por Divulgação___

 


 

por Daniel Glaydson__



 por Taciana Oliveira__



 

por Adriane Garcia__

 


 por Iaranda Barbosa__







Abayomi

 

Se uma mentira dita mil vezes se torna uma verdade, o que dizer de uma mentira contada, repetida e legitimada durante exatos 133 anos? O 13 de maio de 1888 não representou nem representa a libertação dos povos africanos escravizados. Tampouco a Princesa Isabel é o símbolo maior de salvação e luta abolicionista. Diversos são os mecanismos de força e opressão utilizados pelos grupos que sempre estiveram no comando e almejam perpetuar a hegemonia do poder. Seja por meio de ferramentas explícitas seja por estratégias subliminares, o pensamento dominante criou a imagem do povo preto sob inúmeros estereótipos, demonizando-a, inferiorizando-a, incapacitando-a. Logo, a sociedade reforça e reproduz discursos pautados, sobretudo, no embuste da adaptação da mão de obra negra em detrimento da indígena e na figura da herdeira de Dom Pedro II enquanto a grande redentora dos negros escravizados.


É na contracorrente dessas falácias, ainda hoje contadas e reforçadas por alguns livros de História e nem sempre discutidas nas salas de aula, que surge a Antologia das Mulheres Pretas, uma edição publicada pelo Selo Mirada Editorial, destinada a reunir mulheres pretas conscientes da ancestralidade e das heranças deixadas por guerreiras tais quais Dandara e Tereza de Benguela. Nesse sentido, o encontro aqui promovido surge enquanto manifesto, repúdio, repulsa, recusa para com a distorção, a falta de respeito, a não valorização da nossa história e a negação da nossa cultura. Logo, a Antologia das Mulheres Pretas não surge para comemorar esta data, mas sim para trazer reflexões, inquietações e discussões a respeito de infindáveis problemáticas a ela relacionadas.


Sob a temática “Liberdade”, cuja concepção abarca diversos sentidos e significados, mulheres de todas as partes do país deixaram registradas suas inquietações e visões de mundo através de materiais inéditos produzidos sob a forma de prosa, poemas, fotografias e ilustrações. Espaços como este são de extrema importância para que contemos nossas próprias histórias e pratiquemos o que Conceição Evaristo denomina de escrevivências. É imprescindível ouvirmos nossa própria voz e as vozes de outras mulheres com experiências e concepções de mundo diversas para que possamos compartilhar vivências, pensamentos e sentimentos, a fim de convergir para diálogos e aprendizados sem perder de vista a luta contínua e árdua contra as mais diferentes e cruéis formas de discriminação.


Lutamos por sermos mulheres, lutamos por sermos pretas, lutamos, novamente recorrendo ao pensamento de Conceição Evaristo, para forçar passagens e ocupar espaços a nós ampla e historicamente negados por uma estrutura racista, patriarcal, sexista e misógina que a todo momento cria estratégias e se utiliza de instrumentos para impedir nossa ascensão social, política, intelectual, econômica.


É exatamente por sermos conscientes desses sistemas opressores que decidimos nos unir e criar um espaço nosso, onde possamos nos expressar, utilizando nossas produções como arma libertária. Através da nossa arte mais e mais mulheres podem ouvir nossos gritos, protestos, louvores e apelos e compreender que eles são um convite para que elas também se juntem à luta. Locais de comunhão promovem o autocuidado, o amor próprio, a autoestima, o olhar sobre si mesma. Nesse sentido, a Antologia das Mulheres Pretas se propôs a disponibilizar gratuitamente os textos aqui selecionados, para que o número de pessoas seja cada vez maior. Dessa maneira, ampliamos o movimento simultâneo de nos aquilombar e expandir para irrompermos novos espaços e conquistarmos ainda mais a liberdade de corpos, cabelo, pensamento, espírito, voz, ação, enfim, para que alcancemos o rompimento de todas as grades, mordaças e amarras seculares que tentaram nos aprisionar, nos invisibilizar e nos silenciar em meio aos mais variados âmbitos. 


            Axé.


Iaranda Barbosa


20 de abril de 2021

 

Organização & Curadoria


Iaranda Barbosa

Liliana Ripardo

Juliana Berlim

 

Idealização 


Argentina Castro



Capa


Deborah Dornellas 



 

Revisão


Carla Vilella de Mattos 



Diagramação


Rebeca Gadelha

 

Autoras (Prosa/ Poesia)


Facetas de liberdade – Amanda Izaias da Silva

Respiro – Lenita Ramos Vasconcelos

Eu poeta - Natália Pinheiro

Reflexões  - Isabete Fagundes

Verdade e liberdade - Gabriella Poles

O sequestro – Alessandra Barbosa Adão

Quando existir é subverter – Desirée Simões

Poderosa filha Malkia – Sheila Martins

Liberdade às Yabas - Delma Gonçalves 

Alguém viu a liberdade - Fátima Farias

 

Ilustrações/Fotografias


Iansã – Gilda Portela

Ensaio "Toda nudez será castigada"– Amanda Cardoso

Danielle dos Anjos

 

Autoras Convidadas


Celeste Estrela (prosa)

Deborah Dornellas (ilustrações)

Lilia Guerra (prosa)

Taylane Cruz (prosa) 


Download: aqui


 

 

 

por Taciana Oliveira___

 


 por Lisiane Forte__


Feirinha da Beira Mar/ Foto: Lisiane Forte

por Rebeca Gadelha__


O lago, ilustração de Rebeca Gadelha

 por Divulgação__


 Até que ponto o local em que habitamos nos transforma e afeta nossas relações?





 

por Adriano B. Espíndola Santos __





 

 por Taciana Oliveira____




 

por Gilda Portella



Pierre Verger

 

por Adriane Garcia__

 


 

por Taciana Oliveira

 


 

por Taciana Oliveira___

 

Inspirada no poema "Retrato", de Cecília Meireles, a fotógrafa Gisele Carvallo produziu o ensaio fotográfico “Em que Espelho ficou Perdida a minha Face”.  Na seção Fotogramas desta edição, Gisele nos convida a conhecer o seu mais recente trabalho:

Nossa vida é feita de momentos. Momentos efêmeros como o semáforo que oscila rapidamente entre as três cores. Como o caminho da queda do chuvisco. Um piscar de olhos... e passou. Às vezes gostaríamos que os momentos fossem eternos. Mas não são. Outras vezes, no meio da dor, queremos que os momentos voem. E é assim, tudo passa. Tudo segue seu curso nesse caminho que é a vida.

Somos efêmeros. Somos apenas momentos. Somos um sopro.

Aliás, não somos. Estamos.

Foi nisso que me inspirei para fazer este trabalho. Eu adoro vivenciar a fotografia artística, a fotografia narrativa, essa fotografia que mexe com todos os sentidos. O ato de criação é uma experiência renovadora, às vezes dolorosa, que sai do âmago do ser.

O nome deste projeto é "Em que Espelho ficou Perdida a minha Face"? A série fotográfica foi inspirada no poema "Retrato", de Cecília Meireles:

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?

A modelo e atriz que me acompanhou nessa jornada foi a querida LaneLunaLuz Cardoso. Uma interpretação maravilhosa! Ela entrou em corpo e alma nesse projeto. O encarregado da maquiagem foi Gera Sales e a fotógrafa Eliza Alburquerque me auxiliou em tudo no dia das fotos.


A papoula, símbolo dos sonhos, está presente em quase todas as fotos. Exatamente como o símbolo de tesouros que nos acompanham durante a nossa vida. Ora os temos conosco, ora os perdemos, ora os reencontramos.

Escolhi essa trilha sonora: Only Time, de Enya, porque ela é exatamente uma ode ao tempo.

O que se foi. O que detemos. O que virá. Momentos.