por Taciana Oliveira__
Resigne-se
Andando pelas calçadas os ventos me pedem
faça o contrário de quando se sente
ameaçada:
resigne-se. resigne-se a uma árvore genealógica
que é sensível na raiz e delicada nas folhas
tudo é complicado e o que há de ser feito
quando não se é alcançado o perfeito?
abrace sua complexidade, talvez ela te mostre
a saída. ria de tudo que não foi feito, mortos
estão seus planos para um futuro vão
não se esqueça que não há nada tão ruim
que não chegue ao seu fim
seja menos leoa e mais loba
menos óbvia, mais cautelosa
ou seja só humana, sem animais inspiradores
já que suas dores são diferentes e nenhum de vocês
estão em vitrines ou são amadores.
fui comprar uma cor nova para meu cabelo
na ida passei em frente à um matadouro de galinhas
cheirava mal como se as vivas já estivessem mortas
e como se as mortas nunca tivessem vivido
na volta encontrei um pombo morto
corajoso: de peito pro alto.
foi assim que foi levado pela morte
eu com minha tinta barata na sacola
confiando na minha memória para acertar
o caminho de casa pensei que a tendência
dos bichos de asas é de terem fins estrondosos, impiedosos.
- temi meu fim, amei ser assim.
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Vitória Gabriela tem 20 anos (2002) e jeito com as palavras. Nascida em São Paulo- SP, filha de pais baianos, escreve desde a infância e atualmente além de possuir material disponibilizado on-line, participou da antologia Alma em Letras (Editora Exílio do Jaguar) e da antologia Poesia Viva 2022 (Coletivo Fomento Literário).
Taciana Oliveira – Editora das revistas Laudelinas e Mirada
e do Selo Editorial Mirada. Cineasta e comunicóloga. Na vitrolinha não cansa de ouvir os versos de
Patti Smith: I'm dancing barefoot heading for a spin. Some strange music draws
me in…