Três poemas de Katyuscia Carvalho

 por Katyuscia Carvalho__



    



BIO / GRAFIA

 

Eu que nasci manuscrita a gravetos / grafada na cor urucum que escolhi / contra todas as outras que me empalideciam / sou essa sensibilidade exposta / lambendo a palavra por dentro do fogo / lapidando meu texto na pedra ilegível / em nu tão explícito ilícito e cru

escrevo a ver se renasço selvagem / tornando-me fêmea saída de um grito.

 

 

ILOGÍSTICA

 

 

Que nunca seja tarde acordar

para um lugar

e inabilitá-lo

que nunca seja lógico

desfragmentar-se para caber

numa identidade

mundial

 

CURARE

 

Em contrapunho

à suavidade da pena

sou alguém que escreve

com flecha






Katyuscia Carvalho - nasceu no interior de Pernambuco, com as águas de março de 1977. Graduou-se em Letras. Lecionou intensamente enquanto viveu no Brasil. Emigrou por amor. Tem poemas, traduções e ensaios publicados em revistas literárias de um lado e outro do Atlântico. Participou das antologias «Blasfêmeas: mulheres de palavras», pela Editora Casa Verde; «Porremas», pela Mórula Editorial, e «Liberoamericanas», pela Libero Editorial. Seu primeiro livro de poemas, «Vermelho Rupestre», foi publicado em 2015 pela Editora Patuá, que também está editando o segundo: «De Atlântica Cor». Escreve porque não sabe cantar.