por Ana Amorim Fontana__
caiu quebrou despedaçou- Ana Amorim Fontana |
O tecido frágil e fino que é a vida
Rilke
me inspirou em vários de seus poemas e citações
quando
fala sobre o destino e suas tramas
são
tramas finas e tão frágeis
que
podem rasgar a qualquer momento
podem
ser rasgadas naturalmente
pela
morte
por
términos e desencontros
decepções
tudo
isso se rasga em um processo lento e entrelinhas
não
é explícito
nem
visível
acontece
onde só a alma habita
o
fio da trama da vida
fio
esse que pode ser remendado
mas
assim como um vaso quebrado
quando
quebrado em pedaços nunca volta a ser o mesmo
a
trama da vida também não
uma
vez perdida, ou rasgada
não
se há reparo
que
faça voltar a ser o que era antes
a
vida é assim
ao
longo dela vamos sendo remendados
para
poder continuar
mas
nunca como nascemos
Ferida Escancarada - Ana Amorim Fontana |
Controlar
ah, esse ato de querer controlar
o controle é como uma corda presa a cintura do sujeito
que ao se perder, aperta mais
cada vez mais
até não aguentar
e largar mão de controlar
largando a corda que pressionava
quase quebrando os ossos
a carne
o corpo
a alma
largando a corda
larguei
de tentar controlar tudo
larguei
largo aos poucos
soltando a corda e respirando de novo
uma coisa é certa
fácil é escrever
difícil mesmo é largar
largar de se preocupar
largar de se sentir culpada
largar o passado
Pesar - Ana Amorim Fontana |