por Taciana Oliveira__



por Adriane Garcia__


por Quiercles Santana__



por Taciana Oliveira__

A exposição online Serrinha Luz e Cores, do fotógrafo Yuri Juatama faz parte da programação do projeto TudoEmCasaFecomércio, uma ação do Sesc Ceará. Yuri apresenta seu projeto para o Mirada e assim define sua proposta: Serrinha Luz e Cores” tem como principal objetivo elevar a autoestima do bairro onde moro através de uma nova perspectiva imagética. O Projeto possui uma estética própria, são fotografias pictoriais e noturnas, que dialogam com a diversidade da periferia. É uma tentativa de retratar a identidade periférica cearense, trazendo em suas narrativas, temporalidade e signos da diáspora sertão-capital.



por Rebeca Gadelha __ 
Curadoria de Taciana Oliveira

por Taciana Oliveira__
por Taciana Oliveira__

A poesia árida e agridoce de Daniel Glaydson Ribeiro é testemunha explícita do colapso humanitário que nos rege. A lama que nos consome triunfa no solo semeado de mortes e ignorância. E assim Daniel escreve: o medo é uma larva coletiva
A resiliência virá? Não sabemos. Façamos da dor a estrutura do verso. Nietzsche em Assim falou Zaratustra ditou: Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.
Daniel desenha no seu poema uma crítica honesta ao capital, ao descartável. Ele nos faz refletir que podemos romper a casca e enxergar além das linhas dos códigos de barra.

Participou da Curadoria: Argentina Castro.  
Ilustrações: Sanzio Marden.
Diagramação: Rebeca Gadelha
Faça download do plaquete : Internet Archive 








____________________________________________
Daniel Glaydson Ribeiro nasceu em Picos (1985). Pai de Anita, Tarsila e Bento. Professor do Instituto Federal do Piauí. Experimenta e medita os Círculos de Envolvimento, colocando em práxis no ensino de língua e literatura uma proposta democrática, em que tod@s se expressem ética e esteticamente. Dentre as publicações recentes, estão: “Corpo consciente e os círculos de envolvimento (ciber)cultural” no livro 50 olhares sobre os 50 anos da Pedagogia do Oprimido (2019); o poema “Põlinud-iná” na revista Desenredos (2020); e traduções de Paul Valéry na revista Em Tese (UFMG), juntamente com Fábio Roberto Lucas. Pesquisou a obra de Jorge de Lima no doutorado em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP), mergulhando no acervo do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa. Carnifágia malvarosa: as violações na Suma Poética de Jorge de Lima, indicada ao Prêmio Capes de Tese, traz à luz material do processo genético da neobarroca Invenção de Orfeu. Hoje, coordena o projeto de extensão “Linguagem e poesia #dendicasa”, cuja produção pode ser encontrada em youtube.com/Linguagemepoesiadendicasa
   ___________________________________________________________________






Taciana Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.


por Taciana Oliveira__


por Cinthia Kriemler_



Março de 2018. Quênia.

Eutanásia. O último rinoceronte branco do norte está morto. Sudan, 45 anos, se torna parte das espécies e subespécies dizimadas pelo único predador que mata por ignorância, por lucro. E sempre por prazer. Um macho de sorte — mesmo que sorte seja uma palavra estranha de significado. Não foi abatido como caça. Sobreviveu. Capturado aos 10 meses de idade, foi enviado para um zoológico. Por 36 anos agradou humanos. Morre, agora, num santuário. E santuário também é uma palavra de significado incomum. Um cativeiro cercado por boas intenções. Uma fração da história que deveria ter sido. De um jeito ou de outro, Sudan foi uma vida desvirtuada. Deturpada em seu roteiro original. Fecha os olhos cercado pelos soldados que o protegem, pelos cuidadores e pelos pesquisadores que o observam há quase uma década. E quando o seu corpo de dois mil e trezentos quilos — tomado por uma infecção generalizada — segue para o descanso da morte, ainda ostenta, intocado, o cobiçado chifre que fez dele um alvo por toda a sua vida. Sudan é o último macho dos rinocerontes brancos do norte. Mas o seu sêmen congelado ainda é esperança de rebentos. Multiplicados, alimentarão a lenta e difícil tentativa de reverter a extinção da subespécie. Se os caçadores não se reproduzirem como pragas, se a cobiça não caminhar mais rápido do que a ciência, se todos os obstáculos forem superados, talvez seja possível repovoar a savana.
Não há lágrimas pelos rinocerontes brancos do norte. São apenas bichos.

Abril de 2014. Chibok, Nigéria.

Negras. Virgens. Crianças. 276 meninas sequestradas de uma escola em Chibok por fundamentalistas islâmicos do Boko Haram. Em nome do fanatismo, da dominação e do ódio, essa trindade depravada. Afastadas de suas famílias, impedidas de suas crenças, privadas de qualquer dignidade. Pasto fresco para as bestas que justificam atrocidades em nome de um deus falsificado, omisso, cúmplice. Caças impotentes.
47 fugas. 117 libertações em trocas árduas com o governo. Mas 112 meninas de Chibok nunca mais são vistas. Para elas, não há a proteção do santuário. Só o cativeiro. E as curras que não cessam. E a parição de bebês indesejados que crescem ao lado de seus reprodutores selvagens, influenciados pela bestialidade de crenças pervertidas. 112 meninas-matrizes, como as cadelas acorrentadas que cruzam e cruzam sem descanso até a morte por infecção, por inanição ou por maus-tratos.
Não serão resgatadas. Não têm nome ou foto nos jornais. São apenas meninas negras da África. Descarte.

Fevereiro de 2018. Dapchi, Nigéria.

Não bastaram. O sequestro das 276 meninas de Chibok. Os casamentos forçados. A destruição das identidades. O aniquilamento dos alicerces psicológicos, religiosos e morais. As crianças geradas por espermas sem nome. Mais 110 são raptadas em Dapchi. Meninas. Em plena luz do dia. Porque a luz do dia parece ter se tornado uma sentinela inútil e impotente. Em igualdade perversa, as meninas nigerianas de Dapchi são como as meninas de Chibok. E como os rinocerontes brancos do Quênia. Indefesas. Caçadas. Afastadas de suas histórias originais. Exiladas. Cativas. Desenraizadas. Vítimas da mesma ganância. Neles, o que se cobiça são os chifres. Nelas, os úteros.
No mundo, tudo permanece silêncio. São apenas estatísticas ruins do Terceiro Mundo.

2 de setembro de 2015. Costa da Turquia.

Aylan Kurdi não vence o mar. Como poderia? [... as águas são rotas de braços frios / que adormecem bebês / meninas, bebês meninos / para entregá-los, purificados / a um Criador envergonhado]. Aylan Kurdi é só um menino de três anos. Sírio. Como a maioria dos refugiados que fogem das guerras pelo poder. Aylan Kurdi é mais uma criança afogada numa praia da Turquia. Vira notícia porque a turca Nilüfer Demir e sua câmera estão em vigília na areia trágica. Ah, os fotógrafos! Esses seres despudorados que denunciam com suas lentes o que os olhares frágeis das pessoas frágeis preferem não ver. Ver é inquietação. Por isso, talvez, o mundo não tenha chorado por Galip, 5 anos, irmão de Aylan. O corpo dele não chegou à praia. Não foi fotografado.
Não ver é a alienação desejada.
Aylan e Galip saíram de casa para morrer no mar. Sem entender por que deixaram para trás o seu país. Crianças não entendem as guerras. Não deveriam, igualmente, fazer parte delas. Nem deveriam ser arrancadas das suas referências para serem jogadas no cativeiro do exílio.
Aylan e Galip fazem parte da cegueira cômoda. Afinal, são apenas meninos sírios.

20 de setembro de 2019. Morro do Alemão, Brasil.

Morro do Alemão. Ou qualquer outro morro. Desde que seja morro. Ágatha Vitória cai. 8 anos. Tiro nas costas. De fuzil. Coisa de covarde fardado. Mais uma — e já foram tantas. Crianças como ela, meninas como ela. Feitas de sorrisos, de brincadeiras, de fantasias. A de Mulher Maravilha invocando o sonho de um mundo de justiça e de mulheres guerreiras. E o pesadelo da realidade se contrapondo. Ceifando, ceifando, ceifando.
Crianças. Já nem se trata de quantas. Ágathas, Guilhermes, Alanas, Kayos, Larissas, Adrielles. Já nem se trata de onde. Nova Holanda, Borel, Alemão, Guarabu. Faz tempo que essa conta está perdida. E perdido é o que tudo está. Bala. Homem. Consciência. Futuro.

Outubro | Novembro | Dezembro de 2019. Em todos os grotões de pobreza.

Caixões brancos encaixados uns sobre os outros empilham-se em tédio cínico. Aguardam os hóspedes perpétuos que se deitarão entre suas paredes finas. E o cheiro do sangue que, mesmo lavado, se entranhará nas suas fibras fracas como uma droga perigosa, viciante, nauseante. Meninas. Meninos. De algum morro, de alguma comunidade, de algum bairro pobre. De qualquer lugar esquecido ou desprezado pela tal gente de bem.
Há também covas rasas. Esperando os que não podem pagar pela mísera decência de um caixão vagabundo. São bocas indigentes essas covas arreganhadas em espera curta. Sabem que logo será saciada a sua fome ávida. Mais tarde, corpos pequenos preencherão as suas entranhas. Perfurados por balas perdidas. Vítimas dos predadores que somos: os que abatem, os que aprisionam, os que empurram para a morte, os que perseguem até a extinção. Como os caçadores do Quênia, os estupradores da Nigéria, o ditador da Síria. Como os homens e mulheres de farda que atiram pelas costas.
Podemos fechar os olhos. Mais uma vez. Essa é a nossa expertise. Podemos desligar a TV, tampar os ouvidos, cobrir a cabeça. Podemos nos mudar para Paris. Ou para a Finlândia. Quando voltarmos, tudo estará terminado. E olharemos para o genocídio de meninas e meninos pobres com toda a piedade hipócrita que nos foi ensinada pelos nossos pais e pelas nossas igrejas. E nos sentaremos com um copo de cerveja, de vinho ou de uísque entre amigos que também terão acabado de voltar de Berlim ou de Barcelona. E discutiremos planos para reverter a extinção.
Em nossos planos, só uma falha. Não temos o sêmen do rinoceronte branco.




____________________________________

Cinthia Kriemler é carioca e mora em Brasília. Autora, pela Editora Patuá, de O sêmen do rinoceronte branco (Contos, 2020). Tudo que morde pede socorro (Romance, 2019); Exercício de leitura de mulheres loucas (Poesia, 2018); Todos os abismos convidam para um mergulho (Romance, 2017) – finalista do Prêmio São Paulo de Literatura de 2018; Na escuridão não existe cor-de-rosa (Contos, 2015) – semifinalista do Prêmio Oceanos 2016; Sob os escombros (Contos, 2014); e Do todo que me cerca (Crônicas, 2012). Organizou a antologia de contos Novena para pecar em paz a convite da Editora Penalux, em 2017. Tem textos e poemas publicados em diversas antologias e em revistas literárias. 
                          ___________________________________________________




por Taciana Oliveira __
Três poemas da escritora Cinthia Kriemler na Caixa de Poesia do Mirada. O primeiro poema, Eugenia, chega no formato plaquete e com download gratuito disponível no site Internet Archive.




por Zeca Viana__

 Sebald Beham, Impossível, 1549

por Taciana Oliveira__



Texas é um clipe, em formato curta-metragem, da banda pernambucana Diablo Angel. O filme reverbera uma delicada e visceral narrativa sintonizada com os tempos sombrios que regem o nosso país. As imagens em preto e branco e os planos extremamente bem elaborados são costurados harmonicamente a uma edição precisa e pontual. A direção, fotografia, roteiro e montagem são do pernambucano Felipe Soares, que concebeu uma obra onde a linguagem documental dialoga com elementos sci-fi.
O discurso narrativo critica abertamente a lavagem cerebral perpetuada pela ideologia armamentista da extrema direita brasileira. Na abertura temos o depoimento de Joelma Andrade, mãe de Mario Andrade, um menino de 14 anos, assassinado a tiros em 2016 por um policial militar, no bairro do Ibura, periferia do Recife. Em Texas a mensagem é explícita:
Um tiro, uma farpa
De onde veio a bala?
Foto amigo? Ou inimigo?
Uma conspiração
Um copo d’água
E onde isso nos leva?
Ao que nos resta
O que nos resta?

Trecho de Texas, música de Diablo Angel

Texas,  está no Prisma Rome Independent Film Awards 2020, Itália

O cenário escolhido para a produção do videoclipe revela a paisagem urbana da capital pernambucana e o semiárido de Surubim. Em tempos de intolerância e políticas genocidas, Diablo Angel nos chama para a consciência. Afinal, a arte nos fortalece no caos. Mario, vive! Resistir ainda é a nossa melhor opção. Assistam o vídeo, escutem a música e reflitam sobre o nosso cotidiano segregador, fincado nos alicerces da banalidade do mal. Texas nos representa.





____________________________________________________________

Felipe Soares (1984) é produtor, roteirista e diretor cinematográfico. Vive e trabalha no Recife, Brasil. Em 2008, se tornou professor e especialista em educação escolar, seus estudos acadêmicos problematizam o cinema e a cultura corporal. Em 2016 dirigiu o seu primeiro curta-metragem “Autofagia”, onde conquistou 11 prêmios, dentre eles, Melhor Filme no XII Cine PE e no Circuito Penedo de Cinema 2017, posteriormente, o filme foi adquirido pelo Canal Brasil. Recentemente, Felipe está em fase de distribuição do seu segundo curta-metragem de ficção "O Menino que Morava no Som", o curta estreou na Itália (Edera Film Festival 2019) e esteve presente em festivais na Espanha, México, Áustria, Brasil e França.

                    _________________________________________________


Foto: David Nat 01
Diablo Angel tem Kira Aderne, vocal e guitarra, Tárcio Luna, guitarra, e Walman Filho, bateria. Em 2020, a banda completa 6 anos de estrada com dois discos lançados e uma turnê pelo Nordeste. Em 2016, lançou o seu primeiro trabalho em estúdio, o disco Fuzzled Mind (Tratore). Já 2019, a Diablo Angel trouxe em fita k7 o disco Futuro (Tratore). Dois trabalhos bastante elogiados pela crítica local e em sites especializados pelo Brasil. Com dezenas de apresentações ao vivo pelo Nordeste, o trio já passou por alguns dos festivais mais importantes da região, entre eles o Abril Pro Rock, o Coquetel Molotov, o Festival de Inverno de Garanhuns, o Grito Rock, entre outros.  
contato@diabloangel.com          @diabloangeloficial           www.diabloangel.com
                      ___________________________________________





Taciana Oliveira é mãe de JP, cineasta, torcedora do Sport Club do Recife, apaixonada por fotografia, café, cinema, música e literatura. Coleciona memórias e afetos. Acredita no poder do abraço. Canta pra quem quiser ouvir: Ter bondade é ter coragem.  


por João Gomes__


Acácio Júnior
por J.P Schwenck__



por Taciana Oliveira__



Por Rebeca Gadelha__
Curadoria por Taciana Oliveira__



por Divulgação| Mirada


Por Taciana Oliveira __



Por Leo Silva__



por Taciana Oliveira __