O Tietê da minha mãe, crônica de Anthony Almeida

 

Anthony Almeida__






~ É uma muvuca muito grande. Nem precisa ir, se não for necessário. É gente demais, parecendo uns cavalo, pior do que o metrô. Se você for, tenha cuidado no telefone, viu? Pra ninguém levar, tá certo? 

~ É gente demais, correndo pra lá e pra cá, sem tempo. Ninguém sabe que direção tomar. Vão pra um lado, pra outro, não param pra nada, nem pra dar bom dia, nem pra comer, nem pra tomar água, é só com os fone de ouvir música, uns fone bem grandão, atolado nos ouvido. 

~ Ônibus demais, gente chegando, gente saindo, gente chorando... Uiii! Óóóia, pelamor de Deus, eu não tenho boa lembrança de lá, não! Nem de quando eu cheguei, nem de quando eu vim mimbora... Ü~ü~ün! Vôte! 

~ Mas é um capítulo da vida. Dá pra você escrever, se você for com tempo suficiente. Quanto menos coisa você levar, melhor. Vai filmando na memória, sem ser com o telefone, entendesse?

~ Como é que tá seu coração pra essa viagem pra São Paulo? 

~ E depois, pra retornar pra cá?


WhatsApp. Julho, 2022.









Anthony Almeida é geógrafo, professor e cronista. Nasceu em Caruaru/PE e mora no Recife/PE. Pesquisa a Geografia Literária, escreve e estuda a crônica brasileira. É cronista da Revista Mirada, doutorando em Geografia, pela UFPE, e editor adjunto da RUBEM – Revista da Crônica. Contato: anthonypaalmeida@gmail.com