Entre o vazio e a plenitude: poesia como caminho de reconstrução

 por  Cibele Laurentino | 



Entre o vazio e a plenitude: poesia como caminho de reconstrução


Nas páginas de sua obra de estreia, Hud abre o peito e costura palavras como quem tenta reunir os próprios fragmentos. “Não há reconstrução sem morte, logo é preciso exorcizar a dor vivendo-a”  é a partir dessa premissa visceral que seus poemas nascem, transitando entre o real e o imaginário, entre sentimentos e ações, entre o que foi e o que quase foi.


Com uma escrita intensa, honesta e sensível, Hud mergulha em seus dilemas existenciais e angústias cotidianas para transformar vulnerabilidade em arte. Em versos como “Quase vivi, / Quase fui feliz”, revela a constante sensação de potencial não realizado, enquanto em “Não quero ferir, / Não quero magoar”, expõe o desejo de atravessar a vida sem causar danos, mesmo que isso custe a intensidade plena da experiência.



O amor, tema central da obra, surge no embate entre a idealização e a realidade. “Todo grande amor é fraterno” ecoa como um lembrete de pureza, ao mesmo tempo, em que reconhece as fissuras e contradições que tornam o amor humano e imperfeito. Entre a coragem de enfrentar a vida e a tentação da resignação, Hud convida o leitor a caminhar nessa corda bamba, onde cada passo é uma pergunta, e cada poema, uma tentativa de resposta.


A simplicidade também ocupa espaço nessa travessia poética. “O pequeno, simples e fácil / É que tem real valor” reflete uma aceitação possível da vida, embora a própria poesia questione os limites dessa escolha. Para Hud, a arte é bússola e abrigo: “O que é a arte senão a invenção de sentimentos?”


Esta obra é um espelho emocional: fala das dores que não precisam ser esquecidas, mas sentidas até o fim.





Hudson Cunha, mais conhecido como Hud, tem 33 anos. Carioca criado em São Paulo, filho de pais nordestinos, carrega em sua trajetória a força da família, das amizades e da cultura popular. Executivo com sólida carreira no mundo corporativo e mestre em Psicologia Organizacional, Hud é apaixonado por artes, literatura e filosofia. A escrita sempre esteve presente em sua vida como um caminho de cura e autoconhecimento — e a arte, em suas múltiplas formas, guia sua forma de se relacionar, de trabalhar e de transformar contextos.



 




Cibele Laurentino — Ativista cultural nascida em Campina Grande, Paraíba. Membro da Academia de Letras de Campina Grande e da UBE — PB. Bacharel em Letras, formada em Gestão em Turismo, divulgadora de autores contemporâneos. Idealizou o projeto Conversa com Escritores. Autora dos livros: "Cactus" (poesias); "Nobelina" (romance); "Todas em mim" (contos), traduzido e comercializado em espanhol pelo grupo editorial Caravana; “Eu, Inútil", romance premiado como melhor obra de ficção em Portugal no prêmio Ases da Literatura.