por Marisa Barbosa__
Fortaleza, 17 de junho de 2025
Sabe, pai, hoje tem sido um dia muito difícil. Difícil pela sua ausência, difícil pelas labutas da vida e mais difícil ainda porque ninguém parece entender essa dor que me cerca. Esse ano vai fazer 28 anos da sua partida e vez ou outra a mamãe quer falar sobre sua ausência e sobre o quanto isso lhe deixou ferida. Eu e minhas irmãs não conseguimos escutar as partilhas que minha mãe fala sobre o senhor, pois apesar do tempo ainda é doloroso falar, ouvir isso. Às vezes, alguns conhecidos seus vêm falar de você para mim, e eu detesto quando isso acontece, porque sei que essa dor ainda está aqui, inflamada, encharcada até. E quando paro para pensar sobre isso me pergunto por quê o senhor não fez mais para estar aqui. Mamãe sempre comenta que o senhor poderia ter dado um jeitinho, mas tinha tanto medo de morrer que se foi da pior maneira possível. Mamãe disse que estava tomando banho quando recebeu a notícia sobre sua partida. E sabe? Acho totalmente injusto! Injusto porque minhas irmãs puderam te conhecer e eu preciso conviver com a sua ausência e nem mesmo saber ou lembrar da sua voz. Hoje tenho 28 anos, sou formada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Nunca pensei que fosse chegar até aqui, porque a gente sempre acha que o outro pode mais do que a gente. Mas consegui, vivenciei um longo percurso na Universidade e sou muito feliz por isso e mais ainda pelas oportunidades que chegaram, apesar de não me achar muito merecedora. Em 2022, vivi um dos anos mais difíceis da minha vida. Comecei a trabalhar em uma escola onde me sentia extremamente mal, mas não podia sair porque precisava daquele emprego. Ao longo do ano, fui assaltada quatro vezes e desenvolvi crises pós-traumáticas. Precisei iniciar um tratamento com medicação para aliviar os sintomas e, nesse período, também comecei a fazer terapia. Sou imensamente grata à Mônica, que percebeu a gravidade da minha situação e a urgência de um acompanhamento psicológico. Ela, com muita generosidade, se prontificou a me atender gratuitamente, pois eu não tinha condições de arcar com os custos. Durante as sessões, uma dor profunda me acompanhava: a sua ausência. Em muitos momentos, imaginei que, se você estivesse aqui, me acompanharia até a parada de ônibus, me protegendo e, talvez, evitando que eu passasse por tudo aquilo. Posso estar enganada, mas tenho certeza de que você seria um super pai. Sua ausência dói profundamente! Mas voltando ao assunto da minha graduação, eu me formei! Sou formada em Pedagogia. Mas queria lhe dizer que você fez falta e sempre fará. E sobre sua esposa e suas filhas, estão bem e todas estão casadas e têm filhos. Mamãe está bem, tem dias que tá cansadinha, mas sempre bem! E para terminar essa carta, tem uma música que me lembra perfeitamente de você. Ele me faz chorar profundamente pensando em como seria você estar aqui. Por fim, queria dizer que te amo e que estará sempre vivo em meu coração!
Só se tem saudade do que é bom
Se chorei de saudade, não foi por fraqueza
Foi porque eu amei
Só se tem saudade do que é bom
Se chorei de saudade, não foi por fraqueza
Foi porque eu amei
E se eu amei, quem vai me condenar?
Se eu chorei, quem vai me criticar?
E se eu amei, quem vai me condenar?
Se eu chorei, quem vai me criticar?
Só quem não amou, quem não chorou
Quem se esqueceu que é um ser humano
Quem não viveu, quem não sofreu
Só quem já morreu e se esqueceu de deitar
Só se tem saudade do que é bom
Se chorei de saudade, não foi por fraqueza
Foi porque eu amei
Só se tem saudade do que é bom
Se chorei de saudade, não foi por fraqueza
Foi porque eu amei
E se eu amei, quem vai me condenar?
Se eu chorei, quem vai me criticar?
E se eu amei, quem vai me condenar?
Se eu chorei, quem vai me criticar?
Só quem não amou, quem não chorou
Quem se esqueceu que é um ser humano
Quem não viveu, quem não sofreu
Só quem já morreu e se esqueceu de deitar
Só se tem saudade do que é bom
Se chorei de saudade, não foi por fraqueza
Foi porque eu amei
Só se tem saudade do que é bom
Se chorei de saudade, não foi por fraqueza
Foi porque eu amei
Só se tem saudade do que é bom
Se chorei de saudade, não foi por fraqueza
Foi porque eu amei
Só se tem saudade do que é bom
Se chorei de saudade, não foi por fraqueza
Foi porque eu amei
Sou Marisa Barbosa, tenho 27 anos e sou licenciada em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará. Atualmente, atuo como Bolsista de Apoio Técnico. Tenho muito orgulho de ser filha de Fátima.