Carla Brasil lança Cronofagia, poesia sobre a ansiedade e a vida moderna.

por Mirada__


                                                            
A multiartista Carla Brasil faz sua estreia na literatura com "Cronofagia" (Editora Appris), um livro que reúne 37 poemas permeados por lirismo, sarcasmo e uma sensibilidade crua. O lançamento está agendado para 20 de junho, às 21h, no estande do projeto "Escreva, Garota!" na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, e a obra estará acessível durante todo o evento no estande da editora. Descrito como um manifesto poético contra os excessos da atualidade, "Cronofagia" também se apresenta como uma obra visual. Carla assina a direção criativa do projeto gráfico, integrando sua experiência como artista visual à essência poética do livro. As ilustrações, de autoria de Daniel Uires, transcendem a mera função ilustrativa e se tornam parte integrante da narrativa, segundo a autora.


O prefácio é assinado pelo cineasta, dramaturgo e poeta Ruy Guerra, que expressa seu entusiasmo pela estreia de Carla: "É muito bom ler uma jovem poeta, como Carla Brasil, que na sua primeira arremetida chega tão longe. Me dá vontade de usar um daqueles sonoros palavrões descarados, para escancarar o meu entusiasmo".


Com uma linguagem que transita entre a delicadeza e o deboche, os poemas de "Cronofagia" exploram temas como a ansiedade digital, a busca incessante por produtividade, a fluidez da identidade e a superficialidade das relações. "Esse jogo perverso entre aceleração e esgotamento está no cerne do livro", afirma Carla. A poeta personifica o tempo, esse "devorador invisível" da contemporaneidade, transformando-o em um agente que atravessa e consome os indivíduos.


Nesse contexto, a escrita emerge como uma forma de resistência. Longe de oferecer conforto, os versos provocam, expondo dores, ridicularizando certezas e reivindicando o direito de sentir, mesmo que isso cause sofrimento. "Cronofagia é o retrato impiedoso de um tempo ansioso, barulhento e vazio", define a sinopse da obra. 


Carla Brasil é poeta, escritora e multiartista, vivendo e criando no Rio de Janeiro. Sua produção transita entre literatura, design, artes plásticas e fotografia, sempre com um olhar inquieto e provocador. Sua poesia é marcada por um tom irônico e melancólico, misturando lirismo, crítica social e uma dose afiada de sarcasmo e refletindo paradoxos da contemporaneidade. Seu talento já foi reconhecido em premiações literárias nacionais, como o Prêmio Poesia Agora — Primavera 2020, da Editora Trevo, e a Seleção Poesia Brasileira, Poetize 2021, da Vivara Editora Nacional, na qual teve poemas selecionados entre milhares de inscritos."Cronofagia" marca sua estreia no universo literário.


Adquira “Cronofagia” em breve no site da editora: clica aqui


              


Trecho do poema Hino Marginal Brasileiro:


"Distante da sua própria natureza,

És cego, és pobre, esquálido, corroso,

E o teu futuro espelha essa fraqueza.


Terra calada,

Entre outras mil,

És tu, Brasil,

A mais roubada!

Pros filhos deste solo és tão hostil,

Pátria amarga,

Brasil!"


Trecho do poema “Clichês do tempo”:


"corre o tempo e eu não corro

ele salta colinas

eu me destroço em pedregulhos

ele voa absorto

e eu fico na lama,

no rastro bastardo do seu pecado


passa com seu olhar perfilado

seu fôlego arbitrário

o riso sarcástico e dissimulado

de um deus ordinário"