Espantalhos da Mídia, crônica de Valdocir Trevisan

 por Valdocir Trevisan__





Eles são insuperáveis. Resilientes sem razão. Podem fazer oposição, faz parte, mas por favor, com argumentos.


Dias desses um amigo, grande empresário, mandou um vídeo "fake" perguntando como eu defendia Che Guevara, assassino de crianças e gays.


Como que é?


Perguntei da onde surgiram tais notícias, mas imaginando fui pesquisar. Logo vi no Google "é falso que Che Guevara assassinou…", mesmo assim tive o trabalho de enviar para o amigo. 


No fim recebi uma resposta "definitiva", ele dizia que essa era a opinião do Google e não o "que ele pensava".


 Ah, tá!


 Toinnn!!!


 Entenderam? Também não, mas vamos tentar entender as teses de um… bolsonarista...


Quem pensa "assim"? O Google?


Não amigo, isso é História.


História… da disciplina História. 


Depois vem seu argumento poderoso, "não é assim como penso". Bom, aí o surreal supera ideologias.


É impressionante o funcionamento de certas bolhas, um mundo à parte. Eles podem não gostar de determinados governos, mas não me venham com "é assim como penso". Onde o objetivo se perde em subjetividades.


Como assim… "é assim como penso"?


Não está vendo que a cor daquele carro é verde?  Não, para mim é preto porque penso assim.

E falácias, como a de Che Guevara, (cuidado, comunistas comem criancinhas), são disseminadas e pior, acreditam, afinal eles "pensam" assim.


Guevara, um médico, assassino de crianças e gays...


Márcia Tiburi escreveu na edição da Revista Cult do último mês de setembro que a "falácia não é simplesmente o argumento, mas toda a situação do argumento, como vemos acontecer com a Fake News, pelo qual entramos no devir do espantalho na era da desinformação planificada". Ela afirma, como vamos retrucar argumentos fracos como "é assim como penso"?


Foi o que aconteceu, parei ali, e a discussão com meu amigo encerrou.


O espantalho vem com uma tese que… tá loko, porém esse era seu objetivo. 


Para Tiburi essa teoria tem até nome, truque da falácia do "homem de palha", porém, imagino que alguns nem saibam da tese. Evidente que alguns conhecem e "usam" o homem de palha para terminar um suposto debate.


 Ora, eles pensam assim e ficam esperando Godot, o Caçador de Marajás e falsos mitos.


E se preparem, não vai demorar para as mídias malditas inventarem o "Cristão Torturador", o "Mito II" ou o "Caçador de Comunistas".


A maioridade de Kant vai para os esgotos do conhecimento. Discernimento, amigos… E mesmo que Eça de Queiroz tenha dito que "não vale a pena Doutor, realmente não vale discutir porque em política hoje é branco, amanhã é preto e… zás, tudo é nada", por favor, discernimento é essencial 


Como o incremento da tecnologia das mídias malditas recrudesceu a menoridade… Cuidado! Eles, sempre eles, com suas boiadas, estão à espreita...


Cuidado, os espantalhos são muitos...




Valdocir Trevisan
 é gaúcho, gremista e jornalista. Autor do livro de crônicas Violências Culturais (Editora Memorabilia, 2022) Para acessar seu blog: clica aqui