por Taciana Oliveira___

No último mês de março o Centro Cultural Banco do Nordeste em Fortaleza promoveu A Imagem da Palavra: Oficina Criativa de Narrativas Visuais. Na programação conceitos básicos sobre as afinidades das narrativas literárias e cinematográficas. Foram três dias de conversas, atividades teóricas e práticas relativas à concepção de roteiros para a produção de quatro videopoemas.

por Taciana Oliveira___


"Que época maravilhosa!" Ditadura de esquerda ou de direita é ditadura. Torturador não é herói, não merece homenagens. Quem legitima ódio, violência e preconceito não me representa.



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Taciana Oliveira é cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem


por João Gomes__

          
Fotografia de Evandro Teixeira


por Taciana Oliveira___


Recolho os versos fatiados, sigo o itinerário da ironia agridoce do poeta. Em Migalha de André Luiz Pinto, Editora 7 Letras, a dor persiste sem metáforas, a rebeldia sobrevive sem pedir licença. Os versos de André "conversam" sem disfarces. O poeta confronta:


Pensa que está livre, sossegado

no entanto só depois descobre

a casa foi construída na areia

Os fantasmas serão encarados, sozinho

em meio à maré cheia

Despedidas não te livram do fracasso

emoções não marcam hora.

A razão talvez seja: entender que acabou

e que a saudade pode ser saudável

e que separar pode ser necessário

para curar a vida

Curadoria por Taciana Oliveira



por João Gomes__

Líria Porto (Araxá/MG), a quem entrevistei para esta janela, me concedeu a oportunidade de editar mais um trabalho seu a partir de duas seletas de poemas. Mesclando de um e outro, cheguei ao volume em formato de e-book A sede do rio não cede publicado para ser lido gratuitamente por Vida Secreta Publicações(http://vidasecreta.weebly.com). Líria se chega para estar no mesmo catálogo que participam Adriane Garcia (MG), Gerusa Leal (PE), Wilson Freire (PE) e Marcelino Freire (SP). 

Com versos contundentes, diz muito em poucas palavras, conseguindo ora ser trágica, ora ser humorada, dando novos sentidos ao que acreditamos estar fechado em si mesmo. É uma poesia que penetra como a água em qualquer superfície, nem que seja para deixar úmido a matéria dura ou sugadora de afeto, encantamento e deleite. A sede do rio não cede, título que carrega sonoridade, ritmo e muito o que se dizer sobre a poesia que produzimos no deserto catedrático que atravessamos. 

torrão

o rio caminha caminha
alcança o destino mas fica onde estava

um rio não larga as origens
embora se perca nas águas salgadas

a sede do rio não cede

Sua poesia é um aprendizado imagético, sintático, rico em todos os sentidos, quando clareza e concisão vão de mãos dadas num amor pela língua portuguesa capaz de emocionar e se fazer entender por qualquer leitor. Líria é, como no seu nome, o porto onde se entrega poesia num embarque e desembarque, porque ela sabe e escreve: “o poeta tem ideia fixa”. 

E essa sua e nossa sede de rio nunca cederá à censura, à perseguição de liberdades individuais ou mesmo festejo do que matou e nunca se responsabilizou pelo que se fez. Que o poeta e o leitor tenha ideia fixa, mas que seja naquilo que humaniza e possibilite a vida em sua beleza mais real. Porque só a poesia pode humanizar o homem, só a poesia pode humanizar o homem, só a poesia… é e sempre será o meu mantra no rio de ressignificados onde tento nado/nada. 






por Taciana Oliveira__


Jane Fonda em cinco atos é um documentário que aborda a trajetória da atriz a partir do resgate de suas memórias e relacionamentos afetivos. Filha do ator Henry Fonda, refém emocional da trágica morte de sua mãe, Jane relembra seus três casamentos, escancara suas fragilidades e reconstrói o período significativo de sua militância. Feminista desde sempre, a narrativa do documentário revela uma mulher ainda profundamente conectada com o futuro.

por Taciana Oliveira___

Naná Sodré em cena
Carioca de nascimento, radicada em Pernambuco, produtora e atriz, Naná Sodré é uma figura imprescindível na cena cultural do Estado. Uma das idealizadoras da Mostra Luz Negra – O Negro em estado de representação, iniciou sua trajetória trabalhando com luz cênica. Mas no ano de 2009 começa a se dedicar aos estudos da interpretação e atuar como atriz. Para Naná era “algo incontrolável” criar um novo percurso profissional. A partir da aprovação de um projeto em um edital, e a realização de um espetáculo, os efeitos do racismo institucional se fez presente até mesmo na própria comunidade teatral. Uma atriz negra em cena, para alguns, era um “devaneio”

por Taciana Oliveira___


Não sei mais o que dizer de autoria de Jéssica Gabrielle Lima, uma publicação da Aliás Editora, é um desabafo poético  sobre perdas, afetos e possíveis recomeços. As ilustrações de Jéssica revelam com delicadeza o caos emocional de uma solidão feminina. Tudo dói, é intenso, frágil e absurdamente sincero. Tudo grita e se cala na mesma proporção. Não sei mais o que dizer cria atalhos para conexões visuais onde o amor reverbera além de toda ausência.

*Jéssica Gabrielle Lima é editora e ilustradora da Aliás. Formada em Letras, dona de um gosto musical mais-que-perfeito, criada no Modubim, Fortaleza, atua como professora, revisora de textos e mediadora de leitura. 



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Publish at Calameo




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Taciana Oliveira é cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.


por Juliana Berlim__

Selva Almada esteve no Brasil em 2018 para o lançamento nacional de seu livro Garotas mortas (Editora Todavia), tradução do original argentino "Chicas muertas" de 2014. A obra pretende acompanhar os desdobramentos de três assassinatos de jovens argentinas entre as décadas de 80 e 90 (Andrea Danne, Maria Luísa Quevedo e Sarita Mundin). Nenhuma delas era portenha e todas provinham de famílias da classe trabalhadora e/ou dirigidas por mulheres. Todas com idades entre quinze e vinte anos. O alijamento socioeconômico contribui, infere -se, na irresolução dos crimes. Almada, ela mesma uma jovem do interior do país, criada em uma cidade vizinha à da família de uma das vítimas, persegue essas histórias e refaz as pegadas deixadas pelas investigações conduzidas. Vasculhando os detalhes dos inquéritos, entrevista familiares, ex-namorados, amigos, vizinhos, conhecidos, qualquer um que permita a elucidação dos crimes ou lance nova luz ao obscurantismo dos acontecimentos de antanho.
Como técnica narrativa, Almada emprega a autoficção em conjunto com uma forma sincopada de jornalismo literário, já que a autora recusa sistematicamente a seus interlocutores a alcunha de "jornalista". Ela é sim uma escritora atormentada pelos fantasmas dos assassinatos de mulheres que, por serem tão próximas, poderiam ser qualquer conhecida, qualquer uma de nós. Este efeito aproximativo cria a vinculação pretendida pela autora para nos fazer perceber que os crimes contra o gênero afetam-nos mais diretamente do que a imagem plasmada, fria de uma notícia de jornal possa fazer perceber. Ela observa igualmente a inexistência, à época das mortes das jovens, do termo "feminicidio". O neologismo aponta para novos modelos de sociedade em que se entende a urgência do cuidado quanto à condição feminina, a qual, como Almada apresenta diversas vezes em seu livro, é ainda entendida como terreno livre para a consumação dos desejos e das perversões masculinas. O corpo da mulher é, em suma, um eterno campo de batalha.


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Juliana Belim é professora de Língua Portuguesa e Literatura do Colégio Pedro II. Conduz no mesmo colégio, o projeto de iniciação científica Neuromancers, de leitura e pesquisa sobre romances de ficção científica, bem como faz parte do corpo docente da pós-graduação Lato Sensu Ererebá – Educação Étnico-Raciais no Ensino Básico. Participou de três edições da FLUP – Festa Literária das Periferias, com a publicação de quatro contos no total.



por Juliana Berlim__


Zerstörung einer Illusion,’ 1977 © Karin Mack / SAMMLUNG VERBUND.


O brasileiro médio acorda, escova os dentes, toma café, sabe de uma tragédia e vai trabalhar. Mas se o brasileiro médio fosse uma brasileira média e tomasse conhecimento de uma tragédia logo de manhã, é bem provável que engolisse seu café a frio: desde o começo de 2019, não houve um único dia sem a notícia de uma morte de mulher.


por Henrique Wagner__


No ano em que os brasileiros elegeram um presidente machista e misógino, e em que uma ministra declarou que “mulher nasceu para ser mãe”, e ainda: “me preocupo com a ausência da mulher de casa, hoje a mulher tem estado muito fora de casa”, a editora Objetiva lançou a biografia “Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço”, de autoria da jornalista nascida em São Paulo, Adriana Negreiros. A sociedade civil resiste.

Curadoria de Adriane Garcia___



por Raimundo de Moraes__
Em homenagem ao 8 de março, o Mirada traz cinco entrevistas realizadas pelo escritor e jornalista Raimundo de Moraes, que fez das perguntas não só uma breve coletânea de opiniões, mas também um eclético painel sobre o universo feminino e suas múltiplas manifestações – seja na arte, no dia a dia e nos desafios do combate à violência contra as mulheres. 

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Gerusa Leal
O que te levou (e leva) a escrever?
Na base de tudo, a leitura. Fui uma criança muito introversiva, que sempre adorou ler, vício que adquiri com um pai também leitor inveterado, e escritor tão autocrítico que acabou pouco publicando. Até hoje prefiro ler. Escrever foi uma descoberta feita outro dia, há uns vinte anos quando, aposentada precocemente, me valendo da legislação previdenciária da época, e abrindo mão de quase um terço do salário, comecei a prcurar algo interessante para fazer.