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Foto de Jr Korpa na Unsplash |
Nós, os sertões de argila vermelha
Aisthésis é como uma estrovenga que seu
Adamastor costuma usar na labuta metódica.
É como um bolo formigueiro escatológico,
paradoxal, hercúleo e débil.
Ao cortar com uma enxada, revela a
transversal, a unidade concêntrica.
Aos olhos tortos, uma massa pontilhada.
Sob a visão densa, revela-se o mundo.
No Pali Tipitaka, a "sana" e "vedana".
Para Laozi o Wui Wue.
Naquela beleza protegida a sete chaves por
um muro diáfano, o reflexo inteligível da matéria.
Já meditou o que os búlgaros de Sófia ou
os palestinos em Gaza pensam sobre o bolo?
Seu caráter octimensional engana,
contradiz, revela, indaga, explora, desafia, coloniza.
Do solo aluvial ao maná de Shad 3.
Do Mekong escutar as vibrações do
McDonnell Douglas F4 Phantom 2.
Do voo predador do Condor, alça arrasante
sobre a COLINA.
O 'eu' como colônia, como relógio derretido de
Dali, não como desafio, mas como condição.
O Red Velvet subjuga o Carimã, o 'De Rolo',
o Fubá, o Formigueiro. A Aisthésis engana,
ludibria, disfarça o gosto e muitas vezes
aliena.
-/-/-
Cavadeira, chibanca, enxada dão suspiro a
uma nação que se orgulha das brutas
máquinas do 'fechado'
Hoje no almoço, pude jantar rice, beans e
soybeans
Valdira um prato exímio do guia michelin;
Cavername de curraleiro.
Somos aquilo que comemos, Hipócrates
No Palácio de Ezhou, 650 mil.
Hipócratas diriam que são brasileiros.
Ou apenas, só, somente, unicamente,
pleonasmamente, meramente um despautério.
Aufhebung em Hegel é Colar de Ouricuri,
Beiju, Xerém, Carne de Sol
A Aufhebung dos simples, será
que percebemos, será que notamos,
será que somos o que engolimos?
O fruto da enxada e da chibanca é viço.
É paracetamol para o estranhamento.
É lambedor de raspa de rapadura e gengibre
para a estranha tosse.
Seixas diria que é mosca na sopa
O que redimirá o nosso tempo?
Não será o café expresso, ou ração suína,
meu compadre.
-/-/-
O suspiro da criatura oprimida (não dormente).
O grito açoitante (da gaiola mental).
Fuja. Fique. Um dilema hegeliano.
Quando a eszopiclona falha, volume 1:
Levanta-te e escreve. Cultiva o arbóreo.
Mészáros, Harvey, Luxemburgo.
O som da cigarra ao canto da rasga-mortalha.
Ecolocalizar morcegos no fundo do finado hospital.
_Olá?_ Deixando de lado a companhia do fauno noturno.
Alguém me ouve? (Sussurros).
Lembro: faltou Passos Guimarães.
A Bic expulsa-os.
A Bic é a sementeira e a colheita.
A estilográfica, mãe da heresia arbórea.
Altercar: uma pantomima.
Uma patuscada.
“E o prêmio de melhor roteiro,
pelo quinquagésimo sexto milésimo ducentésimo
quadragésimo oitavo ano consecutivo vai para… Brasil!”
A rasga-mortalha rasga mais uma vez.
Nem Turing desvenda esse Enigma.
Recordo Dona Zefa, que dizia:
“Se ela passar e não for do seu feitio,
é o último dos suspiros.”
Arborosidade é rasga-mortalha:
Condenante.
Descondenante.
Dicotômica.
Moscanassopa.
Concede animus.
A ótica de uma oiticica assemelha-se
a um vislumbre de _scientiae visionis._
Envergadura larga, enigmática, anátema.
O que é senão augúrio?
Ou talvez, tão-somente, eco de arbóreos antepassados,
chamando-nos ao regaço de suas raízes.
Responde, com outro _olá_
oiticica murmura o verbo,
carnaúba declina promessas.
pé-de-algaroba brejeiro.
De súbito, mal súbito, abrupto
Ergue-se o tribunal faunesco, floresco,
matabranquesco.
Condena, absolve, germina.
Urutau, implacavelmente acerta.
Togado, olhar de fogo, de um juízo
condenativo.
Na mesma cadeira em que, outrora grandes
foram condenados, hoje estou.
Condenado e Descondenado, uma pena
contraditória.
_Soterious Logus_
O cerne da rasga-mortalha,
a dona de uma noite sem fim,
engole as palavras do filósofo que,
como um Platão
encurralado em seu próprio mundo das ideias,
não suportaria sequer meia hora de debate.
A arquitetura racional,
se dissolveria nesse tribunal faunesco,
o arbóreo que, sem cerimônia, dá a sentença,
e a liberdade vem em forma de fruta podre,
sem pedir permissão para a lógica humana.
-/-/-
Álvaro de Campos que me perdoe,
mas diante do exposto…? Diante do exposto é muito
Colloresco, sonho de uma noite de verão.
Armínio Fraga e sua revolução, a estapafúrdia
criogenia, é uma palhaçada em sua totalidade,
o tardio no seu âmago.
“Seria espetacular para os pobres!”
Seria espetacular que congelemos também
para as futuras gerações Guedes
e companhia, fruto do chicote de Chicago.
Mas não em câmara fria qualquer — em
cápsulas vitrificadas de Excel,
na cratera de algum polo perdido, com a boca
ainda articulando “austeridade”
Que fiquem lá, imóveis,
até que a inflação dos ossos os corroa.
Deixa-nos tontos (ou p’s da vida) a habilidade
da sua intelectualidade orgânica.
Com toques de benevolência e pomposidade.
É como uma máquina tecendo caxemira
Karpov jogando no auge do posicional
Um português macarrônico, e não de um
gringo qualquer, mas daquele que sabe bem
enrolar Dona Lurdes da melancia.
Aurélio Buarque do léxico encantatório explica
Consolidação fiscal é lesa-pátria e
expectativas racionais é horóscopo em Excel.
Ajuste estrutural? Lembra do Major Antônio
Moraes de Auto da Compadecida que queria
“rancar” uma tira de couro das costas de
Chicó?
Tire suas próprias conclusões.
É comum, hodierno, normal ver na capa do jornal
China, Rússia, Europa e EUA
Mas anormal, incomum e caduco ver o chicote
estralando no Sul Global,
Doutrina X, Y, Z.
Pacotes vindos de siglas que pouco me
importam – BM, FMI, ONU.
Enquanto SUS, FUNDEB, CNPq e INSS é
soberania marchando rumo aoralo.
Ralo? Expressei-me mal, ralo presume
esgoto, insalubridade.
Quem usa ralos e esgotos são as edições do Jornal Nacional
focadas em minar a soberania de
nosso povo.
São canais límpidos para que ultrapassem
o republicanismo idealista do “Todo poder
emana do povo”.
Para eles povo é o c@r4lh0,
Para eles povo é mero número, planilha
É problema a se gerenciar
Viajei pouco nessa vida,
ao contrário de Darcy, mas entendo
perfeitamente o que diz sobre O Povo
Brasileiro
Dos quatro cantos do mundo,
nada é tão sublime quantos as terras
tupiniquins –
não somente pelas belezas fáceis, mas pelo
que tem
“Dentro do humano, o povo brasileiro, seu
destino, é o que mais me mobiliza”
Permita-me a poesia do parafrasear
“A nitidez com que vejo o Brasil potencial, o
Brasil inevitável, converte o Brasil atual numa
fonte de aguda dor.”
“Não escolhemos nascer, mas somos
condenados a ser livres: uma vez no mundo,
somos integralmente responsáveis por tudo o
que fazemos.”
E que fique claro, pesado no peito que
nem punhal de renda:
quem vive só de sonho manso, sem luta nem
briga,
entrega o futuro, o presente e até o passado de mão
beijada
pra quem só sabe congelar o tempo,
embalsamar a vida.
-/-/-
Chronos e Kairóso tempo em sua dupla
determinação,
Chronos um velho louco, rabugento, insano e
conservador,
Um ancião que luta incessantemente para
manter vivo um mundo sempre mesmo e
igual,
um mundo ermo, regular e sem vida,
um mundo sempre eterno e imutável,
Chronos na sua rudeza odeia tudo o que é
novidade e cujo prazer consiste somente em
devorar tudo o que represente juventude e
renovação
-/-/-
O rosso da terra reflete os espamos do
Moloch global
Escarlate in natura e “insanguentado”
Furtado em sintonia com Platão interpretaram
o Chronosdesse chão,
morto, inanimado e sem sentido.
Ceuci soluça,
Brincam, reviram-na como boneco de pano
Sá e Melo’ssorriam até Van der Dussen vir
e tomar a bola,
De bola nova, Almeida Valim gargalhava, mas
uns vietnamitas, colombianos e etíopes
vieram chatear
Al Rihla quem toca é menino Maggi e Salles, a
dupla aposta da vez.
N° 597 da Seleção
Do outro lado,
No meridional encontra-se Kairós
O que dá de comer ao “sufrido”
Esquecido, escorraçado.
Meridional?Ubíquo!
Do túmulo de Mani a resistência dos filhos de
Ceuci
que agradecem e compartilham a semente do
abauti-uaupé
que honram e lutam pelo sangue de Eldorado,
meros jogadores de várzea,
porque não podem jogar nos Maracanãs
O Maracanã simula ter braços fortes,
mas são as mãos calejadas de Kairós que
carregam o peso desse solo,
são pés descalços que bailam no barro das
várzeas,
mesmo quando o jogo é roubado, a bola
distante.
Kairós e seu confronto com Chronos
A arte da humanidade, contra
desumanos números,
Chronos tem seu destino, age como princípio
e fim, por mais que se gabe por imortal.
Para Kairósreserva-se a luta, a fugaz semente
que insiste em brotar, ao qual Chronos tem
medo.
Medo de que Kairós jogue no Maracanã, ou
pior, que ergam seus próprios.
Adair Cauã Vinicius Nunes da Silva é estudante, natural da cidade de Delmiro Gouveia, Alagoas. Filho de dois professores, desde pequeno, nas viagens com sua mãe à capital da energia (através da extinta via da Real Alagoas) sempre despertou apetite pelas histórias da vida sertaneja dos ascendentes de sua mamãe, ao mesmo tempo que vislumbrava a recôndita, formosa e labiríntica mata branca. Deve ser daí que o entusiasmo tomou conta, apaixonado pela beleza dessa enigmática região, é aficionado desde os contos da sua terra com a "Gracilianidade" passando pelo Patativa do Assaré até o baiano Jorge Amado, e como desassisado que é, você deve estar pensando que ele aprecia a Filosofia, é... você acertou...
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