por Léo Asfora__
Primavera
O dia se arrasta
Subvertendo o óbvio
Tempo dos relógios
Não sei se ainda sou pessoa
Se já sou coisa antiga
Numa prateleira empoeirada, esquecida
À toa...
Sei que nem é primavera
Mas é tempo de te oferecer as flores mais belas
Que sempre é tempo de amar
E amor rima com eternidade.
2018
Inoxidável
Poema inbox
Nenhum monossílabo em resposta
Coração de inox
Fechando o peito em crosta
Antes um coração de latão
Sangrando a ferrugem da paixão.
2017
Sujeito ativo
Desejo
alçar voo
Dos padrões ir além
Ser quem sou
Todo mundo e ninguém
Ser indivíduo
Sem ser sozinho
Da minha história
Sujeito ativo
Ainda que ferido, vivo.
2018
Uivo
Caminho
pela rua
Arrastando o cansaço
Uivo a angústia para lua
A perfeição é um fardo insuportável!
Reivindico o direito ao erro
A libertação do medo
Largo as armas, peço trégua
Quantas batalhas às cegas
Encerrarão essa guerra?
2018
No estômago gastura
Na paisagem enquadrada na janela
Nova tela
Velha pintura
Tem cura a dor que sussurra
Por cima do ombro
Como assombro?
Penso, tempo suspenso
Solidão compasso lento
Distraído vou sangrando
Na faca dos desenganos.
2017
*poemas do livro "A última vista, de Léo Asfora (Editora Coqueiro, 2021)
Léo Asfora, 1974, Recife – PE – é poeta é produtor cultural. Publicou os livros Além das palavras, Inventário da loucura e À última vista. Contato:leoasfora@yahoo.com.br