Três fotografias e três poemas de Lisiane Forte

 por Lisiane Forte__


Feirinha da Beira Mar/ Foto: Lisiane Forte



De todos os pesares

O dia chegou repleto de lucidez e precisão.
E eu recomeçava em outro lugar – dada a previsão.
Estava escrito nos muros da cidade que seria maçante perceber a existência das horas.
E como eu estava silenciosa.
É que, às vezes, o silêncio pode ser alto demais,
Enquanto todos pagam suas contas abismais.
Ao cair, um ou outro escapava dos golpes de vento.
Esses eram o que esperavam pelo advento.
E eu só tinha o hábito de dissecar milagres,
De todos os meus pares, os pesares.


Cirque Amar/Foto: Lisiane Forte






Solidão

 

Era uma vez um dia arrastado, consumido pelo isolamento;
Das horas retraídas,
das possibilidades podadas,
dos desígnios postergados.
Hoje, a solidão instalou-se e modificou o meu rosto,
a ponto dele ficar obscuro e indefinido.

 


Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura / Foto: Lisiane Forte



O Silêncio

 

O silêncio alastrou-se pela casa.
De repente, as emoções foram recolhidas,
como se vozes queimassem em brasa,
e provocassem minhas razões descabidas.
O silêncio compôs a letra de despedida,
Como aquela estranha vizinha
Que, um dia, revelou-se descomprometida,
E fez do seu jardim erva daninha.
Eu gritei,
gritei, gritei sem parar, diante de um quintal sem fim,
Onde os jasmins foram abandonados
E onde o silêncio tocou clarim.

 







Lisiane Forte é psicóloga clínica, escritora, ilustradora, fotógrafa, Colaboradora do Mirada Janela, membro efetivo da Academia Brasileira de Psicólogos Escritores, arteterapeuta, atua com expressões corporais em sua clínica artística, Clínica Instante e autora dos livros "Liames", “Zonas Abissais”, "Psicologias em Reflexão l e ll' e no prelo “Aqui e Agora | viver a vida de perto”