por Letícia Miranda__
Sem título
As formas
emendadas nas cores
se deslocam
permanece o gesto
de uma mulher
centenária
Oceano
Instalada a hipnose
tento descobrir como você entrou nos meus olhos
por isso volto à escrita do desenho, à marca das camadas
ao azul e ao preto e aos furos que não consegui fazer
só encontro o rastro do lápis gorduroso
como num susto tiro as travas, vejo a volúpia da grafia
e teu nome ressurge
A suspensão do amarelo ovo
Meus olhos demoram nas formas, nas linhas, nas fissuras
o tatear impossível
não devora as texturas, nem se dissolve na aspereza
pela rachadura atravesso a superfície
há uma dobra que sustenta a deformidade
os pulmões gastos
do tamanho de uma noz
estão cheios, secos e mortos