por Mirada__
A editora 100/cabeças, referência na publicação de obras ligadas ao surrealismo, lança uma edição comemorativa e ampliada dos Manifestos do Surrealismo, de André Breton, no ano em que se completam 100 anos da publicação do primeiro manifesto surrealista. Mais do que uma celebração editorial, a obra reafirma a atualidade crítica, estética e política do movimento que marcou profundamente o século XX — e que segue provocando o presente.
Com 608 páginas, o volume reúne os principais textos que fundamentaram a trajetória de Breton e dos surrealistas: o Manifesto do Surrealismo, em versão comentada e acompanhada do fac-símile colorido dos manuscritos originais, além de obras como Peixe Solúvel, Segundo Manifesto, Carta às videntes, Posição política do surrealismo, Prolegômenos a um terceiro manifesto e Do surrealismo em suas obras vivas.
O livro apresenta ainda uma seleção de textos e declarações de grupos e autores surrealistas contemporâneos e internacionais, como o Grupo surrealista DeCollage, Laurens Vancrevel, Annie Le Brun, Sylwia Chrostowska, Joël Gayraud, Guy Girard, Michael Löwy, José Manuel Rojo, Ron Sakolsky e Georges Sebbag — sinalizando o alcance global e persistente da chama surrealista.
Com traduções de Marcus Rogério Salgado e Diogo Cardoso, a edição traz também um caderno de notas analítico, que aprofunda a leitura dos textos, destaca escolhas de tradução e explora aspectos do pensamento surrealista ao longo de sua história.
Longe de se restringir ao passado, a publicação evidencia como o surrealismo — surgido como resposta radical ao racionalismo, ao autoritarismo e à opressão — permanece um instrumento de imaginação crítica, de resistência simbólica e de reflexão sobre temas como a luta antimanicomial e os ideais libertários.
O projeto gráfico também contribui para esse mergulho aprofundado: o livro foi impresso em formato grande (18,8 x 26,8 cm), ideal para leituras atentas, anotações e estudos. Com isso, a edição se consolida como uma ferramenta indispensável para leitores, pesquisadores e entusiastas da literatura, da arte e da política surrealista no Brasil.
Sobre o autor
André Breton (1896–1966), poeta e escritor francês, foi o principal articulador do movimento surrealista. Criador da revista Littérature (1919) ao lado de Louis Aragon e Philippe Soupault, exerceu forte influência sobre a arte e a política do século XX. Escreveu obras fundamentais como Nadja (1928), O amor louco (1937) e Arcano 17 (1944), e esteve sempre engajado contra o autoritarismo. Sua atuação internacional fez do surrealismo não apenas um movimento estético, mas um projeto político e existencial em expansão permanente.
Ficha técnica
Título: Manifestos do surrealismo
Autor: André Breton
Traduções e notas: Marcus Rogério Salgado e Diogo Cardoso
Projeto Gráfico: Daniel Justi
Preparação e revisão: Pedro Spigolon e corpo editorial 100/cabeças
Número de páginas: 608
Peso: 1.125 kg
Formato: 18,8×26,8cm
ISBN: 978-65-87451-24-4
Preço: R$ 198,00
Ano da publicação: 2024
Confira um trecho de “Manifesto do surrealismo” (p. 18–19):
“Reduzir a imaginação à condição de escrava, ainda que o que estivesse em jogo fosse aquilo a que grosseiramente se chama felicidade, é furtarmo-nos a tudo o que no fundo de nós mesmos encontramos de justiça suprema. Só a imaginação dá conta daquilo que pode ser, o que já basta para levantar um pouco a terrível interdição; basta igualmente para que a ela me abandone sem temor de me enganar (como se pudéssemos enganarmo-nos mais). Onde ela começa a tornar-se má e onde se mantém a segurança do espírito? Para o espírito, a possibilidade de errar não será antes a contingência do bem?”
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