por Alexandre Leite de Araújo
08 de setembro de 2022
Querida Repulsão,
Tua presença em minha vida cada vez mais fortalecida, ontem se fez mais densa.
Me
encanta tua estranha aquarela em que o amarelo e o amarelo mais o azul se somam
em um vermelho amarronzado, me prendem a atenção e faz te amar ainda mais
intensamente.
E
vossas formas? Sois maldita entre as mulheres, querida. Remetem do fálico ao
bélico, do ignorante ao tenebroso. Que vontade de beijar tenho a cada minuto
que te lembro.
Ainda
mais, que lindos os filhos que te acompanham todos de cabeça baixa e olhos
extraídos pelos teus próprios dedos indicadores e polegares. És zelosa, nota-se
em cada meticuloso ponto cosido nas bocas mutiladas dos pequenos.
Deixa-me
elogiar ainda -desculpa se estou repetitivo - tua voz. Ah, esta hipnotiza
mesmo! O reverberar de teu frênulo lingual deformado em conjunto com os sons de
teus vômitos quase fazem-me estourar o peito.
Como
queria eu ser incisivo o suficiente ´para te adentrar, te conhecer por dentro e
me alimentar de tuas entranhas podres, dilacerando a dentadas e gozando a cada
vaso venoso estrompado. Me vestir de ti e andar por aí para que todos vejam teu
couro decrépito e lembrem-se eternamente de minha amada.
Peço
perdão pela brevidade desta carta, mas neste exato momento em que te escrevo e
mentalizo, meu corpo quase colapsa tamanha a vontade de ti.
Te
amo, sempre estarei contigo. SEMPRE!