por Divulgação/ Marcela Güther
“Sou
uma avó sem neta”: Nayara Noronha aborda a perda de um bebê e a complexa
relação entre mãe e filha em seu livro de estreia
Publicado
pela 7Letras, o livro “Filha” pauta temas como luto, relações geracionais entre
mulheres e memória familiar; autora paulistana tem raízes e reside em Minas
Gerais.
“Filha
é a unidade vocabular perfeita para nomear esse livro que começa com uma dedicatória
voltada aos que não vingaram.”
Thaís
Campolina, escritora e resenhista, na orelha de “Filha”
"A
autora aborda o tema com sensibilidade, força e veracidade. E comove o leitor.
A jovem Nayara alinha as histórias de cada personagem com a sutileza de um
grande escritor, deixando o leitor esperando a próxima narrativa. Alterna a
força a emoção com a precisão das reflexões que o tema sugere. Deixa claro, em
suas páginas, que, por mais mortífera a experiência de vida, a história de cada
um, com sua mutabilidade, continua interessante. Ela nos mostra o quanto a
relação mãe e filha é complexa, bonita e distinta de qualquer outra
convivência."
Regina
Beatriz, psicanalista e autora mineira
Livro
de estreia da escritora e professora Nayara Noronha (@livretras), “Filha” é um
romance que aborda a profunda e complicada relação entre mãe e filha a partir
do luto de um bebê natimorto. Publicada pela 7Letras (2022, 132 pág.), a obra
conta com a orelha assinada pela escritora e resenhista mineira Thaís Campolina.
Uma
mãe, uma filha e um bebê que não vingou
Ester
nasceu morta. Diante de tamanha brutalidade, mãe e filha vivenciam lutos
distintos que se misturam enquanto acalentam suas dores. A história é dividida
em três partes narradas por diferentes personagens. As nuances de suas
personalidades vão sendo gradualmente reveladas ao leitor a partir das
distâncias e aproximações entre as experiências de vida de Estela e Elena, cujo
relacionamento se constrói e se desconstrói pelos afetos ferozes da (não) maternidade.
A trama envolve toda a rede de relações e
afetos em volta das protagonistas. Duas mulheres que se veem cercadas (ou
afastadas) de amigos, irmãs, avós, animais de estimação e memórias que vão do
pacato cotidiano do interior à solidão da metrópole, perpassando diversos
momentos de suas vidas. Estruturada em três partes, a narrativa de “Filha” se
apresenta a partir das vozes das duas personagens, Estela e Elena, que são
trabalhadas pela autora, principalmente, pelo marco da diferença. A condição de
mãe e filha, a origem em comum não é suficiente para fazê-las se entenderem
bem, sendo esse livro construído pelos seus encontros e desencontros.
De
acordo com Thaís Campolina, na orelha do livro, mãe e filha se constroem e
desconstroem, juntas e separadas. “Estela e Elena dividem nomes parecidos, uma
quantidade enorme de genes, uma família comum, lembranças diferentes de entes
queridos e uma história feita de um cotidiano típico das cidades do interior
que acabam evidenciados pela distância física, geracional e emocional, que
separam Elena, na maior cidade do país, de Estela em sua pequena e fictícia
Conceição das Gerais”, escreve.
A
história é marcada pelo luto, questões geracionais entre mulheres e seus
desdobramentos e memória familiar. “São temas que me atravessam como pessoa”,
afirma a autora, que reconhece que suas principais referências literárias
também se debruçam nesses assuntos e que muito do que foi trabalhado no livro a
inquieta pessoalmente. E destaca: “Com exceção do luto de natimorto que, além
de nunca ter passado por essa experiência, é um tema pouco retratado na
literatura e por isso mesmo que decidi escrever sobre.”
Uma
obra diretamente influenciada por Ferrante e Benedetti
“Filha”
não existiria se a autora não tivesse conhecido Ferrante e descoberto seu
interesse em narrativas que tratam sobre o papel social das mulheres com a
honestidade da best-seller italiana. São influências diretas em seu livro as
obras “Um amor incômodo” e “Dias de abandono”. Já a forma e estrutura de sua
história tem influência da novela “Quem de nós”, de Mario Benedetti.
A
autora conta que a primeira frase do livro “Sou uma avó sem neta” foi um dos
primeiros trechos escritos por ela, quando a ideia inicial da história ainda
era escrever sobre o peso social da maternidade para uma mulher sem filhos.
Somente após ouvir a história de uma atendente de sorveteria que perdeu seu
bebê, ficou impactada e “Filha” começou a vir à tona.
Com uma
escrita direta e repleta de frases curtas, a autora apresenta para o leitor a
chance de conhecer diferentes perspectivas, dilemas e vivências que se fazem
presentes em vidas comuns, ainda que por anos invisibilizadas na literatura,
como o luto de um natimorto, mas não só. Quando Thaís Campolina, na orelha do
livro, diz que “filha exige flexões típicas do verbo, como pessoa, número,
tempo, modo e voz, mesmo sendo gramaticalmente uma outra coisa, uma palavra já
generificada inclusive”, ela evidencia o quanto essa história é marcada pelo
gênero. Os não ditos que aparecem de alguma forma em “Filha” e que destacam o
livro surgem também do silenciamento imposto às mulheres.
Saiba
como adquirir um exemplar de “Filha”
A obra
“Filha”, de Nayara Noronha, faz parte do acervo do programa “Eu faço cultura”,
iniciativa da Secretaria Especial de Cultura e Ministério do Turismo que tem
como objetivo democratizar e impulsionar o mercado cultural. Está disponível
para o envio gratuito para escolas públicas, microempreendedores individuais
(MEI), instituições beneficentes, pessoas com deficiência (PCD), idoso e outros
programas sociais. Nesse programa, a compra dos livros é subsidiada pela Lei de
Incentivo à Cultura do Governo Federal.
O livro
está disponível para a compra nas livrarias Ponta de Lança e Mandarina, na
cidade de São Paulo e nas livrarias Jenipapo, Quixote e Primeira à Esquerda, em
Belo Horizonte. Também é possível encontrá-lo na Amazon e no site da editora:
www.7letras.com.br/livro/filha.
Acompanhe
Nayara Noronha no Instagram: @livretras.