira de um rio, apenas a espingarda deixada para trás. Na cidade ao
lado da capital comprou umas terras num povoado, fez um sítio,
casou-se com Chiquita, viveu da terra, dos bichos, teve filhos e
filhas — todos os nomes começavam com a letra M . Dizem estes que
Horácio ajudou a construir a cidade, hoje nada resta dele além de
uns poucos papéis na secretária de planejamento: Horácio é apenas
um nome que se perdeu, dentre tantos outros, no meio da história de
uma cidade — como tantas outras — que cresceu engolindo gente.
por Taciana Oliveira__
Uma entrevista, um bate-papo virtual com Marcelo Rêgo, um dos criadores do duo Sargaço Nightclub.
A música sempre nos acompanhou
O projeto Sargaço Nightclub é um duo de música autoral formado por nós, Sofia França e Marcelo Rêgo. Nós tocamos, respectivamente, violão e guitarra e dividimos os vocais de praticamente todas as músicas: sempre que um faz a voz principal, o outro faz backing vocal, e assim dividimos o repertório meio a meio.
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Sargaço Nightclub : Marcelo Rêgo e Sofia França Fotografia: Kamila Ataíde |
por
João Gomes__
Enquanto
o ódio deveria ser combatido, por meio da educação, ele vem à
tona por perseguição às minorias. Não quero falar a notícia, só
cravar minha ira sobre Dorias, Crivellas e toda trupe treinada ao
absurdo tão sem ordem e progresso. Mas só relembro que um recolheu
apostilas do ensino público de São Paulo por uma página tratar de
identidade de gênero e o outro fez perseguição às obras de
temática LGBTI comercializadas na Bienal do Rio de Janeiro. O ódio
disfarçado de política pública quando desperta a exclusão guiado
na violência ao próximo. O que excita os fascistas é mesmo uma
arma na mão. E livro é uma arma, ferramenta das mais poderosas.
Mais amor em SP e RJ e em todo o Brasil é pedir o mínimo diante
desses vendavais.