Curadoria por Taciana Oliveira__




por Taciana Oliveira __
Outro mar é um ensaio fotográfico produzido no ano de 2011, nos estados do Maranhão, Ceará e Piauí. O fotógrafo mineiro, Patrick Arley, nos oferece um registro documental, um olhar poético sobre uma estrutura social e cultural do sertão nordestino. Esta é a primeira série, de um total de três, que iremos apresentar sobre o olhar etnográfico de Patrick Arley.

Ensaio Outro Mar/Fotografia: Patrick Arley


por Alessandro Caldeira__

por Sandra Modesto___

Tela de Edward Hopper


por Taciana Oliveira___




por Adriane Garcia___


por João Gomes_

Frame do documentário "O encontro de Baby Dietrich com o Pequeno Príncipe 

Hoje se comemora os 77 anos do lançamento do livro "O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry, para comemorar com um capítulo a mais, o escritor e cineasta Wilson Freire lançou hoje um documentário sobre um dos colecionadores da obra, o pernambucano Jaime Junior. Segue um trecho do depoimento do diretor do filme, Wilson Freire, para o Mirada: Fui com a equipe de um cineasta só. Eu, tripé, uma steadicam manual, para smartphone e um rebatedor. Esse equipamento, o smartphone, nos dá essa possibilidade de sermos independentes, de não precisarmos, para esse tipo de filme, em lugares pequenos, com luz ambiente, som captado direto com um microfone lapela, também específico para o aparelho, com um só personagem, principalmente sem nenhum recurso financeiro de patrocínio, para pagar a outros profissionais. Treinei, aprendi e pus em prática. Em uma manhã fizemos as gravações e, logo em seguida, a edição. Tudo no smartphone.”

    Wilson Freire, em um trecho da entrevista ao poeta João Gomes.





*A entrevista completa você acessa aqui: João Gomes entrevista Wilson Freire e Jaime Junior

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João Gomes (Recife, 1996) é poeta, escritor, editor criador da revista de literatura e publicadora Vida Secreta. Participou de antologias impressas e digitais, e mantém no prelo seu livro de poesia. 


por João Gomes__

curadoria por Taciana Oliveira__



por Alessandro Caldeira__


por João Gomes__


Fonte; Cecom UNICAMP


O coronavírus é um assunto que não se esgota porque é uma grande ameaça a tudo e a todos. Anunciado no último dia do ano passado num alerta da OMS após notificação de autoridades chinesas a respeito de casos de uma misteriosa pneumonia na cidade de Wuhan, infelizmente sendo impossível de firmar aqui um número de infectados e óbitos pela grande tomada da pandemia, pois já estaríamos desatualizados, segue vitimando descontroladamente. Apesar da tristeza e medo gerais, reproduzo a sugestão que encontrei num post no Facebook: “Alguém poderia desinstalar 2020 e instalar de novo? Essa versão veio com vírus.” Um vírus que entrou chutando governos de todo o mundo, fazendo um estrago já comparado ao da Peste Negra e das duas Grandes Guerras. Chegado a poucas semanas nas Américas, o pior ainda está por vir.

Nós brasileiros tivemos a chance que alguns países não tiveram de estabelecer o isolamento social o quanto antes para conter a disseminação do vírus, apesar de termos tido o Carnaval. Na Itália, por exemplo, no dia 23 de fevereiro, 45 mil torcedores foram a Milão assistir a uma partida de futebol pela Liga dos Campeões. Considerada como uma bomba biológica, Milão não parou, seguiu normal quando havia já 650 infectados. Um mês depois o prefeito da cidade reconheceu que errou em não ter aderido à quarentena horizontal (total e não apenas dos grupos de risco) quando hoje já passam de 1000 mortos no país. Não pretendo buscar culpados, mas a normalidade não pode insurgir quando o mundo todo segue as recomendações da OMS, que é a de ficar em casa.

Por aqui os números são baixos, mas sabemos que estamos no começo da pandemia. Justamente por isso e o que já era de se esperar, o discurso de políticos que não entendem nada de nada já vem deixando confusa a população, e a imprensa vem cada vez mais se defendendo e fazendo seu papel, o de informar. Não podemos totalmente chamar de ignorante o presidente, pois ele defende em primeiro lugar suas bases eleitorais. Quando ele desobedece as recomendações de quarentena, indo para manifestações que aglomeram seguidores, para firmar-se ainda mais como mito, ao lado de eleitores que dão suas vidas e de suas famílias pelo extermínio em massa, é tão óbvio que seja ele e não outro. Um governo que nunca fez pelo país não poderia ser diferente num momento de tamanha preocupação mundial.




Leio exaustivamente sobre o coronavírus, desde antes do momento em que se anunciava os vencedores das escolas de samba, e a vontade que sinto é só de chorar. Além da de poder ficar mais em casa, é claro, se eu pudesse e não precisasse fazer entregas de bicicleta por aplicativos para sobreviver. Não sinto vergonha por estar no quadro de pessoas em vulnerabilidade econômica, mas não é demais dizer que muitas outras classes trabalhadoras, como a dos artistas e do comércio também estão. O socorro emergencial é o mínimo que o Governo Federal pode fazer pela economia do país, não fossem os impostos que devolverão cada centavo do socorro que muitos acham que é bondade aos mais vulneráveis.

Os grandes empresários do país já cobram do presidente para reabertura do comércio, prometendo fechar vagas de emprego caso o isolamento não seja suspenso até meados de abril. Não é demais lembrar que o surto por aqui começará justamente neste mês. Teatros sem abrir ao público, salas de cinemas com lançamentos adiados, gravações de novelas interrompidas, escolas fechadas porque as crianças são as mais assintomáticas. Como a solução para os não especialistas em nada é sempre sacrificar a população em nome de uma economia que já não crescia mesmo sem a epidemia, a normalidade por meio sobretudo da reabertura do comércio assusta ainda mais a todos. Seria a quarentena vertical, não total, quando sabemos que pessoas de todas as idades podem vir a falecer por complicações da Covid-19.

Sendo um assunto inesgotável, que sacrifica hábitos, como o de poder mostrar afeto por não ser permitido nenhum tipo de contato, impõe recomendações técnicas contestadas por leigos. É realmente uma crise, e sem precedentes. Na etimologia latina crise significa momento de mudança súbita, enquanto na grega: ação ou faculdade de distinguir, decisão, momento difícil. Então não seria exagero, ou fantasia, chamarmos de crise do coronavírus, não considerando como gripezinha, ou algo que passa sem complicações. Você pode até não ter graves sintomas, mas contaminado pode levar a vida de pessoas ao fim, o que seria tão grave como sair dando disparos por aí.

O desgoverno atual defende o armamento, logo o extermínio da população por um vírus contagioso seria mais eficaz que qualquer tiro à queima roupa. Por isso o pior não se conta, tudo é levado com irresponsabilidade e o Estado não protege como deveria. Ou ao menos o Federal não faz isso, enquanto o regionais ainda tentam num diálogo com seus municípios. O mundo não está questionando quanto tempo será preciso ficar em quarentena, mas por aqui pessoas como a ministra da Cultura, atriz que ao aceitar o cargo afirmou estar se casando com o governo, não poderia fazer diferente. Em seu perfil do Instagram postou e já deletou um texto criticando a quarentena, com uma foto sua de guardanapo no rosto, ironizando a utilização de máscaras por pessoas com sintomas.

Você quer ficar em casa? Tá OK!”, como se fosse um pedido ou forma de agradar seu novo patrão. Em resumo, seu texto defende a ideia de que, para ficarmos em casa, alguém tem que estar na farmácia, no posto de gasolina e na padaria. Realmente, há certa comodidade, eu por exemplo não a ofereço completamente aos clientes me recusando a subir até seus andares quando entrego pedidos de restaurantes. Mas o argumento do seu texto não é o de ter compaixão de quem está trabalhando, é o interesse econômico de quem investiu na bolsa, de quem apoia a exploração em massa. Da forma criativa como foi escrito, com uma lista quase interminável, perdendo somente para o silêncio e a falta de bom senso ao confundir a população quando a solução já está estabelecida em tentativa da segurança de todos.



Para não terminar totalmente com uma energia ruim como o desserviço à humanidade de pessoas assim, trago aqui o álbum “Planeta Fome”, de Elza Soares, que se for escutado nessa quarentena pode fortalecer as paredes da mente e trazer luz aos dias de dor em que estamos vivendo. Na canção “Comportamento geral”, ouvimos: Você deve rezar pelo bem do patrão / E esquecer que está desempregado. Em “Não tá mais de graça”, temos a resposta à sua canção “A carne”: A carne mais barata do mercado não 'tá mais de graça / O que não valia nada agora vale uma tonelada / A carne mais barata do mercado não 'tá mais de graça / Não tem bala perdida, tem seu nome, é bala autografada. “País do sonho” e “Pequena memória de um tempo sem memória” são de um otimismo capaz de expandir a luta por um mundo melhor. E mais, a maioria destas letras aqui citadas são de Gonzaguinha, algumas da época da Ditadura. 

Ouçam Elza, não escutem declarações fascistas, apenas as recomendações médicas, como a do Presidente da Academia Nacional de Medicina, Dr. Rubens Belfort: “Saiba que o vírus se espalha como areia fina num vento forte para todos os lados. Portanto, fiquem em casa.” E com uma comparação que achei de uma eficiência imensa: “Não dá pra escapar de mil bolas de futebol todas elas vindo na sua direção. Você que tem de sair de campo agora, para mais tarde ganhar o jogo.”, completa. Não é o fim, há muita gente lutando ainda por um mundo melhor, mas pra isso cada um precisa fazer a sua parte e ser ainda mais responsável por si e por todos. 



P.S.: E aos fascistas bolsonaristas, saibam que quarentena não é achismo. Vocês odeiam a mídia e consideram tudo como politicagem porque suas passeatas não atravessam sequer a esquina. 
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João Gomes (Recife, 1996) é poeta, escritor, editor criador da revista de literatura e publicadora Vida Secreta. Participou de antologias impressas e digitais, e mantém no prelo seu livro de poesia. 



por Ângelo Fábio_

Fotografia: Rogério Alves
por Ângelo Fábio__
  



Estamos focados no combate à pandemia do coronavírus (COVID-19) e assistimos aos constantes absurdos, que também considero como uma pandemia mental, do então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro. Além da incapacidade administrativa, da falta de diálogo e da ausência de um real posicionamento como líder, tudo que sai da boca deste indivíduo beira a estupidez, a insensatez e ao desrespeito humano. Sobre vários aspectos em jogo, pontuo a falta de recursos para saúde pública, o enfraquecimento do desenvolvimento econômico do país, a estagnação de políticas de fomento à cultura e o enfraquecimento de medidas pontuais para a defesa do meio ambiente. Estes e outros temas afetam diretamente a autoestima da  nossa população. E mais uma vez o setor cultural sofre perdas. As alternativas para contenção dos problemas para a categoria são cada vez mais escassas. É importante frisar que, em 19/03/2020, uma conferência online reuniu gestores e secretários estaduais de cultura. Foram apresentadas propostas emergenciais para a Secretaria Especial de Cultura do Governo Federal, através de um documento formulado pelo do Fórum de Secretários e dirigentes estaduais.
 
Alvim e Goelbbes

Da unção ao discurso Nazista. Uma cortina de fumaça até a chegada do pum produzido pelo palhaço.

Um assunto que  repercutiu bastante no cenário cultural, em janeiro deste ano, foi o vídeo divulgado pela Secretaria Especial da Cultura, em 17/01/2020, onde o até então Secretário Especial da Cultura, Roberto Alvim, copiou e adaptou trechos do discurso nazista, proferido pelo ministro da propaganda Joseph Goelbbes (1897 - 1945+).



“A arte brasileira da próxima década será heroica e será nacional, será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional, e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo – ou então não será nada”.

Tal discurso gerou uma onda de indignação e rejeição por parte de vários setores no Brasil e no exterior, inclusive pela Embaixada da Alemanha, que publicou uma nota de repúdio. Um dia antes do fatídico pronunciamento, Alvim apresentava ao presidente Bolsonaro as novas diretrizes do programa de incentivo à cultura, um projeto criado dentro de um perfil conservador e segregador. Após seu polêmico pronunciamento, Roberto Alvim é exonerado da Secretaria Especial da Cultura.

Regina Duarte e Roberto Alvim
Em 04 de março, de 2020, a pasta é assumida pela “Viúva Porcina ou a “Namoradinha do Brasil”, Regina Duarte. Ela, uma efusiva lutadora pelos interesses do agronegócio, é contra a demarcação de terras indígenas, além de se posicionar a favor dos cortes na cultura. No programa Conversa com Bial (29.mai.2019) na Rede Globo o apresentador e jornalista comenta: “Regina, eu tô me coçando pra dizer uma coisa… Se ainda tivesse ministério da cultura, você podia ser ministra da cultura. Não tem mais Minc*...”. Regina completa: “Isso aqui não é meu não. Não é uma ideia minha, mas é uma ideia que eu compro inteiramente, eu endosso. ME CHAMA PRO CONSELHO TÁ!?...”. Desde então tínhamos o prenúncio de sua possível entrada no extinto Minc, que hoje se resume a uma mera secretaria sem rumo.

Em momento prévio, antes do anúncio da sua nomeação, em rede social Regina sinaliza que “estar de corpo e alma com o governo e vai dar o melhor pela causa.” Não é nenhuma novidade que governos radicais findam ações ou qualquer proposta de melhoria no setor artístico. A pasta da cultura já havia sofrido uma tentativa de extinção no governo golpista de Michel Temer (MDB-SP). Na ocasião se discutia uma reforma ministerial, sendo o Ministério da Cultura o primeiro da lista para ser extinto. O Minc apenas sobreviveu por conta da pressão de diversos movimentos culturais e sociais. Artistas de todo o país lutavam e ocupavam espaços em atos de resistência. Atuamos para que o Ministério da Cultura se mantivesse de pé, mesmo com diversos problemas.

Mas aos poucos os movimento de resistência perderam a força. Por outro lado um [grupo de artistas brasileiros cria no ano de 2019, o Movimento Artigo 5º em defesa da liberdade de expressão e contra qualquer ameaça de volta à censura no Brasil. É um movimento coletivo espontâneo e suprapartidário do qual participam cineastas, atores, grupos artísticos, diretores, escritores, profissionais da moda, gestores culturais, jornalistas e advogados de todo o país que trabalham voluntariamente pelo respeito à Constituição Brasileira, nascida em berço democrático, vital para existência das atividades criativas e para a preservação do direito de ir e vir, ser e existir e da liberdade de pensar e se expressar.] - Fonte: https://www.artigoquinto.art.br/

Em 2019, com a chegada do governo da “Pátria A(R)mada Brasil”, o fim do Ministério da Cultura é oficializado. Sobra a categoria a criação de uma secretaria, medida semelhante a do governo Collor, que em represália a classe artística impôs o autoritarismo.
Nasce então a Secretaria Especial da Cultura sob a gestão de Roberto Alvim, ex-artista(?), ungido pelo apóstolo e “profeta” Kevin Leal, da Igreja Bola de Neve Church, no bairro da Lapa, em São Paulo. Alvim apresenta uma “máquina de guerra cultural”, talvez a partir daquele momento já servindo como uma cortina de fumaça para abrir as portas a tantos descasos e quiçá, a própria Regina Duarte.
O pronunciamento “nazista” de Roberto Alvim não foi gratuito, e sim orquestrado. A entrada da Regina talvez seja um aporte à barbárie da cultura. No discurso da oficial da sua posse, ela diz que: “Cultura é aquele pum produzido com talco espirrando do traseiro do palhaço”. A partir daí já conseguimos visualizar o tanto que ainda está por vir.


Colaborou: Taciana Oliveira
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*Acesse a entrevista do programa Conversa com Bial: Globoplay: https://globoplay.globo.com/v/7653765/
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Ângelo Fábio, 1981. Artista interdisciplinar e produtor cultural que trabalha com o cruzamento das linguagens cênicas. Fundador do Pós–Traumático, Hemisférios Itinerantes (AR/BR) e Caosmo Cia. Experimental. Estudou jornalismo de investigação na Universidade Popular Madres de la Plaza de Mayo e Licenciatura Direção Cênica (UNA), Argentina, porém não concluiu os estudos universitários. É idealizador do Cineclube Universo Paralelo e co-idealizador da Mostra Periférica, em Camaragibe. Também já foi diretor do Cine Teatro Bianor Mendonça Monteiro (2017/2018), produziu o livro Bianor – Trajetórias e Memórias e promove o Encontro das Artes Cênicas de Camaragibe (2017/2019). Como ator e diretor, integrou diversas companhias artísticas no Brasil e outros países.






por Adrianne Garcia__


por Taciana Oliveira__






Divulgação__

por Taciana Oliveira__




curadoria: Taciana Oliveira___


Poema de Ericson Pires, extraído do seu livro Pele Tecido (Editora 7 Letras, 2010)




por Tadeu Sarmento__



por Adriane Garcia__