Moïse Kabagambe na Tropicália Brasileira


por Adriane Garcia___

 



 

MOÏSE KABAMGABE NA TROPICÁLIA BRASILEIRA

 

Tudo já foi falado e as palavras

Não dão mais conta

Do horror

Os jornais são bem claros

(também os patrões)

 

A comunicação foi ceifada

A linha cortada

O porão exala cheiro pútrido

(mas nem nisso há acordo:

com o fedor se acostuma)

 

Todos sentem

Ninguém sente

O jovem congolês foi cobrar o pagamento e o mataram

(antes, este país espanca:

confidenciei às paredes)

 

Os dadaístas devem voltar em breve

Mas não vão chocar mais ninguém.

 




Adriane Garcia, poeta, nascida e residente em Belo Horizonte. Publicou Fábulas para adulto perder o sono (Prêmio Paraná de Literatura 2013, ed. Biblioteca do Paraná), O nome do mundo (ed. Armazém da Cultura, 2014), Só, com peixes (ed. Confraria do Vento, 2015), Embrulhado para viagem (col. Leve um Livro, 2016), Garrafas ao mar (ed. Penalux, 2018), Arraial do Curral del Rei – a desmemória dos bois (ed. Conceito Editorial, 2019), Eva-proto-poeta, ed. Caos & Letras, 2020 e Estive no fim do mundo e lembrei de você  (Editora Peirópolis).