por
Nely Costa Barbosa___
Photo by Daniel Olah on Unsplash
Terra alheia,
revirei tuas entranhas, fecundei teu solo, semeando campos inteiros. Aguardei
tua gestação, alimentando teus brotos, saciando a tua sede e derramando sobre
ti o olhar cuidadoso de quem espera.
A boca
salivava, saltavam aos olhos o teu frescor. Teu cheiro, verde e úmido, tocava
meus lábios como uma prece sussurrada, uma súplica, um clamor.
Quem
dera ouvisses meus apelos, quem dera tivesses a gratidão das flores, dos
pássaros, dos homens que te semeiam. Quem dera pudesses entender a tua missão e
cumpri-la, quem dera os homens aprendessem a repartir. Quem dera das tuas
raízes brotassem esperança, alimentando sonhos, transformando destinos,
saciando a fome.
Buscas
uma saída, a revolução é diária, pequenas mudanças, gestos de esperança, não te
reconheces mais, não mais pertences ao teu destino, agora fazes o teu caminho,
nada vai te fazer parar.
Esperança
é sempre, sempre sonhar, sempre acreditar e agir, não importa o tamanho do teu
gesto, o próprio agir já é ato imenso. Traz para o teu lado quem acredita na
tua luta, aos demais, esqueces, nada flui na contramão.
Luta
legitimamente, se move, e o horizonte se refaz, já vislumbrarás outras terras,
outras perspectivas, outras formas de caminhar. Mas a caminhada é longa e a conquista
perene, então segues, firme, altiva e nunca esqueças do teu ponto de partida, que
será sempre combustível na tua caminhada.
(Texto
inspirado no Livro Torto Arado de Itamar Vieira Júnior.)