O que se faz e o que não se faz, crônica de Anthony Almeida

 Anthony Almeida__





O gauchinho e sua equipe têm um restaurante e lanchonete em Uberlândia. De beira de pista, o estabelecimento recebe nosso ônibus. Fazem um cafezinho para o motorista, um agrado; fazem chuchu refogado com calabresa, chuchu com casca, e é bom; fazem couve-flor cozida; fazem o básico: arroz, feijão, vinagrete, alface com orégano, frango guisado; fazem bolos diversos e salgados em quantidade. 

Na fila do caixa, fazem um corredor de ofertas: guaraná mineiro, salgadinhos globais, aguardente paulista e pernambucana.

– Pitú: procedência Pernambuco. Bora ver se essa cachaça é de lá mesmo – comenta, enquanto lê o rótulo da garrafa, o passageiro 33. 

– Pitú! – admira-se o passageiro 8.

– Tô vendo se é de Pernambuco mesmo porque tem umas que são feitas em São Paulo. Mas essa é pernambucana sim – arremata o 33.

O passageiro 8 conhece de cachaça. 

Aponta outra que é boa para fazer caipirinha, indica a Pitú de lata:

– Essa é melhor do que a de garrafa.

O gauchinho e sua equipe, não duvido, caso solicitados, fariam uma caipirinha, ou serviriam uma lapada no copinho de dose ou no copo americano. Mas há uma coisa que não fazem, informa uma placa atrás do balcão:

"Não fazemos miojo".


Uberlândia/MG. Agosto, 2022.







Anthony Almeida
é geógrafo, professor e cronista. Nasceu em Caruaru/PE e mora no Recife/PE. Pesquisa a Geografia Literária, escreve e estuda a crônica brasileira. É cronista da Revista Mirada, doutorando em Geografia, pela UFPE, e editor adjunto da RUBEM – Revista da Crônica. Contato: anthonypaalmeida@gmail.com