Claro feito dia | Carlos Monteiro

 por Carlos Monteiro__


                                                          
                                                    
                                                           
                                                   
                                                      
                                                     
                                                        
                                                             
                                                            
Fotografias de Carlos Monteiro
                                          
CLARO FEITO DIA

 

 

Era um dia, era claro! É sol, é quase um inverno primaveril. Já chega o dia que abriremos a janela do peito.

Quase meio! O início e, até quem sabe, o fim. O fim da noite, o meio para se chegar ao dia da madrugada sorvida pelo lúmen, o início da atualidade onde não há rastro de cobra, mas rosas hereditárias! Era um rapaz natural viajante.

Era um canto falado dos pássaros que aqui gorjeiam, muito mais maviosos, que acolá!

Ponteio, Capinam, uiva o Lobo, um pé de Edu que frutificou.

O Rio amanheceu, leve, louco, livre, live, love; exagerado talvez... o cara, um grande Circo Místico. Cheio de quimeras, assumindo pecados daquele bandido coração, velho e amarelado postal de amor, que os ventos do Norte trouxeram. Havia um certo ar de utopia expulsando toda distopia.

Alvoreceu pintura, porque o tempo não para o sétimo céu de Santo Antônio. E se eu pudesse entrar na sua vida, Bruxinha do trem azul, filha de Cataguá?  Será que é de éter. Será que é cenário? É hoje, é solário. Helius. Hélio, filho do titã Hiperião e a titânida Téa.

E o sol; se ela mora num arranha-céu? Se equilibra por entre as paredes, tijolo por tijolo, forma um desenho com sol de primavera, ao mesmo tempo lógico porque sempre foi mágico.

O Sol tem alma feminina, o chamo Beatriz. Beatus, Beatrice, Beare. Representa α em seu nome.

Phoibos.

Éos, divindade, Eros. Será que é uma estrela, será bruxaria? E se eu pudesse entrar na sua vida...

Será que é Chico Buarque? Será Edu Lobo? Será que é comemoração? Viva Edu, uiva o Lobo Neerlandês.

Um trem caipira, Villas, Gullares, cores caetaneadas, preto-azulado, rosa-doirado, amarelo-orvalhado, auriverde-molhado.

É dia, eu já escuto os teus sinais.

É a bruma leve.

Zéfiro em lufadas, límpido páramo.

Solidários,

Serenos,

Sagrados,

Seremos Rio,

Seremos o mundo,

Sou Minas Gerais.

 

 

Carlos Monteiro é fotógrafo, cronista e publicitário desde 1975, tendo trabalhado em alguns dos principais veículos nacionais. Atualmente escreve ‘Fotocrônicas’, misto de ensaio fotográfico e crônicas do cotidiano e vem realizando resenhas fotográficas do efêmero das cidades. Atua como freelancer para diversos veículos nacionais. Tem três fotolivros retratando a Cidade Maravilhosa.