O Rio ocult(ad)o | Carlos Monteiro

 por Carlos Monteiro 



Fotos: Carlos Monteiro

O Rio ocult(ad)o


Já imaginou olhar para os céus e só enxergar um fog de fios e postes mal-acabados, verdadeira poluição visual e deixar de ver todas as maravilhas que o Rio pode oferecer aos olhos e ao coração? Verdadeiro deleite inebriante que está diante de nós mas, como se estivéssemos vendados, estamos ‘proibidos’, impedidos e ‘amordaçados’ de ver? 

Pois é; o Rio caminha assim. São milhares de metros de fios enfeiando a cidade mais bela do Planeta, descaso total daqueles que deveriam zelar pelo patrimônio da exterioridade carioca, isso sem falar na poda das árvores que, para além de encobrirem toda a beleza que a cidade nos deleita, causam transtornos pela falta de manutenção.

A cada dia tudo parece ficar mais feio e desleixado. São árvores sem poda, sem manutenção preventiva, descuidadas, são calçadas mal-amanhadas, esburacadas, verdadeira viagem lunar. Qualquer dia o carioca terá de aprender alpinismo e fazer rapel para se salvar de tantas crateras que precisam ser transpostas.

E as ruas e avenidas? Destas nem precisamos comentar. O motorista precisa fazer ‘a escolha de Sophia’ para antepor as crateras menos piores para ‘desabar’. O resultado são sacolejos, trepidações e suspensões danificadas pela má vontade do alcaide e seus asseclas, em cuidar melhor deste que é o ‘almoxarifado de Deus’.

E as soluções? São sempre as mais fantásticas possíveis: remendos e pó de pedra, arremedos mal-amanhados para disfarçar o descuido que a cidade se encontra.

A Cidade Maravilhosa não merece tal descuido e descaso, não mesmo!

Será que seus governantes subitamente foram acometidos de algum mal que os leva a preocupações com a reeleição deixando de lado, varrendo para baixo do asfalto, os problemas básicos que o cotidiano apresenta?

Será um “Ensaio sobre a cegueira”? Espero orações vindas do Redentor para uma melhora significativa dos cuidados que a Maravilhosa merece.

Porque o Rio não merece!



Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.