Expressionismo Alemão, poema de J.P Schwenck

por J.P Schwenck__



eu fico pensando na vida
a vida tem todos os jeitos
pra mim você tem todos os indícios
que jazem em plenos incêndios.

eu deixo no peito um suspiro
e fica na alma um enguiço
e trava e engata um alívio
e todo o meu silêncio pífio.

eu fico sem jeito no espaço
eu fico espalhado no mundo
eu saio catando os pedaços
que eu deixei nesse segundo.

eu fico pensando na vida
eu fico pensando no agora
colecionando tropeços
eu fico querendo ir embora

mesmo sabendo que esse caminho eu tenho perdido de vista
e mesmo sabendo que embora eu pense, o alcance na mente e a voz continua: nunca desista.

e eu acredito nas palavras que eu ouço trazidas do vento
e no lado de fora da vida, do que é ensinado a cada momento.
e mesmo que eu diga que nada é perfeito e que é necessário respeito reforçar
eu reviro os olhos pra cada minuto que eu vivo após despertar.
das marés que circundam meus olhos
dos mergulhos pra dentro do espelho
o que há de tão vil no mistério?
o que há de novo no que é velho?

a redundância da vida
os temas tão rotundos no dia.

e vão descendo ao chão
os valores, os velhos e várzeas da população.
a falta do pão de cada dia
o choro insurgente de medo
e falta um pouco de alegria
e o que eu quero? Sossego.

e enquanto eu vejo o estereótipo
e quando eu vejo de longe o verde,
de mim, eu tiro todo o ódio
eu tiro do peito uma sede.
eu tiro um suspiro de vida
de tudo o que habita em mim
eu tiro um pedaço de amor
eu tiro um presságio do fim.

esmagam de mim os motivos
pisam com raiva os sorrisos
e permeia a desvalorização
dos gritos do meu coração.

a sombra do lado de fora
ela corre, ela mata, ela chora, ela explode
a minha presença morena, pequena, envenena, você vê e condena
eu vou pra cadeia e você ganha um posto na cena.

e é um prêmio que eu taco no fogo junto aos efêmeros desgostos que do meu dia eu retiro
de fatias de gordas granadas gramaticais
e de costume, eu me revolto no cais
e de lá pra cá é um tiro.

geração coca cola?
geração perdida?
juventude gangrena nos bailes dessa vida.

e quem diga que a vida é um filme antigo
uma pena, um ciclo, um grande erro.
pro medo ficcionista colado nas películas é pouco.
sejamos não sempre quase sempre desunidos
de volta ao começo.

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J.P Schwenck é um autor carioca, nascido no ano N⁰ II do século XXI. Proveniente de uma geração hiperativa e explosiva, escreve desde os 12 e produz conteúdo artístico independente e efusivamente. Aos 17, publicou Opus, seu primeiro livro. Inspirado na arte contemporânea e no seu cotidiano, sua missão é expor a sua visão do mundo que lhe absorve e transpor sua liberdade artística. Insta: @jpschwenck