por Taciana Oliveira |
Elas Publicam 2025: um marco de protagonismo e transformação no mercado editorial
O protagonismo feminino no mercado editorial brasileiro ganhou mais um capítulo com a realização da nona edição do Elas Publicam — Encontro de Mulheres do Mercado Editorial, idealizado pela escritora e produtora cultural Lella Malta. O evento reuniu 284 mulheres no mês de outubro, na Casa Thomas Jefferson, em Brasília, reafirmando seu papel como um dos principais espaços de articulação, formação e fortalecimento das mulheres na literatura e na produção cultural do país. Com uma programação diversa, o encontro promoveu palestras, oficinas e debates que discutiram desde políticas públicas de leitura até os desafios do mercado digital, passando por reflexões sobre literatura como resistência e publicação independente. A variedade de temas e perfis das participantes deu ao evento uma dimensão plural e representativa da força criativa feminina no Brasil contemporâneo.
Entre as presenças de destaque estiveram Sevani Matos, presidente da Câmara Brasileira do Livro; Iana Villela, Taylane Cruz, Dia Bárbara Nobre e Karol Lopes, que compartilharam experiências e estratégias sobre a atuação das mulheres na cadeia produtiva do livro. A escritora Fabiane Guimarães também participou do encontro, levando ao público sua trajetória e suas reflexões sobre a interseção entre literatura e audiovisual. Para Lella Malta, o evento é uma rede de transformação e pertencimento:
“Ver 284 mulheres reunidas, trocando ideias e se apoiando, mostra que o protagonismo feminino não é tendência, é realidade. Estamos ocupando nossos espaços com talento, coragem e propósito”, afirmou a idealizadora.
O Elas Publicam 2025 consolida a potência da coletividade feminina na construção de um mercado editorial mais justo, diverso e criativo, um movimento que segue inspirando novas gerações de escritoras, editoras e produtoras culturais.
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| Lella Malta |
1. O “Elas Publicam” chega à sua nona edição reunindo quase 300 mulheres. Como você enxerga a evolução desse projeto desde sua criação e o impacto real que ele tem gerado no mercado editorial?
O Elas Publicam transformou o cenário do mercado editorial ao reunir e dar visibilidade às profissionais da área. Hoje, é o maior encontro do tipo e já se firmou como um dos principais eventos do setor.
2. A cada ano, o evento se torna mais diverso e abrangente, reunindo escritoras, editoras, produtoras culturais e pesquisadoras. Quais foram os principais desafios para consolidar esse espaço de trocas e formação voltado ao protagonismo feminino na literatura?
A maior dificuldade ainda é conseguir incentivo para realizarmos edições fora do eixo Rio–São Paulo. Vale destacar que o Elas Publicam nunca utilizou leis de incentivo nem contou com verba governamental — todo o projeto é feito de forma independente.
3. Nesta edição, temas como políticas públicas de leitura e literatura como resistência ganharam destaque. De que forma essas discussões refletem o cenário atual do mercado editorial brasileiro e o papel das mulheres nele?
Refletem diretamente o atual cenário editorial brasileiro, que ainda enfrenta desafios estruturais de acesso, distribuição e incentivo à formação de leitores. Em um contexto de desigualdade e concentração geográfica da produção cultural, pensar políticas públicas é essencial para garantir diversidade, representatividade e sustentabilidade no setor. A literatura, nesse sentido, torna-se um ato de resistência — um modo de afirmar vozes, memórias e perspectivas que muitas vezes ficam à margem do mercado.
4. Ao afirmar que o protagonismo feminino “não é tendência, é realidade”, você reforça uma ideia de continuidade e transformação. Quais os próximos passos do Elas Publicam para fortalecer ainda mais essa rede de mulheres na cultura e na literatura?
Nosso próximo passo é expandir a atuação do Elas Publicam. Sonhamos em realizar uma edição no Norte do país e fortalecer a presença do projeto em outras regiões. Também queremos desenvolver ações de formação e capacitação voltadas as mulheres em situação de vulnerabilidade social, criando oportunidades reais para que elas possam atuar no mercado do livro e da leitura.
Taciana Oliveira — Natural de Recife–PE, Bacharel em Comunicação Social (Rádio e TV) com Pós-Graduação em Cinema e Linguagem Audiovisual. Roteirista, atua em direção e produção cinematográfica, criadora das revistas digitais Laudelinas e Mirada, e do Selo Editorial Mirada. Dirigiu o documentário “Clarice Lispector — A Descoberta do Mundo”. Publicou Coisa Perdida (Mirada, 2023) livro de poemas.
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