Tudo é eterno, crônica de Carlos Monteiro

 por Carlos Monteiro__


                                                                           
                                                                          
                                                                                    
                                                                               
                                                                                    
                                                                                     
                                                                             
                                                                                         

Tudo é eterno


Tantos artistas anônimos ou famosos depositaram ali suas obras, na última morada do corpo terreno. Alguns pensarão que existe morbidez nestes campos-santos, eu colocarei que, na verdade são museus de arte a céu aberto. Também não é mórbido homenagear antepassados, lembra-los de forma carinhosa por meio de flores, orações e rezas.


Quando chega, ‘a indesejada das gentes’, como escreveu Bandeira, muitas vezes é caminho para o cemitério, palavra grega que, explica a etimologia, significa: ‘lugar para repouso’, ‘lugar para dormir’ ou ‘dormitório’; soa estranho, mas o significado é exatamente este, uma espécie de camarinha para o tal ‘descanso eterno’ que tanto assombra os homens.


No dia dois de novembro é celebrado o Dia dos Fiéis Defuntos, Dia dos Mortos ou, como é mais conhecido, o Dia de Finados que, na etimologia da palavra, quer dizer algo que findou. A origem da data remete ao século II, quando alguns cristãos rezavam pelos falecidos e visitavam seus túmulos oferecendo flores. Já no século V era costumeiro que dedicassem um dia por ano a preces e orações àqueles que partiram, principalmente os que não tivessem familiares que pudessem fazê-lo. No século VIII, um decreto do abade Odílio do mosteiro beneditino de Cluny na França – o maior deles na Idade Média – determinou que os monges, sob sua jurisdição, lembrassem o Dia dos Mortos em dois de novembro. Quatro séculos depois, o papa, Inocêncio VII, adotou a data como o Dia de Finados para a Igreja Católica. A data foi escolhida por ser imediatamente posterior ao Dia de Todos os Santos.


A morte é ‘comemorada’ de várias maneiras pelo mundo e não é exclusividade do catolicismo. Quase todas as religiões contam com um dia específico dedicado à memória dos mortos.


Os celtas, por exemplo, por acreditarem na continuação da vida após a morte, se reuniam em suas casas, no dia primeiro de novembro, para homenagear e evocar seus antepassados.


“A morte não é nada. / Eu somente passei / para o outro lado do Caminho. / Eu sou eu, vocês são vocês. / O que eu era para vocês, /eu continuarei sendo...” Santo Agostinho 354 d.C.  ─ 430 d.C.




*fotografias de Carlos Monteiro




Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.