PEBA celebra matas e quilombos em mostra que conecta Pernambuco e Bahia

Foto: Helder Ferrer


PEBA celebra matas e quilombos em mostra que conecta Pernambuco e Bahia

Recife recebe, a partir desta quinta-feira (25), a 3ª edição do Projeto PEBA, na Caixa Cultural. A mostra de artes integradas celebra as matrizes afrodescendentes e indígenas com exposição fotográfica, oficinas, espetáculos e atividades educativas.

Após reunir mais de 107 mil visitantes em sua edição anterior e conquistar o recorde de público da Caixa Cultural Recife, o Projeto PEBA chega à sua terceira edição reafirmando sua missão: construir pontes culturais entre Pernambuco e Bahia. Com o tema “Celebração das Matas e Quilombos”, a programação propõe um mergulho sensorial, político e ancestral nas matrizes que moldam a identidade brasileira. O acesso a todas as atividades é gratuito.

Uma rede de memórias e resistências

A exposição de abertura, nesta quinta (25), às 17h, reúne 56 fotógrafos e fotógrafas dos dois estados. Em imagens impressas e projeções contínuas, o público é convidado a atravessar territórios, lutas e celebrações de povos originários e quilombolas.
“Celebrar as Matas e os Quilombos é reconhecer territórios de vida, resistência e memória. Esta edição nasce do desejo de homenagear esses saberes e de criar um espaço em que arte, cultura e ancestralidade se entrelaçam como uma rede que nos sustenta e projeta para o futuro”, afirma o fotógrafo e idealizador do projeto, Sérgio Figueiredo.

A REDE, símbolo da mostra, representa tanto o descanso e acolhimento presentes nas aldeias e quilombos quanto a metáfora do tecido coletivo que costura imagens, corpos e criações.


Sobre os homenageados:

Luiza dos Tatus — uma mestra do barro e da resistência

Luiza dos Tatus (1959–2023) foi uma das grandes mestras do artesanato pernambucano, referência de força e talento em Belo Jardim. Nascida em uma família de louceiras, desde menina moldava o barro, entre a brincadeira e o ofício que garantiria sua subsistência. Seu ponto de virada aconteceu com o projeto Estado de Arte, conduzido pela artista Ana Veloso, que impulsionou sua produção e lhe deu visibilidade. A partir daí, Luiza passou a criar esculturas inspiradas na fauna regional — tatus, lagartos, iguanas — peças que lhe renderam o nome pelo qual ficou conhecida. Ao longo de mais de cinco décadas, sua trajetória foi marcada por coragem, superação e dedicação, tornando-se símbolo de resistência feminina. Reconhecida em feiras como a Fenearte, premiada no Brasil e no exterior, recebeu em 2020 o título de Mestra Artesã e, em 2021, o de Memória Viva de Belo Jardim. Em 2023, foi a primeira colocada no Prêmio Pernambuco de Artesanato. Falecida aos 64 anos, deixou um legado que segue vivo na memória cultural e afetiva do povo pernambucano.

 

Foto: Iêda Marques

Iêda Marques — uma ativista ambiental e cultural

Nascida em 8 de agosto de 1953, em Boninal (BA), Iêda Marques é fotógrafa autônoma e desenvolve trabalho independente desde 1976. Seu olhar, influenciado pela fotografia popular, por retratistas pintores e fotógrafos lambe-lambe, dedica-se à criação de uma memória afetiva, individual e coletiva, a partir dos patrimônios imaterial e natural, com recorte voltado aos biomas caatinga e cerrado — especialmente a caatinga, onde estão suas origens. Por meio de projeções de slides, exposições fotográficas e monóculos, devolve às comunidades, sobretudo rurais, imagens que fortalecem a autoestima. O ativismo socioambiental entrou em sua vida quando, ainda jovem, tornou-se retirante nordestina e viveu em São Paulo, experiência que aguçou sua curiosidade, observação e interesse pela diversidade humana. Em 1975, sua família retornou ao interior da Bahia, e ela mudou-se para Salvador, onde cursou fotografia. Como retratista, busca um olhar que alimente a solidariedade, a reflexão, a preservação e a dinamização da cultura e do meio ambiente. Iêda segue em plena ação.

 

Foto: Adenor Gondim

Adenor Gondim — um xamã da baianidade

Como um xamã, Adenor Gondim protege culturas, matas, aldeias e quilombos, aproximando-nos do encontro mágico com o sagrado que, pela fotografia, ganha força para preservar a vida e as tradições. Ao retratar de forma humanizada os mistérios da Bahia, revela a alma afroindígena e atua como guardião da memória de povos de espírito guerreiro. Nascido em Ruy Barbosa (BA), em 25/06/1950, herdou do pai, fotógrafo, o fascínio pelo “retangulinho” da câmera, tornando-se viajante de seu país chamado Bahia. Suas imagens registram a Irmandade da Boa Morte, as festas a Iemanjá e Santa Bárbara, compondo um acervo que o consagrou como um dos maiores fotodocumentaristas do Brasil. Biólogo formado pela UFBA, integrou a reconfiguração da fotografia baiana nas décadas de 1970 e 1980. Com mais de 200 mil fotos e 48 mil slides, sua obra — autoral, poética e presente em acervos e publicações no Brasil e no exterior — traduz a revolução estética nas manifestações do profano e do místico. Em tons de branco, azul, verde e preto, suas fotos captam entidades em prece, aguardando, com respeito e precisão, o momento em que vento, poeira e perfumes da terra se unem para eternizar o instante.

 

´Fotografia: Lú Brito

SEGUE A PROGRAMAÇÃO GERAL:

 

 3ª edição do Projeto PEBA - Celebração das Matas e Quilombos

Abertura: 25 de setembro (Quinta-feira)

Horário: 17h

Local: Galeria II - CAIXA Cultural Recife – na Av. Alfredo Lisboa, Recife Antigo

Entrada GRATUITA

Classificação: Livre

Exposição fica em cartaz até 23 de novembro

 

SOLENIDADE:

Hora: 18h00

Local: Octógono da Galeria II

Breve cerimônia que marca o início oficial do projeto. O momento reunirá artistas, parceiros e público em torno das memórias e resistências celebradas pela mostra. Durante a solenidade, serão feitas falas rápidas de acolhimento e agradecimento, seguidas da entrega dos troféus do Projeto PEBA, símbolo de reconhecimento e valorização das trajetórias de personalidades que contribuem para a arte, a cultura e a memória dos povos pretos e originários.


Apresentações musicais:

 

Performance Musical – Toré

Título do Espetáculo: Toré – Cantos e Passos da Ancestralidade

Liderada pelo Mestre Matinho Fulni-ô, a banda apresenta a rica tradição musical e cultural de seu povo. Composto por músicos da etnia Fulni-ô, o grupo executa a Cafurna, música que celebra o cotidiano, a espiritualidade e a luta pela identidade, acompanhada de danças inspiradas em animais do sertão, valorizando o pífano como símbolo da cultura indígena.


Apresentação do Balé de Cultura Negra do Recife – BACNARÉ. Título do espetáculo: Memórias

Memórias é um espetáculo de música e dança afro que retrata a trajetória dos povos africanos desde a chegada nos navios negreiros até a resistência nos Quilombos. A obra percorre a dor da escravidão nos canaviais, o despertar de Zumbi, a força do maculelê e da capoeira, culminando na celebração da cultura afro-brasileira e na reverência às divindades das matrizes africanas

Hora: 19h00

Local: Sala Multimídia

Classificação: Livre

Dia 26.09

 

Oficina de Cultura Indígena (Oficineiro: Mestre Matinho Fulni-ô)

Título: Saberes Fulni-ô: Música, Dança e Cultura Indígena

Oficina conduzida pelo Mestre Matinho, da Tribo Fulni-ô, que compartilha saberes sobre a cultura indígena, com foco nas tradições Fulni-ô. A proposta aborda músicas, danças, memória, preservação cultural, inclusão e reconhecimento, promovendo trocas de saberes e valorizando a riqueza dos povos originários.

Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)

Local: Sala Multimídia

Classificação: Livre

Faixa etária prioritária: A partir de 12 anos

Carga horária: 03 horas

Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)

Quantidade de pessoas por encontro: até 30

 

Visita Guiada com Sérgio Figueirêdo

Título: PEBA: Celebrações das Matas e Quilombos

A visita guiada será conduzida por Sérgio Figueirêdo, fotógrafo, idealizador do Projeto PEBA e curador da mostra. Com seu olhar sensível e clínico da arte, especialmente da fotografia, ele apresentará ao público os detalhes da exposição, que revela na arte a resistência, os saberes, a cultura e a história dos povos originários e quilombolas.

 Dia: 27/09/2025

Hora: 15h00 às 16h00

Local: Galeria II

Faixa etária prioritária: Geral

 

 Roda de Conversa (Iêda Marques convida Eduardo Romero)

Título: A fotografia de Iêda Marques revela lembranceiras, imaginário e realidade

A roda de conversa propõe um mergulho no universo poético e documental da fotógrafa baiana Iêda Marques, cuja obra transita entre memória, imaginação e realidade tendo a caatinga como pano de fundo. Inspirada em ritos de passagem, sua fotografia evoca “lembranceiras”, costurando afetos e resistências. O diálogo conta com a presença do artista e pesquisador Eduardo Romero (UFPE).

Dia: 27/09/2025

Hora: 16h00 às 18h00

Local: Octógono da Galeria II

Faixa etária prioritária: Geral

 

Oficina de Artesanato de Barro (Oficineira: Carol do Tatu)

Título: Herança de Barro – Saberes dos Tatus

A oficina conduzida por Carol do Tatu, herdeira cultural da Mestra Luiza dos Tatus, apresenta o legado da tradição ceramista dos Tatus. Dividida em dois momentos, inicia com a história e o processo artesanal do barro — preparo, modelagem e queima — e segue com a prática, onde participantes aprendem a moldar e criar suas próprias peças, vivenciando a ancestralidade e a força desse saber.

Dia: 22/10/2025

Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)

Local: Sala Oficina 1

Classificação: Livre

Faixa etária prioritária: A partir de 14 anos

Carga horária: 03 horas

Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)

Quantidade de pessoas por encontro: até 20


Oficina de Produção Cultural (Oficineiro: Afonso Oliveira)

Título: Método Canavial - Introdução à Produção Cultural Coletiva e Comunitária

O Método Canavial, ensina a produção cultural coletiva e comunitária, fortalecendo a cultura popular da Zona da Mata. A oficina apresenta princípios de captação de recursos, formação de produtores locais e protagonismo cultural, inspirados na trajetória premiada de Afonso Oliveira e na metodologia consolidada em seu livro Método Canavial.

Dias: 22 e 23/10/2025

Hora: Tarde (14h00 às 18h00)

Local: Sala Multimídia

Classificação: Livre

Faixa etária prioritária: A partir de 18 anos

Carga horária: 08 horas

Quantidade de encontros: 02 (período da tarde em dois dias)

Quantidade de pessoas por encontro: até 50

 

Oficina de Artesanato (Oficineira: Salamandra)

Título: Carimbos Artesanais - Grafismos Afro-indígenas

Carimbos Artesanais – Grafismos Afro-Indígenas é uma oficina que une criatividade e sustentabilidade, propondo a experimentação de técnicas de estamparia em tecido a partir de carimbos feitos com materiais de baixo custo e reaproveitados. Voltada a todos os públicos, estimula a expressão artística, a consciência ecológica e o diálogo com os grafismos das culturas afro-indígenas, em processos coletivos e individuais.

Dia: 07/11/2025

Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)

Local: Sala Oficina 1

Classificação: Livre

Faixa etária prioritária: A partir de 12 anos

Carga horária: 03 horas

Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)

Quantidade de pessoas por encontro: até 10

 

Oficina de História em Quadrinhos (Oficineiro: Eron Villar)

Título: Iniciação à Narrativa em Quadrinhos

Oficina teórico-prática de Histórias em Quadrinhos para adolescentes e jovens, abordando roteiro, composição e linguagem visual.

Os participantes criam pequenas HQs inspiradas em suas vivências, refletindo sobre gênero, raça e identidade, desenvolvendo habilidades estéticas e críticas na construção de narrativas próprias.

 

Dias: 12 e 13/11/2025

Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)

Local: Sala Multimídia

Faixa etária prioritária: A partir de 14 anos

Carga horária: 03 horas

Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)

Quantidade de pessoas por encontro: até 25

 

Oficina de Dança Afro (Oficineiro: Tiago Batista Ferreira) Título: O Despertar das Raízes Negras

O Despertar das Raízes Negras é uma oficina de dança afro que explora as potencialidades do corpo em movimento, conectando participantes às tradições da cultura africana e afro-brasileira. A oficina propõe um mergulho no ritmo, na ancestralidade e na expressão coletiva.

Dia: 14/11/2025

Hora: Manhã (10h30 às 12h00) / Tarde (14h30 às 16h)

Local: Sala Oficina 1

Faixa etária prioritária: A partir de 12 anos

Carga horária: 03 horas

Quantidade de encontros: 02 (manhã e tarde)