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 por Dias Campos___

                                          

         
Foto de Abhidev Vaishnav na Unsplash
                                                               

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Foto: Quin Stevenson

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Machado de Assis

 

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Foto: Mikhail Vasilyvev



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Foto: Jonatas Domingo


 

por Dias Campos__

Fotografia: Scott Grubber

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Foto: Tai's Captures



                                                                                                                 Zadig



            Ontem tive que enfrentar uma situação muito arriscada.


Mas ao contrário do que se poderia imaginar, ela não ocorreu porque me esqueci de colocar a máscara quando fui ao supermercado, porque não passei álcool gel durante o período em que estive fora, ou porque fui obrigado, pelas circunstâncias, a enfrentar um ambiente aglomerado.


As minhas costeletas volumosas aliadas ao confinamento que nos foi imposto é que foram as causas de tamanho risco.


É compreensível, leitor amigo, que você tenha enrugado a testa.


O desenrolar desta crônica, todavia, fará com que você compreenda aquela afirmação.


            Éramos recém-casados. No apartamento faltavam ainda alguns móveis e globos nas luminárias. E como os nossos salários não admitiam esbanjamentos, por um bom tempo as únicas quatro cadeiras revezaram-se entre as salas de jantar e de estar, e as lâmpadas de 60 W irradiaram mais luz do que deveriam.


Filhos? Não passavam de hipóteses remotas.


            Mas vivíamos muito felizes, como era de se esperar.


            É claro que os gostos e os hábitos trazidos da vida de solteiro tiveram que sofrer as naturais adaptações.


Assim, se antes o guarda-roupa era só meu, depois de casado tive que abrir mão de (várias) gavetas; se antes eu usava a mesma faca para passar no pão o requeijão e a geleia, depois de trocadas as alianças tive que me acostumar com uma faca para cada pote. E por aí vai. – Aproveito a oportunidade para protestar, pois até hoje reivindico pelo menos mais um gaveta!


Só que existem certas práticas que são impossíveis de serem alteradas.


Por isso, mesmo indo morar em bairro distante de onde vivia, não deixei de ir ao barbeiro que frequento há mais de trinta anos.


Não vou negar que, por causa da distância, cheguei a pensar em procurar outro barbeiro. Até porque, há os que cobram menos, os que são mais rápidos, e os que servem desde cafezinho até champanhe (desde que pague).


Esse pensamento jamais se concretizou, pois como nunca mudei o penteado, nem preciso dizer a ele o que quero. É só me sentar, pôr os assuntos em dia, e aguardar o resultado, que sempre me agradou.


Certo dia, porém, um presente que ganhei foi suficiente para que outras mãos substituíssem as do meu barbeiro.


 Minha mãe acabara de chegar de viagem do exterior. Ao passar pelo free shop, viu um cortador de cabelo recarregável, e se lembrou deste cronista.


O presente vinha bem a calhar, pois o momento por que passávamos pedia que apertássemos um pouco os cintos.


Por conta disso, perguntei para minha esposa se ela toparia dar uma de barbeiro.


Essa ideia a deixou um pouco receosa. Afinal, ela nunca manejara tal engenhoca.


Mas como enfatizei que faríamos uma boa economia, o receio se foi, e ela aceitou o desafio.


Sentei, então, de costas, inclinei a cabeça, e pedi para que começasse a aparar de baixo para cima, como sempre fez o meu barbeiro.


Ocorre que a maquininha tinha mais beleza do que potência, pois longe estava de ser um cortador profissional.


Apesar desse mero detalhe, insisti para que prosseguisse.


Entretanto, o aparelho não deslizava como supunha, o que obrigava minha esposa a aumentar a pressão contra a minha cabeça.


E de pressão em pressão, o terreno foi sendo vencido.


Devido à falta de prática, que impunha lentidão no cortar, as baterias logo gastaram, e o cortador perdeu a serventia.


E a experiência teve que ser suspensa.


Só que uma área razoável já tinha sido cortada. Nada mais natural, portanto, que quisesse conferir o seu trabalho; mesmo que, para isto, tivesse que me contorcer na frente do espelho.


Quando me virei para falar com minha esposa, notei que seu semblante não refletia a felicidade dos que se sentem orgulhosos.


E gelei!...


Levantei e fui ao espelho. E o que consegui identificar foi de partir o coração...


Eram degraus! Sim, o que minha esposa conseguiu foi esculpir vários degraus na parte de trás da minha cabeça!


Em um primeiro momento, meus olhos se arregalaram, e minha voz simplesmente sumiu.


Em seguida, levei a mão direita até aquela escada, na intenção de comprovar com o tato aquilo que minha visão já tinha constatado.


Com o passar dos segundos, contudo, meus olhos retornaram às órbitas, e minha voz reapareceu; se bem que ainda trêmula.


Minha esposa até quis se explicar.


Não precisou. Deixei claro que ninguém tinha culpa.


E o que se há de fazer quando nada mais pode ser feito? Chorar ou rir.


E preferimos a segunda opção.


Mas o estrago aí estava, e precisava ser contornado.


Pois tomei coragem, retornei ao meu barbeiro, e dei uma desculpa tão esfarrapada que nem um tolo acreditaria.


É claro que ele, experiente que só, em nenhum momento acreditou na minha justificativa; tanto que percebi a sutileza com que levantou o canto esquerdo da boca.


Mesmo assim, arrumou o quanto pôde.


E o que tudo isso teve a ver com o que afirmei no início deste texto?


Ora, por força da quarentena, todos sabemos que só deveremos sair de casa por motivos imperiosos – os ligados às atividades essenciais.


E pelo que sei, cortar cabelo não faz parte desse rol.


Daí que, não apenas o meu cabelo já estava para lá de comprido, como, também, faltava muito pouco para que as minhas costeletas fossem confundidas com suíças.


Pois adivinha, amigo leitor, qual foi a situação arriscada que tive que encarar ontem? Sabedora de que fico bastante incomodado quando as costeletas se avolumam, minha esposa se ofereceu para apará-las.


E gelei mais uma vez!...


            Não obstante o tremendo arrepio, o jeito foi aceitar que ela se aventurasse de novo. Só que desta vez, manuseando uma tesoura para unhas, pois me livrei daquele cortador tão logo surgiu ocasião.


            Depois de alguns minutos, e de muita tensão, o saldo até que foi satisfatório. – Ufa!


            De outra parte, tudo indica que a vacina contra a covid-19 demorará, em que pese já divisarmos luz no fim do túnel.


Por consequência, o isolamento social provavelmente será mantido, mesmo que flexibilizado.


Disso resulta que a barbearia, que já estava com as portas fechadas, talvez nunca mais reabra. – espero esteja enganado!


Seja como for, o meu cabelo continuará a crescer.


            Diante desse quadro, prevejo mais um risco, e por certo muitíssimo maior que o anterior: E se minha esposa ficar empolgada com o sucesso obtido com as costeletas e decidir estender o seu pequeno triunfo?


Bem, se isso acontecer, de duas, uma: Ou submeterei a minha basta cabeleira à sua tesourinha, ou terei que me acostumar a ir dormir no sofá. – Conhecendo-a como a conheço, não há uma terceira hipótese.


No entanto, por medida de precaução, antecipo que preces envolverão cada uma de suas tesouradas. É que seria terrível descobrir ao final uma escadaria serpenteando minha cabeça.





Dias Campos, paulistano da gema, é romancista, contista e cronista. Entre outros títulos, destacam-se o de Embaixador da Paz, pela Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos - OMDDH, o de Embaixador da Literatura, pela Corte Brasileira de Letras, Artes e Ciência - COBLAC, o de Ambassadeur Honneur et Reconnaissance aux Femmes et Hommes de Valeur, pela Luminescence Académie Française des Arts, Lettres et Culture-Literarte, e o de Embajador de la Palabra, pela Asociación de Amigos del Museo de la Palabra. É vencedor de muitos Prêmios Literários, membro de diversas Academias Literárias e Colunista e Colaborador de várias Revistas, Jornais e Blogs Literários.


por Dias Campos__


Street art: Banksy

por Dias Campos__ 

 



Solen Feyissa

 

por Dias Campos__

Fotografia:Zyan BMO


 por Dias Campos__

 

Enterro, Candido Portinari

E não é que, conforme escreveu Platão (Protágoras), o objeto deste Concurso Literário foi uma das enviadas por Zeus à Terra, quando o senhor do Olimpo compadeceu-se do caos em que viviam os mortais, após terem recebido o fogo que Prometeu roubara de Hefesto?

É que, muito antes de Ulisses ter saqueado a sua primeira cidade, Pudor, a divindade que representa a dignidade humana, e Dice, a deusa da Justiça, tiveram que baixar a este vale de lágrimas a fim de pelejarem pela nossa educação.

            Em outras palavras, nas do Detentor da Égide, aqueles valores supremos devem ser distribuídos aos homens igualmente, “pois as cidades não poderão subsistir, se o pudor e a justiça forem privilégio de poucos”.

            Nesse sentido, eu pergunto: Sendo esse valor universal, qual a porcentagem de seres humanos que podem afirmar verem a sua dignidade respeitada?

            O conjunto é amplo demais? Não tem problema. Vou reduzi-lo

Que tal?... o nosso amado Brasil? Pois bem, refaço a pergunta: Quantos de nós, brasileiros, podemos afirmar vermos realmente respeitada a nossa integridade?

Pois é, amigo leitor, não basta termos erigido a dignidade humana a núcleo essencial dos direitos fundamentais, como quis a nossa Constituição Federal de 1988, pois, como bem vaticinou Camilo Castelo Branco, “A dignidade, quando a paixão lhe sái do rosto, agacha-se, e deixa-se sovar aos pés,...”

Só que eu não quero ver sovada a minha dignidade; nem a dos meus irmãos em Humanidade!

Daí que conclamo o povo brasileiro a nos imbuirmos da paixão a que se referiu o poeta, a fim de lutarmos, cada qual no meio em que melhor atua, para que a dignidade humana seja estendida para todo o território nacional; e deste, para o mundo inteiro!

Eu lutarei por meio da literatura.

E você, leitor amigo, de que modo nos ajudará?


 


Dias Campos
- Destaque Literário 2020, concedido pela Mágico de Oz; Embaixador da Literatura, título concedido pela Corte Brasileira de Letras, Artes e Ciências-COBLAC, 2020; Ambassadeur Honneur et Reconnaissance aux Femmes et Hommes de Valeur, título concedido pelas Luminescence Académie Française des Arts, Lettres et Culture – Literarte, 2020; Destaque Cultural 2019; Destaque Social 2019; Embaixador da Paz; e Comendador da Justiça de Paz, com a Comenda Internacional Diplomata Ruy Barbosa “O Água de Haia”, os quatro títulos conferidos pela Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos – OMDDH, 2020; Prêmio Internet Coblac – Corte Brasileira de Letras, Artes e Ciências, 2020; Destaque Literário no 32º (2020) e no 28º (2018) Concurso Literário de Poesias, Contos e Crônicas, promovido pela Academia Internacional de Artes, Ciências e Letras a Palavra do Século 21 – ALPAS – 21; ganhador do Troféu Destaque na 7ª Edição do Sarau Musical Cultural, 2019; Menção Honrosa no Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes – 2019; Selo Destaque do mês de agosto, conferido pelo site Vozes da Imaginação, 2017; autor do romance A promessa e a fantasia (Promise and fantasy), ambas as versões em Amazon.com.br, 2015; “Embajador de la Palabra”, título concedido pela Asociación de Amigos del Museo de la Palabra, 2014; 2010; autor do romance As vidas do chanceler de ferro, Lisboa: Chiado Editora; Colunista do Jornal ROL; do (atual) site Cultura & Cidadania; do Portal Show Vip; e do (atual) portal Pense! Numa notícia; autor de diversos textos literários; autor e coautor de livros e artigos jurídicos.

           

 

por Dias Campos__

 

Ilustração: Jr Korpa

            Conversava, há pouco, com um amigo ao telefone. A certa altura, perguntei se ele teria alguma dica que me ajudasse a dormir, pois tive insônia na noite anterior e queria garantir uma noite revigorante.

Ele respondeu que bastava ir de carona com a sogra ao supermercado.

Eu ri, mas insisti no pedido.

E ele teimou na resposta; e pediu que prestasse atenção.

Esta indicação, faço questão de compartilhar com você, amigo leitor, sobretudo nestes tempos de confinamento, em que rir é o melhor dos medicamentos.

            Em um determinado sábado, sua sogra teve a ideia de ir visitá-lo pela manhã. Na realidade, o que ela pretendia era rever a filha e o neto, e pedir para que ele a levasse ao supermercado, quando, então, faria dele o seu carregador.

            Antes de responder, meu amigo resolveu consultar sua esposa com um simples golpe de vista.

            Mas como ela permanecia de braços cruzados, sobrancelhas levantadas, e com a cabeça levemente inclinada para frente, alternativa não teve senão a de aceitar o pedido, buscando encobrir o sorriso amarelo.

No entanto, como não digerisse o terrível ônus de mão beijada, aproveitou a oportunidade para economizar combustível, justificando que teriam que ir com o carro dela, pois o seu estava mais sujo que um utilitário recém-saído de um rali.

Partiram logo depois do almoço. Ele foi no assento do carona, pois sua sogra jamais admitiria que dirigisse a sua preciosidade.

Só que sua sogra nunca foi uma condutora exemplar. Daí que toda vez que ela cometia uma barbeiragem, além de ter que engolir as frases solidárias que vinham dos outros motoristas, ela ainda teve que aguentar os seus olhares que, vindos de esguelha e acompanhados de um levíssimo sorriso, incomodavam bem mais do que o linguajar alheio.

Por óbvio que a alegria se manteve durante as compras, pois sua sogra se esforçava para agir como se nada tivesse acontecido, e ele se desdobrava para não rir a cada vez que trocavam palavras.

O retorno não foi menos monótono que prazeroso.

Sua sogra se despediu em torno das dezenove horas. E se você acha que ela saiu muito tarde, bem mais tarde teria saído se tivesse ficado para o jantar!

Quando foi para a cama, ensaiou relatar para a esposa todas as imprudências, imperícias e violações que sua mãe tinha cometido, sobretudo as que foram registradas pelas câmeras do CET.

No entanto, como sua esposa estava exausta, e morrendo de sono, o jeito foi deixar o relato para o dia seguinte.

Mas como o sono não vinha, resolveu refazer mentalmente a ida e a volta até o supermercado.

E a cada vez que se lembrava dos votos de felicidade que sua sogra recebia dos outros condutores, que calculava os pontos que acumularia na carteira de motorista, e que estimava o valor que teria que desembolsar para pagar as multas de trânsito, mais sorridente ficava, mais seu corpo relaxava, e mais sua alma se preparava para uma noite de belos sonhos.

Daí foi só virar de lado, e dormir o sono dos justos.

Depois de rirmos, eu agradeci a sugestão, mas dela declinei, pois além de gostar muito da minha sogra, era obrigado a confessar que ela dirigia muito melhor do que eu. O jeito seria apelar para os barbitúricos, caso a insônia retornasse.

Aconselhou, então, que usasse esses venenos só em último caso, pois sempre ouviu dizer que diminuíam o tempo de vida.

Sendo assim, ouso abusar da sua paciência, leitor amigo, e peço uma indicação. Por acaso você sabe de alguma mezinha que me ajude a dormir?

 


Dias Campos - Destaque Literário 2020, concedido pela Mágico de Oz; Embaixador da Literatura, título concedido pela Corte Brasileira de Letras, Artes e Ciências - COBLAC, 2020; Ambassadeur Honneur et Reconnaissance aux Femmes et Hommes de Valeur, título concedido pelas Luminescence Académie Française des Arts, Lettres et Culture – Literarte, 2020; Destaque Cultural 2019; Destaque Social 2019; Embaixador da Paz; e Comendador da Justiça de Paz, com a Comenda Internacional Diplomata Ruy Barbosa “O Água de Haia”, os quatro títulos conferidos pela Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos – OMDDH, 2020; Prêmio Internet Coblac – Corte Brasileira de Letras, Artes e Ciências, 2020; Destaque Literário no 32º (2020) e no 28º (2018) Concurso Literário de Poesias, Contos e Crônicas, promovido pela Academia Internacional de Artes, Ciências e Letras a Palavra do Século 21 – ALPAS – 21; ganhador do Troféu Destaque na 7ª Edição do Sarau Musical Cultural, 2019; Menção Honrosa no Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes – 2019; Selo Destaque do mês de agosto, conferido pelo site Vozes da Imaginação, 2017; autor do romance A promessa e a fantasia (Promise and fantasy), ambas as versões em Amazon.com.br, 2015; “Embajador de la Palabra”, título concedido pela Asociación de Amigos del Museo de la Palabra, 2014; 2010; autor do romance As vidas do chanceler de ferro, Lisboa: Chiado Editora; Colunista do Jornal ROL; do (atual) site Cultura & Cidadania; do Portal Show Vip; e do (atual) portal Pense! Numa notícia; autor de diversos textos literários; autor e coautor de livros e artigos jurídicos.


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