por Manoel Tavares Rodrigues-Leal
I
da água. o cantante fogo.
se nomeio o nome. o mundo. o rosto.
como. em amor. afago ou afogo
o fogo. o desastre. o mosto.
como. em nome. fornica
o fogo se desejo. distância tecida e antiga.
Lx. 14–2–75
II
e há a escassez do olhar.
que mergulha. e não vence
os degraus da combustão.
e as escamas das coisas. (em uma manhã de verão. linear)
e inerte. inerte. o chão. que se lê e tece. em vão.
Lx. 17–2–75
III
é intemporal a leitura.
e múltipla. como flores inocentes. inscritas.
agudo pranto. se descrentes.
no que lês. no que suspendes.
no que ouves. no que teces.
de temporal. de nascente. voz nascitura.
na arquitectura como aves. te moves.
se morrendo nos instantes. como morres.
Lx. 27-2-75
IV
às flores. mútuas. me refiro.
perfume antigo.
do teu corpo seios rosto.
mãos de mármore. se mar.
e se digo.
asas de ausência. hera de amor.
e. se amando. a nudez amar.
Lx. 1-3-75
V
colhei as rosas recentes.
com seu brilho. sua alvura.
com seu halo. sua aventura.
contentes as rosas rubras. e tangentes.
Lx. 29-3-75
_________
* Coligidos do caderno Voz Equívoca (As Flores Eloquentes) por Luís de Barreiros Tavares