por Carlos Monteiro__
Flores que vejo flor em você
A
poesia é assim como um imenso jardim absolutamente, florido; são crisântemos,
rosas, dálias em viridário no firmamento. É como procura a flor e o seu
codinome beija-flor. Os canteiros de Cecília, vestal fogo sagrado.
As
flores vencem os canhões e as baionetas sombrias, cabos destroçados. Refrões
bisados a exaustão, suplantam as rimas, à flor da pele, à flor da idade, à flor
do amanhã, com aquela alegria fugidia e furtiva.
Os
cravos fazem revoluções, as camélias aproximam casais no enlace matrimonial do
companheirismo, a flor-de-laranjeira derrama sua alva luz na simplicidade do
buquê nubente.
Olho
pela janela, vejo a rosa-violeta salpicando de pétalas, sépalas incrustadas na
corola, o viridário da existência telúrica. Vejo flores, bruta flor em que me
queres, oh imensa seiva do algodão-da-praia, alabastrino-amarelado.
Nesse
vergel da existência poética, onde rapsodos, vates e bardos bebem na fonte
mágica das musas, fadas madrinhas e ninfas do amor, grinaldas, tênues miosótis.
Nesse espaço em que refloresce do restolho o deífico desabrochar, o mais
divinal olor, alma florada multicor. Terá o amor tom?
Somos
assim, ode no estro encantado, aroma matinal da dama-da-noite, jasmins
noturnos, jardins florescidos. Em cada ode olência do que nos dizem as rosas.
Puro êxtase no Édem.
Eu
vejo flores em Frida Kahlo, pétalas no mundo, rosas em você!
Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.