Crônicas de um mentiroso — Era uma vez no Nordeste… , de Kleiton Ferreira



Kleiton Ferreira lança romance épico sobre memória, culpa e redenção no Brasil sertanejo do século 20

O juiz federal e escritor alagoano Kleiton Ferreira lança o romance Crônicas de um mentiroso — Era uma vez no Nordeste… (Editora Labrador, 2025), uma narrativa épica que atravessa o século 20 e  estuda as contradições humanas entre verdade, mentira, culpa e redenção, tendo como pano de fundo o Brasil profundo, sertanejo, revolucionário e mítico. O protagonista, Paulo, é um homem que envelhece tentando se reconciliar com o próprio passado. Agora zelador de uma escola rural, ele revisita suas memórias de juventude — quando, órfão e destemido, se viu lançado entre soldados, cangaceiros e revolucionários, num país em ebulição. Ao longo dessa jornada, cruza o caminho de figuras históricas como Luís Carlos Prestes e o explorador britânico Percy Fawcett, em um enredo que combina realismo histórico, lirismo e crítica social.

“Era eu, a vereda, e dois cadáveres ensanguentados… Morte ao vivo e a cores. Dois tiros bem dados por um padre. E isso era só o começo da aventura.”
— trecho do livro

Organizada em duas linhas temporais, o presente, com o protagonista idoso, e o passado, marcado pela violência e pela descoberta, a trama revisita temas caros à literatura brasileira, como o sertão, a honra e o destino. O autor, admirador confesso de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, constrói uma narrativa densa e cinematográfica, sustentada por diálogos ágeis e descrições que evocam a aridez e a beleza do Nordeste. Kleiton Ferreira explica que a motivação para escrever veio de uma reflexão pessoal sobre paternidade e memória:

“Fiz um exercício de imaginação: como eu seria daqui a 30 anos, quando minha filha, já adulta, sequer me conhecesse. Criei um narrador mentiroso que tenta justificar seus erros — até reconhecer o fracasso humano.”

A pesquisa rigorosa e a linguagem envolvente tornam o livro um retrato vivo de um país em constante reinvenção. Ao mesmo tempo, o romance aponta para dilemas universais — o preço da sobrevivência, a força da mentira e o desejo de redenção.

Um escritor entre a toga e a ficção

Nascido em Arapiraca (AL), Kleiton Ferreira tem uma trajetória marcada pela superação. Antes de se tornar juiz federal, trabalhou como montador de móveis, carteiro e advogado. Sua história inspirou o livro Na última vaga: De montador de móveis a juiz federal (Labrador, 2024).  Nas redes sociais, o magistrado se tornou conhecido por sua postura empática e humanizada nas audiências da Justiça Federal, acumulando mais de 2 milhões de seguidores. Em 2023, lançou o romance A espada da justiça, ambientado no universo jurídico.

Com Crônicas de um mentiroso — Era uma vez no Nordeste…, Kleiton demonstra maturidade literária e se firma como um dos novos nomes da ficção brasileira.

“Primeiro, vem o desejo de se reconciliar — com o passado, com a filha, com a própria história. Depois, a constatação de que mudar é possível. Como dizia Guimarães Rosa: ‘o melhor da vida é que as pessoas podem mudar’.”

Trecho da obra: 

(pág. 77)

“— Ele pode me matar — soltei tenso e indignado.

 — Pode, eu sei — ele respondeu serenamente. — É por isso que a coragem faz um homem ser um homem de verdade, controlando o medo de morrer. Você não quer morrer, mas se consome pela angústia de não poder ajudar. Quer ajudar e naturalmente tem medo, e então procura motivos para ficar inerte, indiferente, lava as mãos, se esconde, vira o rosto, prefere não ver o sofrimento do outro, mesmo sabendo que ele está lá e existe, porque assim mente a si com motivos apenas verossímeis de que não sabia de nada.

 — Tempo demais se passou. O que há de fazer agora? E de mãos limpas? — eu insistia em empecilhos dos mais diversos.

 — Astúcia, Paulo. Astúcia! Coloque-se no lugar do homem.”


FICHA TÉCNICA

Livro: Crônicas de um mentiroso — Era uma vez no Nordeste…

Autor: Kleiton Ferreira

Editora: Labrador

Páginas: 368

ISBN: 978-65-5625-722-8

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